A Sucessão Apostólica e os Sacramentos – Por Vitor Manuel Adrião Sábado, Ago 21 2010 

Fala-se hoje, com ênfase, que o Catolicismo está praticamente morto psicossocialmente e assim haverá de desaparecer para dar lugar ao “Cristianismo Esotérico”. Esta teoria, de todo errada, provém de certas seitas auto-intituladas «rosacrucianas» que vêm a dedicar-se à propaganda de um evangelismo protestante muito bem «embrulhado» numa amálgama esdrúxula de excertos teosóficos, os quais, direi de passagem, parecem-me completamente incompreendidos e assim absolutamente mal enquadrados no contexto geral do tema.

E errada por quê? Pois bem, analise-se.

1.º – Essas seitas pseudo-«rosacrucianas» se fossem realmente Rosacrucianas, seriam as primeiras a saber que a verdadeira Ordem Rosa+Cruz, até ao meado do século XVII e como descendente directa da Ordem dos Monges-Construtores medievais, era um Grau Operativo de Iniciados católicos ocultados no seio da própria Igreja, mesmo com esta pouco sabendo da presença dos mesmos nela, e tudo desconhecendo sobre a sua acção psicossocial dirigida a toda o universo humano a partir do mesmo meio eclesial. Tais Cristãos “esoteristas”, diz a Tradição, quando viram o seu plano de reforma moral e social da Europa ser gorado pelo exacerbado Dominicanismo que descambou no Luteranismo (Martinho Lutero era dominicano), recolheram-se ao Oriente, diz-se ao Tibete profundo. O facto é que a partir do século XVII recrudesce a presença cristã no Extremo Oriente, mormente no Tibete com o Padre Estêvão Cacela, jesuíta português, de quem as crónicas falam da sua visita a… Shamballah.

2.º – Católico, do grego cattôllikòs, significa “universal, universalista”. Não há dois Cristianismos! Há, sim, duas maneiras diferentes de encarar o Cristianismo, conformadas à apetência pessoal e respectiva evolução interior, mental, do professante: seja só pela exclusiva visão imediata da “letra” das Escrituras (exotérica), seja pelo entendimento aprofundado das “letras” ocultando o “espírito” das mesmas Escrituras (esotérico). Ora, tanto uma como outra compreensões do Cristianismo andam “pari-passu”, e por isso a Igreja possui o seu aspecto exotérico (público, desvelado) e possui o aspecto esotérico (privado, velado), adoptado e propagado na Idade Média por várias Ordens Cristãs de carácter nitidamente gnóstico ou teosófico, como foi o caso dos citados Monges-Construtores, e até mesmo de vasta parcela dos Templários e finalmente dos Rosa+Cruzes (séculos XIV-XVII).

3.º – O Catolicismo (onde indistingo tanto o Oriental como o Ocidental por ser um só) possui uma poderosa Egrégora ou “Alma Sinergética Colectiva” perpetuada ao presente através dos Sacramentos confirmados pela Sucessão Apostólica, isto independentemente da mais ou menos valia do esoterismo ou do exoterismo, pois que se deve exclusivamente à passagem confirmada do mando espiritual da Igreja. A Confirmação Apostólica manifesta-se através das Celebrações Eucarísticas ou as Missas que lhe são afins, dando vida e força acrescentada aos Sacramentos. Nisto, as seitas dissidentes da Religião Católica perdem completamente, pelo facto de não possuírem esse mesmo Poder Sinergético, pelo que não passam de seitas ou “fragmentos” sectários, independentemente do mais ou menos carisma que possuam junto do povo mas não junto da Cristandade como é ela.

A Sucessão Apostólica iniciou-se com o Apóstolo São Pedro, eleito e confirmado pelo próprio Jesus Cristo, e estruturou-se com os primitivos Padres Apostólicos, discípulos directos dos 12 Apóstolos. De então para cá, a Igreja (Romana e Bizantina) discorre numa linhagem eclesiástica oriunda de Pedro, Petrus ou Petra, a “Pedra Angular” da Casa do Senhor, 1.º Bispo de Roma, o que lhe confirma a legitimidade tradicional do Apostolado.

No Oriente bizantino o chefe supremo é o Patriarca, de hierarquia equivalente às funções do antigo Hierofante. No Ocidente romano o sumo pontífice é o Papa, o “grande pai” espiritual dos católicos, título honorífico tardio (séculos IV-V) criado para se distinguir do bispo comum, função e nome vulgarizados nos séculos III-IV por Santo Atanázio e outros Padres Apostólicos. Este termo bispo provém do hebraico barishid, sendo transposto para o greco-latino basileus, ou seja, o hierofante como o “chefe dos sacerdotes”, padres ou popes, “pais” (espirituais) dos que exercem canónica e legitimamente o ritual do sacrifício santo, devidamente pré-consagrados no Magistério (Padre) e Instrução (Pastor) das Sagradas Escrituras.

A Igreja Católica celebra sete Sacramentos, que são: Baptismo, Confirmação (ou Crisma), Eucaristia, Reconciliação (ou Penitência), Unção dos enfermos, Ordem e Matrimónio. Segundo São Tomás de Aquino, “todos os Sacramentos estão ordenados para a Eucaristia, como para o seu fim”. Na Eucaristia renova-se o Mistério Pascal de Cristo, actualizando e renovando assim a salvação espiritual da Humanidade cristã, segundo o Compêndio do Catecismo da Igreja Católica.

O sacramento católico é um acto ritual destinado aos fiéis, para receberem a Graça de Deus, e destinado também a conferir sacralidade a certos momentos e situações da vida cristã. Segundo o mesmo Compêndio do Catecismo da Igreja, eles foram instituídos por Jesus Cristo como “sinais sensíveis e eficazes da Graça (…) mediante os quais nos é concedida a Vida Divina” ou Salvação. Através desses sinais ou gestos divinos, “Cristo age e comunica a Graça, independentemente da santidade pessoal do ministro”, embora “os frutos dos Sacramentos dependam também das disposições de quem os recebe”.

É assim que os sete Sacramentos marcam as várias fases importantes da vida cristã do crente, podendo ser repartidos em três categorias:

a) Sacramentos da iniciação cristã (Baptismo, Confirmação e Eucaristia) que “lançam os alicerces da vida cristã: os fiéis, renascidos pelo Baptismo, são fortalecidos pela Confirmação e alimentados pela Eucaristia”;

b) Sacramentos da cura (Penitência e Unção dos enfermos);

c) Sacramentos ao serviço da comunhão e da missão (Ordem e Matrimónio).

Estes Sacramentos podem ser agrupados em apenas duas categorias:

1.ª) Os que imprimem permanentemente carácter e deixam uma marca indelével em quem os recebe, e que por isso só podem ser ministrados uma vez a cada crente, sendo eles o Baptismo, o Crisma, o Matrimónio e a Ordem;

2.ª) Os que podem ser reiteradamente.

Os Sacramentos são então gestos de Deus na vida de cada crente, expressando-se simbólica, humana e espiritualmente, por conseguinte, eles são considerados:

1) Sinais sagrados, porque exprimem uma realidade sagrada, espiritual;

2) Sinais eficazes, porque além de simbolizarem um certo efeito, produzem-no realmente;

3) Sinais da Graça, porque transmitem os diversos Dons da Graça Divina;

4) Sinais da Fé, não somente porque supõem a Fé em que os recebe, mas porque nutrem, robustecem e exprimem a sua fé.

De maneira que a legitimidade e consequente poder espiritual da Igreja manifesta-se pela ordem seguinte:

CRISTO → PEDRO → SUCESSÃO APOSTÓLICA.

CONFIRMAÇÃO APOSTÓLICA → CELEBRAÇÕES → SACRAMENTOS.

É o Espírito Santo, o Terceiro Logos Criador do Mundo, quem assiste ao ministério dos Sacramentos, que faz a sua efusão ao sacerdote canonicamente ordenado ou conforme a ORDEM e a REGRA. Representando ao Divino, o seu ministro prepara a assembleia para a recepção dos Sacramentos por meio da Palavra de Deus (Segundo Logos Criador do Universo) e da Fé que acolhe a Palavra ou Verbo nos corações bem-dispostos. De maneira que os Sacramentos fortalecem e exprimem a Fé em Deus Pai (Primeiro Logos Criador do Filho e do Espírito Santo nos quais é UM, ou a Essência Única dos Mesmos). O fruto da vida sacramental é ao mesmo tempo pessoal e eclesial. Por um lado, este fruto é para cada crente um vida para Deus em Cristo; por outro, é para a Igreja o seu contínuo crescimento na Caridade ou Amor e na sua missão de testemunho.

Esse último parágrafo traz-me de imediato à memória o facto das «curas milagrosas» operadas por Obra e Graça do Espírito Santo em certas seitas carismáticas assim mesmo à margem da Sucessão e Confirmação Apostólicas. Primando pela quantidade do séquito, tal é muito natural porque no mundo profano ninguém dá ou segue coisa alguma se não tive um lucro, uma compensação imediata. Jurando curar todos os males da alma e do corpo, principalmente os financeiros, acontecem nesses meios verdadeiros prodígios que ofuscam a razão e lucidez até das mentes mais formadas, porque, aqui sim, «o mundo místico acaba sempre sendo o da lógica da irracionalidade». Gente neurasténica, esquizofrénica, histérica e hipocondríaca, portanto, psico-fisicamente débil, encontra na egrégora criada pelo espectáculo «religioso» o atenuamento emocional das suas pressões interiores, o que é uma catarse colectiva muito semelhante ao fenómeno psicológico igualmente colectivo dos festejos do carnaval.

Verdade seja dita que as curas psicossomáticas de maneira alguma se devem ao Espírito Santo, mas às próprias pessoas que, levadas pela auto-mesmerização inflamada pela efervescência emocional do colectivo exaltado, encontram na catarse a cura ou alívio temporário dos seus males. Com efeito, toda a cura psíquica é temporária, portanto, sendo mais alívio que propriamente cura, e ela só durará enquanto houver ligação anímica ao ambiente «curador». Rompidos os laços, o mal poderá voltar a manifestar-se e com mais intensa gravidade, por causa do acúmulo de energias enfermas no corpo mental que até então o emocional ou astral barrou, não permitindo a cura integral, pois que a mesma envolve esforço pessoal que no caso se prescinde, pagando a outros para isso e assim ficando na ignorância da crença, das aparências e só.

A imposição das mãos, na Missa do Espírito Santo, pelos sacerdotes católicos, é legitimada pela Sucessão e Confirmação Apostólicas, o que os legitima como veículos credenciados do Espírito Santo, ou melhor, do Reservatório Espiritual do Cristo, cuja Energia de Vida fluem sobre os afligidos, já antes doutrinados a sobretudo procurarem em si o que impossivelmente encontrarão fora, como Jesus Cristo ministrou (“O Reino dos Céus está em vós”), pois em contrário não passará dum culto psíquico da personalidade pela personalidade. Por isso é dever do verdadeiro sacerdote ante o crente, primeiro doutrinar-lhe a mente na Sabedoria para que se abra emocionalmente ao Amor de Cristo, a fim da cura espiritual ser humanamente possível, facto confirmado pela imposição magnética ou mesmérica das mãos.

A verdadeira cura é a mental como expressão directa do Espiritual, é a que provém do próprio Deus Espírito Santo, o Consolador na criatura humana receptiva à Sua influência Divina que desce até ao corpo físico, após atravessar, purificar, curar a alma, onde a moléstia tem a sua origem psicomental.

Posto tudo, posso rematar não existir nem “Cristianismo Esotérico” nem “Cristianismo Popular”, mas tão-só duas modalidades diferentes de encarar uma mesma realidade, não subsistindo uma sem a outra, isto que vem justificar o facto de não raro alguns Iniciados verdadeiros terem pertencido a uma religião tradicional ao mesmo tempo que postulavam numa Ordem Iniciática.

Quanto muito, devido à estagnação espiritual da Igreja por ter ficado despossuída daqueles que a poderiam levar a uma compreensão e vivência superior do Cristianismo, o que implicaria elevar-se do catecismo popular à teologia universal, ela pode auto-inactivar-se pela perda da compreensão íntima e consciência sacramental, gradualmente falindo até desaparecer pela sucessão de uma Nova Igreja, a da Religião-Sabedoria. Ao que se vê hoje em dia, com a crise acentuada de vocação sacerdotal e o esvaziamento das assembleias, parece ser isso mesmo que está acontecendo.

Como disse, a Sucessão Apostólica vem desde Pedro e Paulo através dos Padres Apostólicos que foram os primitivos dirigentes da Igreja, investidos pelos próprios Apóstolos de Cristo. É a indispensável passagem substancial ao cada vez maior poder eclesial, grau a grau ao par da respectiva dilatação da consciência do confirmado, e é assim que um bispo detém maiores poderes que um padre, e este muitos mais que um diácono.

O Cristianismo possuía originalmente sete graus hierárquicos, dos quais somente três eram do domínio comum ou popular. Os três graus inferiores constituíam respectivamente os Ouvintes, os Companheiros e os Fiéis, e os quatro graus superiores eram formados pelos Sacerdotes investidos pela Graça e Poder do Espírito Santo.

O Clero ordenava-se hierarquicamente nesses sete graus canónicos relacionados com as Cartas Paulistas às Sete Igrejas do Apocalipse (ou “Revelação Secreta”). O cristão comum alcançava no máximo o terceiro grau (Fiel). Daí para diante distanciava-se do povo e vivência comum ou ordinária e vinha a tornar-se, após contracção de votos perpétuos, um dos condutores ou pastores espirituais do mesmo povo. Esses quatros graus superiores eram os de Subdiácono, Diácono, Sacerdote e Bispo ou Vigilante.

A constituição da hierarquia eclesiástica não deixou de ser uma corruptela da hierarquia original da Ordem do Santo Graal, refundada por Jesus Cristo e que era a mesmíssima Igreja de Melkitsedek ou Grande Fraternidade Branca exteriorizada sobre a Terra por esse Divino Avatara do Ciclo de Peixes, destinada a consolidar a Sinarquia Universal tomando Roma por centro do Mundo conhecido.

Com efeito, no ano zero da nossa Era deu-se a manifestação do Espírito de Verdade através da Missão do Quinto Bodhisattva ou Deus de Compaixão, conhecido como Jesus o Cristo. Naquela época Roma dominava e avassalava os povos da Terra, estendendo os seus domínios até ao Médio Oriente onde, na Galileia, nascera o Menino-Deus envolto nos Mistérios da Igreja de Melkitsedek, o Rei do Mundo. Na realidade, foram dois os Seres surgidos com a Missão de restaurar o Império Sinárquico iniciado por Ram na face da Terra. Ambos descendiam genealogicamente do rei David: um seria o Príncipe da Linha de Salomão até José (segundo São Mateus), o Rei de Israel, Senhor da Espada, Imperador detendo o Poder Temporal do Governo Político do Mundo – Jesus ou, no original, Jeoshua Ben Pandira, outro seria o Príncipe da Linha de Nathan até José (segundo São Lucas), o Messias de Israel, o Senhor do Báculo, Pontífice Eterno de Melkitsedek – Cristo o próprio Avatara Universal veiculando a consciência e forma humana de Jesus.

Vêem-se aí mais uma vez em evidência aqueles dois Poderes. O objectivo era fazer de Roma o Centro do Império Sinárquico (Poder Temporal) e formar o Sistema Geográfico da Palestina (Autoridade Espiritual), constituído pelas Sete Igrejas do Oriente assinaladas nas Epístolas de São Paulo. Seria, portanto, restabelecida na face da Terra a Ordem de Melkitsedek, com o Rei trazendo sobre a cabeça a suprema coroa imperial, e o Pontífice trazendo sobre a fronte o triregnum ou a tríplice tiara pontifical, como Sacerdote do Eterno, realizando juntos a Concórdia Universal ou o Governo Sinárquico do Mundo.

Triregnum

Infelizmente aquele plano traçado antecipadamente com o nome de “Missão Roma”, não se realizou, devido à crucificação criminosa, sob pretexto político, do que deveria ser o legítimo Rei de Israel, descendente directo de David e Salomão, Jeoshua Ben Pandira, deixando assim de haver condições físicas para se manter sobre a Terra o Avatara do Cristo Universal, forçado a volver aos Mundos Interiores do Globo. Logo a Augusta Ordem do Santo Graal também se interiorizou, no sentido de intervenção directa sobre a Humanidade, passando os seus preclaros membros à clandestinidade e só restando no Mundo o seu resquício kármico que sobreviveu à tragédia do Gólgota graças aos posteriores e contínuos pactos políticos e sedução religiosa dos césares: a própria Igreja de Roma.

João de Patmos, o Evangelista, e Saulo ou Paulo de Tarso ainda quiseram prosseguir os propósitos originais de Jesus o Cristo, mas havia se ido o Espírito… era tarde demais. As próprias Colunas Vivas de Jesus, Nicodemus e José de Arimateia, igualmente haviam se afastado… para o Ocidente, na direcção de SINTRA, o Quinto Centro Biovital do Mundo, acompanhando por cima a marcha subterrânea do Cristo.

Ainda sobre o binómio Autoridade – Poder, são aspectos de uma expressão única ou derivados da mesma Causa que inclusive originou o conceito de Templo com as suas duas Colunas, ou do Ser Central (Andrógino) e seus dois Ministros, cuja expressão máxima encontra-se no Rei do Mundo e seus dois Assessores como “desdobramentos” Dele mesmo: o Brahmatmã e Mahima e Mahanga, conhecidos nas escrituras judaico-cristãs como Melki-Tsedek e Kohen-Tsedek e Adonai-Tsedek.

Melkitsedek é, enfim, o Manu Primordial permanente, Chakravarti ou o Planetário da Ronda, ora manifestando-se com os dois Poderes juntos (Brahmatmã), ora agindo com Justiça (Mahanga), ou, por outra, como a Fala da Sabedoria, a Voz do Anjo da Palavra (Mahima), etc. Por sua vez, os chefes políticos das nações do mundo inteiro assim como os líderes religiosos, representantes das expressões humanas e espirituais dos povos, deveriam realmente ser sub-aspectos de Melkitsedek, na complementação da sua mais que excelsa Missão. Quando há divergência entre estes dois Poderes, há o desequilíbrio, a desordem, conflitos de toda a espécie, por não mais poderem orientar a evolução sócio-espiritual dos seres. E o resultado de tudo isso é o consequente desvio da Humanidade de Dharma (a Lei Justa e Perfeita) e a imediata queda em Adharma (o contrário daquela) e em Avidya (ignorância das coisas divinas): este é o retrato fiel do mundo actual, que a Igreja de Roma deveria contrariar devolvendo à sua catequese o significado verdadeiro das duas chaves de Pedro, ou seja, as chaves das leis universais do Karma e Reencarnação, assim levando os seus crentes a terem uma responsabilização verdadeiramente universal dos seus actos presentes decisivos do seu futuro.

Indo às causas ocultas, originais, só assim se podendo compreender o seu fundamento e razão, volte-se à hierarquia eclesiástica e a sua relação (se ainda existe…) com o “Reservatório Espiritual do Bodhisattva”, o Cristo Universal de quem Jesus foi humanamente o Vaso de Eleição. O caudal do afluxo Crístico aumenta, e com ele os poderes, à medida que se eleva na hierarquia legitimada, pelo que, como já disse, um bispo tem mais poder que um sacerdote, e este mais que um diácono. Descreverei, pois, as três ordens superiores que representam graus definidos, separados entre si por ordenações conferindo diferentes atribuições: diácono, sacerdote e bispo.

O religioso é ordenado primeiramente como diácono que significa, na prática, uma espécie de aprendiz ou assistente de sacerdote, como o seu próprio nome grego indica “ministro, ajudante”. Possui o primeiro grau do Sacramento na Ordem, sendo ordenado não para o sacerdócio mas para o serviço da Caridade e da pregação da Palavra de Deus e da Liturgia. Não tem ainda o poder de administrar o Sacramento, abençoar a Assembleia ou perdoar-lhe os pecados; além de fazer homílias e pregações pode, contudo, realizar, sob a orientação de um sacerdote, algumas celebrações religiosas, como abençoar casamentos e baptizar crianças, o que ao leigo também é permitido em caso de emergência. Após sete anos no diaconato e concluídos os seus estudos clericais, é ordenado sacerdote, sendo este segundo estágio que lhe confere o poder de auferir do Reservatório do Cristo (a mesma Egrégora da Igreja) e assim ministrar os Sacramentos canonicamente investido a poder realizar efectivamente o Mistério da Transubstanciação do Homem em Deus, da Partícula corporal transformada Corpo Divino, Deus Espírito Santo omnipresente na Igreja. É o único que pode consagrar a Hóstia e o Vinho e aplicar os vários Sacramentos com toda a eficácia, como o de dar a Bênção aos fiéis em Nome de Cristo e proferir a absolvição dos pecados. Além de todos estes poderes sacramentais, ao bispo é conferido o de ordenar novos sacerdotes, para que prossigam a Sucessão Apostólica. Só a ele compete o direito de administrar o Rito da Confirmação e o consagrar uma igreja, vale dizer, destiná-la ao serviço de Deus.

Pode-se, igualmente correlacionar os três graus superiores da Igreja com os seguintes princípios afins aos mesmos:

Tal como o Homem possui no seu todo sete expressões ou corpos (repartidos em Espírito, Alma e Corpo), interpenetrados e todavia distintos em consciência e energia, igualmente, como já foi dito, são sete os Sacramentos e sete as finalidades de cada um deles. Usando uma linguagem simplificada, a relação da Trindade Divina e da trindade eclesial com os corpos do Homem é a seguinte:

Posto isso, poder-se-á entender melhor o lado oculto dos Sacramentos ao adiantar-se um pouco mais sobre o seu mecanismo e influência efectiva no crente.

Sendo o coração apontado como o lugar espiritual da Morada do Cristo Interno, ele é no Homem o centro latente da Tríade Superior: Espírito, Intuição, Mente Superior ou Causal. Uma tentativa para estimular o centro vital cardíaco é feita pela Igreja Cristã aquando da leitura do Evangelho. O sinal da Cruz é feito com o dedo polegar sobre o coração, bem como sobre as sobrancelhas e a garganta. Este uso do polegar (correspondendo a Vénus e ao elemento Éter ou Akasha) corresponde a um passe pugnal do mesmerismo, sendo empregado sempre que uma pequena mas poderosa corrente de força se torna necessária, como seja a da abertura dos chakras ou “centros vitais” superiores, que é dizer, do coração ao topo do crânio.

Quanto à finalidade do Sacramento do Baptismo, a sua função oculta é deveras interessante. Ela visa auxiliar a redução ao mínimo das “sementes” do mal trazidas pela criança em seu átomo-semente causal da reencarnação anterior, facto que a Igreja chama, sem que o compreenda, “pecado original”.

Para esse efeito emprega-se água magnetizada ou “benta”, que é dizer, benzida, abençoada. Por meio dela o sacerdote põe em vibração activa a matéria etérica do corpo da criança, a fim de estimular o seu sistema pituitário e, através dele, afectar o veículo emocional (o astral de Paracelso) ou psíquico que, por sua vez, irá afectar o mental inferior. A força utilizada corre de baixo para cima várias vezes, como se fosse água, até alcançar e estabilizar no seu próprio nível, correspondente à evolução espiritual já alcançada pelo baptizado.

O “exorcismo” então realizado pelo sacerdote, tem por objectivo neutralizar as sementes do mal em sua condição presente e evitar que sejam alimentadas ou encorajadas, seja de que maneira for, até que finalmente se atrofiem e se desprendam.

Além disso, na cerimónia, o sacerdote fazendo verticalmente o sinal da Cruz em toda a extensão da frente e costas da criança, constrói uma forma-pensamento ou elemental artificial (origem da ideia do “anjo da guarda baptismal”) que está repleta de Força Divina, a qual é também animada por um tipo superior de “espírito da natureza”, conhecido como silfo. A forma-pensamento é uma espécie de couraça de luz branca na frente e costas da criança, repleta da energia mental despendida pelo oficiante.

Mesmo que acaso a criança morra de imediato, o Baptismo pode ser de grande valor para ela do outro lado da Vida, pois é muito possível que as sementes do mal fossem estimuladas para a actividade no Mundo Astral, pelo que a forma-pensamento baptismal ajuda muito a evitar esse facto.

Assim, no Baptismo não só certos centros vitais ou chakras do infante são activados e canalizados à recepção Espiritual, como também as ojas negativas ou sementes do mal são reprimidas até certo ponto, recebendo ele nova e poderosa influência para o Bem, o que é praticamente um “Anjo da Guarda”.

Posso adiantar que a cruz traçada sobre a testa da criança com o óleo santo consagrado ou magnetizado pelo sacerdote, ficará visível no seu corpo vital ou etérico durante toda a vida. É o sinal do cristão, precisamente como o ponto tilaka ou marca de casta é, para o hindu, o sinal de Shiva, marcado pelo Seu tridente.

Acerca do Sacramento da Confirmação, na Igreja tem por finalidade ampliar e fortalecer o elo entre a Individualidade e a Personalidade. Depois do alargamento preliminar desse canal (o chamado antahkarana ou “ponte de luz”), o Poder Divino transmite-se do Espírito do bispo ao Mental Superior do candidato ao sacerdócio. A fazer o sinal da Cruz, o Poder Divino sobe ao princípio Intuicional e depois ao Espiritual do investido. O efeito sobre o Espírito reflecte-se no corpo etérico ou físico superior, e o que se realiza no Intuicional é reproduzido no veículo emocional, enquanto o do Mental Superior é identicamente reflectido no mental inferior. Este resultado não é apenas temporário, já que a abertura das conexões forma um vasto canal através do qual um fluxo permanente do Poder Divino (Prana Solar) pode circular. O efeito geral, como se disse, é tornar mais fácil a acção do Espírito através dos seus veículos.

Os vários corpos do Homem, vistos “de baixo” por clarividência, dão a impressão de estarem uns por cima dos outros, embora realmente não estejam separados no espaço mas interpenetrados e unidos por inumeráveis fios ou condutos de força etérea, os chamados nadhis ou filamentos etéricos por onde circula a Energia Vital (Prana), tendo a sua contraparte imediata na rede de veias por onde circula o sangue físico. Toda a actividade que seja contra-Evolução impõe tensão desigual sobre os condutos, retorcendo-os e embaraçando-os, estando nisto a origem de todas as doenças, originadas na mente, plasmadas no emocional e projectadas no físico. Quando uma criatura humana insiste desmesuradamente no erro, seja de que maneira for, a ligação entre os corpos superiores e inferiores é gravemente prejudicada, podendo mesmo ser quebrada. Neste caso extremo, infelizmente não raro hoje, deixa de existir o Eu Verdadeiro e só o lado inferior do seu carácter pode manifestar-se completamente, tornando-se assim a pessoa um verdadeiro “demónio” em carne e osso… sem Espírito.

Os cultos psíquicos e demais medianímicos que também estão presentes em certas «igrejas carismáticas», diga-se de passagem, contribuem grandemente para o estado extremo e fatal de arremessar a Mónada Humana para fora da Corrente de Evolução, por acúmulo de energias nocivas no antahkarana que ao quebrar rompe com todas as formas de manifestação e fica sem meio de puder evoluir normalmente como fazem os seres normais. Já dizia Jesus: Deixai os mortos enterrar os seus mortos. Que é dizer, deixai os mortos fisicamente serem venerados pelos mortos espiritualmente! Por isso a Igreja (como toda e qualquer Religião Tradicional, e muitíssimo mais toda e qualquer Ordem Iniciática) condena e desaconselha vivamente os cultos necromânticos ditos “espiritistas” que, a fechar, tão-só são cultos do materialismo subtil ou psíquico, absolutamente nada tendo a ver com o Espírito Imortal, a Essência ou Partícula Divina no Homem. Ademais, as próprias almas humanas jamais voltam do dito “Além”, excepto as mais viciadas nas energias grosseiras da matéria tamásica, e mesmo estas só muito raramente. O que sucede nesses cultos involucionais, por serem denodadamente passivos lunares e logo astrais, invés dos activos solares ou mentais que são evolucionais, dizia, não passam de manifestações das forças inferiores ou primárias da Natureza.

O animismo a par do suicídio, vêm a ser as duas colunas funestas desse portal proibido pela Lei de Evolução Universal, pois que abre para o próprio Inferno ou Astral mais baixo.

A Igreja Católica oferece um método para ajudar o Homem a reaver mais rapidamente a uniformidade, porque um dos poderes especialmente conferidos ao sacerdote, aquando da sua ordenação, é o de alinhar aquela confusão na matéria subtil (mental inferior, emocional e etérica) do crente. Essa é a verdade que está na “absolvição”; a cooperação do crente é obtida antes, mediante a “confissão”.

Um dos métodos que os crentes utilizam para o estado de concentração é o da “oração repetida”, assim sendo um mantram. Repetido ritmicamente, muitas e muitas vezes, sincroniza as vibrações dos veículos numa unidade. Mantram é, pois, a forma mecânica de controlar as vibrações presentes e induzir novas vibrações desejadas. A sua eficácia depende da que é conhecida como vibração simpática. Quanto mais repetido for o mantram, mais potente o seu resultado. Daí o valor da repetição nas fórmulas da Igreja, e do rosário, que capacita a consciência a ficar inteiramente concentrada no que está sendo dito e pensado, sem se distrair com a preocupação de contar o número de vezes.

Os Anjos comunicam com a Ecclesia, “comunidade, congregação”, através desses mantrans e igualmente da essência etérica do incenso (pelo que deve ser rigorosamente do tipo prescrito para o cânone da Missa), irradiando formosas e poderosas formas-pensamento que gradualmente vão tomando o formato do templo (por isto os templos obedecem a cânones geométricos muito específicos, o que hoje em dia, nas ditas “igrejas novas” ou de estilos modernistas, não se faz, resultando na debilitação e mesmo impossibilidade da actuação plena da Hierarquia Angélica na Ecclesia), alcançando a apoteose com a elevação da Hóstia, momento supremo da Divina Eucaristia.

São chamados Anjos Apostólicos ou Mensageiros os que respondem ao chamado do Prefácio da Eucaristia e se encarregam da distribuição da Força e Presença Divina. Na missa rezada, o Anjo dirigente responde primeiro ao apelo do sacerdote e só depois reúne os demais. Na missa solene, ou missa cantada, a melodia antiga atrai a atenção de todos os Anjos logo que se inicia a liturgia, dispondo-se prontamente a atender.

Sete Linhas de Anjos, de Evolução paralela à Humana, estão para os Sete Raios de Luz Divina:

1 – Anjos do Poder ou do Cerimonial – Sol

2 – Anjos da Maternidade ou da Forma – Lua

3 – Anjos da Arte ou da Beleza – Marte

4 – Anjos da Cura ou Hospitalares – Mercúrio

5 – Anjos da Natureza ou dos Elementos – Júpiter

6 – Anjos da Música ou da Voz Divina – Vénus

7 – Anjos do Lar ou Domésticos – Saturno

Os Anjos evocados nos serviços cristãos estão muito acima dos homens em desenvolvimento espiritual, sendo o serviço que prestam de muitas variedades, ainda que só uma minoria da classe Angélica se ponha em contacto com a classe Humana, principalmente através dos rituais e cerimónias iniciáticas e religiosas.

A forma-pensamento ou Templo etéreo construído nos Planos subtis durante a celebração da Eucaristia, difere completamente das formas-pensamento comuns, embora tenha muito em comum com as formas-pensamento criadas pela Música erudita. Consiste numa estrutura de materiais fornecidos pelo sacerdote e a congregação, durante a parte inicial da missa, nos níveis Etérico, Astral e Mental, sendo depois introduzida, na parte seguinte da mesma missa, matéria de níveis ainda mais elevados, fornecida pela Hoste Angélica.

O Templo Mental pode ser comparado ao condensador de uma instalação para destilar água. O vapor é resfriado e convertido em líquido na câmara de condensação. Da mesma maneira, o Templo Eucarístico fornece um veículo para recolher e condensar o material propiciado pelos fiéis, e no qual um fluxo especial da Força Divina, vindo dos níveis mais elevados, pode descer, permitindo assim que os Anjos Auxiliares usem essa Força para fins definidos no Mundo Físico.

Talvez o exemplo supremo de uma forma-pensamento eucarística seja aquele conhecido na Igreja como o Anjo da Presença. Não se trata de um membro do Reino Angélico, mas de uma forma-pensamento do próprio Cristo, usando a Sua aparência e sendo a extensão da Sua Consciência. É por meio do Anjo da Presença que se faz a mudança nos elementos, conhecida como Transubstanciação.

Tal como existe uma conexão íntima entre o Espírito e o Corpo, entre a Mente Superior e a Inferior, igualmente existe entre os veículos Intuicional (Crístico) e Emocional.

Um exemplo desse relacionamento íntimo entre os corpos dos respectivos Planos Emocional e Intuicional, é também encontrado na Missa. No momento da consagração da Hóstia desce uma Força, a mais elevada do Plano Espiritual, impregnando poderosamente os Planos Intuicional e Mental Superior; além disso, a sua actividade é marcada nos níveis superiores do Emocional ou Astral, embora tal possa ser um reflexo do Mental Inferior por efeito de vibração simpática. O efeito pode ser sentido por pessoas mesmo distanciadas do templo em celebração, passando uma grande onda de Paz Espiritual e Força Divina por toda a região, embora muitos jamais relacionem tal facto com a missa que está sendo celebrada.

Além do que ficou dito, outro efeito é produzido como resultado da intensidade do sentimento de devoção consciente de cada crente durante a celebração, e na proporção correspondente a isso: um raio como que de Fogo Divino despende-se da Hóstia erguida, fazendo com que a parte superior do corpo Emocional cintile intensamente. Através do corpo Emocional, e dada a sua relação íntima com ele, o veículo Intuicional também é fortemente afectado. Deste modo, ambos os corpos reagem intensamente um sobre o outro. Efeito similar ocorre quando a Bênção é dada com o Santíssimo Sacramento exposto na luneta do ostensório, ou seja a Hóstia Magna, significando “a vítima que será sacrificada”, todos podendo vê-la na hora da elevação após a consagração.

Como toda a Missa se desenvolve em torno do Cálice Sagrado ou Santo Vaso (como não podia deixar de ser, por ser memória póstuma simbólica de um outro e mais vivo Saint Vaisel, o Santo Graal onde vasa a origem da Igreja Católica Apostólica), que como Objecto representa Divino Espírito Santo e como estado de Consciência o Mental Superior, que é o do mesmo Espírito Santo ou Terceiro Logos Criador, tem-se em relação com ele os seguintes elementos correlacionados a respectivos princípios de Vida e Consciência patentes no próprio Homem, partícula individualizada da Natureza Universal:

ELEMENTOS SAGRADOS

PRINCÍPIOS HUMANOS

1) HÓSTIA

1) DIVINO (PAI)

2) PÁTENA

2) MONÁDICO – ESPIRITUAL – INTUICIONAL (FILHO)

3)CÁLICE

3) MENTAL SUPERIOR (ESPÍRITO SANTO)

4) VINHO

4) MENTAL INFERIOR – EMOCIONAL

5) ÁGUA

5) FÍSICO ETÉRICO E DENSO

A Pala (cobertura quadrangular para o Cálice) representa o Véu do Akasha ou Éter Celeste protector envolvente do Santo Vaso, enquanto o Corporal (pano quadrangular de linho com uma cruz no centro; sobre ele é colocado o Cálice, a Pátena e a Âmbula com o Corpo de Cristo para a consagração) é o mesmo Akasha corporificando na Terra o ponto central do Sacrifício e Comunhão da Igreja com Deus.

Segundo Charles W. Leadbeater (in La Science des Sacrements. Les Édituions Saint-Alban, Paris, 1926) e Arthur E. Powell (in O Corpo Mental. The Theosophical Publishing House, Londres, 1967), que consultei e desde já informo que rectifiquei em algumas partes no respeitante à simbologia eclesial e ao seu significado, são os seguintes os aspectos principais das ordens menores do Catolicismo e a sua influência no desenvolvimento espiritual do professante:

E das ordens maiores:

Fica assim apresentado o lado oculto das funções eclesiásticas e o que realmente representam. Voto na mais-valia que este estudo venha a ter para o leitorado cristão, particularmente o católico, e para terminar apenas me acodem à memória as excelsas Palavras do Deus AKBEL:

Eu sou a Verdade do Mestre, o Caminho do Discípulo e a Vida da Escola!

 

Obra de referência:

Dogma e Ritual da Igreja e da Maçonaria, por Vitor Manuel Adrião. Editora Dinapress, Lisboa, Setembro de 2002.

 

 

 

 

 

O Espírito Tradicional da Igreja – Por Vitor Manuel Adrião Sábado, Ago 14 2010 

Independentemente da crise espiritual, antes, psicomental e psicossocial grassando hoje em dia no seio da Religião Católica por culpa exclusiva dos seus próprios dirigentes abertamente despossuídos de Espírito Tradicional, opondo o dogmatismo teológico cerrado sobre si mesmo ao pragmatismo livre da Sabedoria Iniciática das Idades, que afinal está na origem do próprio Catolicismo ou Universalismo que é o que significa este termo grego, pois tem por alicerces as doutrinas teúrgicas e taumatúrgicas Essénia e Gnóstica dos primeiros tempos da sua existência, irei neste estudo tomar por padrão aquilo que o Catolicismo deveria assumir de vez por ser a raiz oculta da sua existência espiritual, e assim provar que tal raiz ou raízes são francamente TEOSÓFICAS.

Comece-se pelo edifício da igreja ou “assembleia” de fiéis congregados na mesma para celebração da Santa Missa. Uma igreja é, por princípio, um centro magnético estabelecido num determinado ponto telúrico da superfície da Terra, no qual foram criadas condições especiais destinadas a permitir a livre passagem da Consciência, da Vida e da Energia do Mundo Espiritual ao Mundo Material, e deste, de retorno, àquele. Idealmente toda a pessoa deveria prover dentro de si estas condições, porém, no presente estágio da Evolução Humana só os mais adiantados estão aptos a atingir esse fim. O ideal de cada devoto católico é que, eximindo-se da necessidade de uma igreja externa, possa ele próprio tornar-se uma igreja corporal, levando a Consciência, a Vida e a Energia ao seu próximo, à Humanidade e cooperar na elevação do amor, da adoração e do culto ou serviço do Homem a Deus. Até que este ideal seja alcançado, onde que todo o homem e toda a Terra sejam um único Templo Universal, igrejas, sinagogas, mesquitas, pagodes, etc., serão necessários como canais reconhecidos no verter dos benefícios do Supremo Pai aos seus filhos que jornadeiam em sua longa peregrinação aqui neste Mundo.

Como muito bem diz Geoffrey Hodson (in O lado interno do Culto na Igreja. Editora Pensamento, São Paulo), o estabelecimento de um centro magnético espiritual, como o de uma igreja, reduz grandemente a resistência ao fluxo de Força Espiritual do Mundo Angélico e possibilita a presença e serviço dos Santos Anjos. Em princípio eles deverão encontrar ali um ambiente harmonioso, no qual são protegidos das vibrações desarmónicas da vida humana comum.

Quatro grandes Correntes de Forças fluem para o interior e através de uma igreja devidamente consagrada para o efeito. Emanam, em primeiro lugar, da Hierarquia Humana e Supra-Humana, aquela composta do corpo eclesiástico e dos fiéis, esta dos Adeptos Independentes da Grande Fraternidade Branca que estejam ligados à Linha do Serviço e da Devoção como verdadeira Mística, sendo cada membro um canal da influência jaculatória da Santíssima Trindade; em segundo lugar, da Hierarquia Angélica directamente ligada aos Aspectos Amor e Devoção do próprio Logos Planetário – o PAI; em terceiro lugar, do Centro da Terra (como Laboratório do Espírito Santo), e, finalmente, do Sol (Espiritual, já se vê, expressando ao Cristo Cósmico em seu 2.º Aspecto Amor-Sabedoria). Essas quatro Correntes reúnem-se na igreja, cada qual contribuindo com a sua influência particular, sendo todas unificadas e utilizadas pelo Senhor CRISTO, o Supremo Instrutor de Anjos e de Homens, pois que as combina na mais gloriosa perfeição que só Ele é capaz, convertendo-as num instrumento para o Trabalho específico que exerce em favor do Mundo, neste caso particular, através da Celebração Cristã.

Essas grandes Correntes de Forças que encontram expressão em todo o edifício religioso canonicamente consagrado para o efeito, repito, podem ser subdivididas como se segue:

A) A Força de cada um dos Três Aspectos da Santíssima Trindade ou Logos Tríplice, como seja o Solar agindo através do Planetário: VONTADE ou PODER ESPIRITUAL, AMOR-SABEDORIA, ACTIVIDADE INTELIGENTE, correspondendo a PAI, FILHO, ESPÍRITO SANTO.

B) O Fogo Celeste do Logos Solar, FOHAT, manifestando-se através do seu veículo físico, o Sol, predominando nisto o Segundo Aspecto da Santíssima Trindade.

C) O Fogo Terrestre do Logos Planetário, KUNDALINI, subindo do Centro da Terra à superfície, actividade particular ao Terceiro Aspecto da Divindade. Essas duas Correntes de Luz e Fogo são solicitadas e encontram-se em cada templo consagrado fornecendo a força essencial, ou «carga» de Energia por meio da qual o mecanismo ritualístico da Igreja se torna capaz de um efectivo serviço real.

D) O Fogo Vital, PRANA, da Grande Fraternidade Branca, a “Assembleia dos Santos e Sábios”. Grande parte desta Energia é fornecida pelo Departamento de Ensino dirigido pelo CRISTO, o Divino Bodhisattva, mas sob as ordens do Chefe Supremo da Grande Fraternidade, o Senhor Rei do Mundo, MELKITSEDEK, estando os Chefes (“Choans de Raios”) de cada uma das Sete Linhas ou Raios de Forças Planetárias também representados.

E) A influência espiritual do Mestre Jesus, correlacionado à Sexta Linha do Devocionalismo Superior ou a verdadeira Mística, como sendo o Adepto encarregado da Igreja Cristã.

F) A força e a presença de determinadas Ordens de Anjos, particularmente as que operam nos 1.º, 3.º e 4.º Raios, ou sejam, os Anjos do Poder ou de Cerimonial, os Anjos da Arte ou da Beleza e os Anjos da Cura ou Hospitalares. Todos os Sete Raios estão representados no Trabalho da Igreja.

G) A Força da Egrégora ou Reservatório Energético da Igreja, alimentando esta que por sua vez a alimenta, tendo por fundo a Força Divina do Instrutor do Mundo – o Senhor Cristo.

Aparição angélica durante a celebração eucarística

Em conformidade aos Sete Raios de Luz Divina (representados no Candelabro de Sete Bocas, Menorah, ou nas Sete Lâmpadas sob o arco triunfal que separa o altar-mor da assembleia), os seus respectivos Dirigentes ou Choans, Dhyanis-Jivas, todos sob a direcção do Senhor CRISTO, o mesmo MAITREYA transhimalaio, assim se dispõem na cúspide do Velho Ciclo de Piscis ou Antigo Pramantha, já hoje dirigido pelos Dhyanis-Budas do Novo Pramantha ou Ciclo de Evolução Universal sob a égide de Aquarius:

1.º RAIO DA VONTADE OU PODER – SOL (DOMINGO)

2.º RAIO DO AMOR-SABEDORIA – LUA (SEGUNDA-FEIRA)

3.º RAIO DA ACTIVIDADE INTELIGENTE – MARTE (TERÇA-FEIRA)

4.º RAIO DA HARMONIA ARTÍSTICA – MERCÚRIO (QUARTA-FEIRA)

5.º RAIO DO CONHECIMENTO CIENTÍFICO – JÚPITER (QUINTA-FEIRA)

6.º RAIO DO DEVOCIONALISMO SUPERIOR – VÉNUS (SEXTA-FEIRA)

7.º RAIO DA ORDEM OU MAGIA CERIMONIAL – SATURNO (SÁBADO)

Ponte de ligação, donde pontífice, entre essas energias espirituais e a congregação dos fiéis, está o Bispo na cumeeira da hierarquia eclesiástica, exercendo função semelhante à do Vigilante Silencioso (que, na suprema instância, vem a ser o Deus AKBEL vigiando desde o Segundo Trono a boa marcha evolucional do Mundo) da boa ordem sacerdotal e doutrinal da Igreja. O seu próprio nome assim o indica, conforme a etimologia grega: epi, “seguro”, scopeo, “eu vejo”, donde episcopae, “bispo”, o vigilante, chefe ou guardião de uma diocese (dioikesis, “administração”). Assim, tem-se:

A manifestação de tais Consciências e Energias subtis efectua-se através da Missa, conforme a sua própria etimologia indica: messie, missus, que quer dizer “enviar, manifestar”… o Segundo Aspecto Solar do Cristo Cósmico na Terra, no seio da Assembleia dos Fiéis, isto é, na Igreja.

De acordo com J. M. Ragon (in La Misa y sus Misterios. Sevilha, Outubro de 1989), os autores litúrgicos distinguem várias partes na Missa: 1.ª) a preparação ou as orações que se dizem antes da oblação, sendo o que se denominava missa dos catecúmenos; a oblação e a oferenda que se estende desde o ofertório até ao sanctus; 3.ª) o cânone ou regra da consagração; 4.ª) a fracção da hóstia e a comunhão; 5.ª) a acção de graças ou post-comunhão.

Segundo o rito ou língua em que se celebra, a Missa toma o nome de missa grega, missa latina, romana ou gregoriana, ambrosiana, galicana, gótica, moçárabe, etc. Diferenciam-se na forma mas não no conteúdo.

Antigamente não se celebrava a Missa todos os dias, e quase nunca era feita sem a pompa exterior permitida pelas circunstâncias. Os próprios fiéis comungavam todas as vezes que assistiam ao Santo Ofício. Mas pouco a pouco esse uso perdeu-se acabando por comungar só o sacerdote, ainda que as orações da liturgia e as próprias palavras do cânone indiquem que todos os assistentes ao Sacrifício devam participar do Pão Eucarístico.

Distinguem-se várias classes de Missas:

A grande missa solene ou missa maior celebra-se com um bispo e dois sacerdotes acolitados por quatro diáconos, além de outros ministros, havendo cânticos pelo coro.

A missa baixa é dita por um só sacerdote, sem nenhum cântico.

Na missa privada, o sacerdote não tem mais que o seu acólito como assistente.

Antanho chamava-se missa de escrutínio à que se dizia para os catecúmenos, realizando-se na 4.ª feira e no sábado da 4.ª Semana de Quaresma, altura em que se examinava se estavam suficientemente dispostos para o baptismo.

E missa de juízo aquela que se celebrava por um acusado que queria justificar-se segundo as provas estabelecidas.

Chama-se missa do dia aquela que é própria do tempo em que se está e a festa que se celebra.

Missa votiva a de um Mistério ou de um Santo, como a Missa do Espírito Santo, da Santa Virgem.

Há missas pelos vivos, e há missas pelos mortos.

A missa dos pré-santificados, na qual nada se consagra. Celebra-se na Sexta-Feira Santa, consignada tradicionalmente a do Santo Sangue, San Greal ou Santo Graal.

Foram quase suprimidas a missa seca e a missa náutica, geralmente ditas nas praias e nos barcos.

Chamava-se missa dourada à que se celebrava nos dias de regozijo, em que se faziam dádivas ao povo, e na qual os reis e príncipes faziam brilhar toda a sua magnificência.

Nos missais alsacianos, encontra-se este antigo título: Missa pro duello (Missa pelo duelo).

A missa vermelha, missa pelo regresso, depois das férias, das cortes soberanas que assistiam a ela com vestes vermelhas, ou Missa do Espírito Santo.

A missa grega a que se diz seguindo o rito grego.

A missa da meia-noite, a missa de alva (noite de Natal, a 25 de Dezembro).

Missa conventual, quotidiana em certas igrejas.

Missa do caçador, dita com precipitação. Missa assinalada, para as damas da corte.

Missa de anjos, para as crianças falecidas antes dos sete anos de idade.

Missa dos mortos, celebrada pelas almas do purgatório.

Missa galicana ou ambrosiana, que se dizia antanho nas Gálias e dizendo-se também no Ofício de Paris.

Missa gótica, dizendo-se antigamente entre os godos que eram arrianos.

Missa latina, romana ou gregoriana.

Missa moçárabe ou missa da Hispânia, celebrada segundo o rito moçárabe.

Missa pela morte dos inimigos, usada em Espanha e suprimida em 1844.

Durante parte da Idade Média foram introduzidos abusos estranhos na celebração dos Santos Mistérios. Alguns clérigos celebravam-nos sozinhos, não tendo sequer um acólito a assisti-los; outros juntavam várias missas numa só, a fim de recolherem das suas funções sagradas um maior benefício. Todos esses abusos foram suprimidos, principalmente a partir do Concílio de Trento (1545-1563).

No templo cristão, a igreja estruturada canonicamente para o efeito (pelo que improvisar em salões de espectáculos e afins vale tanto quanto nada, espiritualmente falando), o foco central onde se concentra a Fé e o Conhecimento, ou seja, o Magistério e a Tradição, vale dizer o Rito e o Dogma, é precisamente o altar-mor. Aqui se recebe e daqui se distribui a Força Divina (a Presença de Deus) a toda a congregação, sendo geralmente o sacerdote (sacrodôktos, “investido sagrado” ou “doutor no Sagrado”, pois todo o sacerdote é simultaneamente instrutor, ainda que nem todos os instrutores sejam sacerdotes, por não estarem consagrados para tal efeito, tal qual o sacerdote é sempre monge, mas nem todo o monge é sacerdote) assistido por dois acólitos: o diácono e o subdiácono. Neste caso, assessoram respectivamente as Energias dos 1.º, 2.º e 3.º Raios ou Linhas de Forças Hipostáticas promanadas da Santíssima Trindade, como sejam o Pai (1.º Logos), o Filho (2.º Logos) e o Espírito Santo (3.º Logos), Uno em Consciência e Trino em Energia, logo, UNO-TRINO. Quando se trata de Missa Maior promovida pela diocese e assessorada pelo bispo, este tem como acólitos dois sacerdotes e quatro diáconos, perfazendo pela ordem hierárquica os Sete Raios de Luz, os três primeiros de Atributo e os quatro restantes Subsidiários, canalizando as Energias Cósmicas dos Sete Espíritos Diante do Trono, Este materializado no Altar, e Aqueles nas Sete Lâmpadas ou no Candelabro de Sete Bocas acesas.

Não são poucos os que hoje em dia, desapercebendo completamente o sentido do Ritual e a eficácia da sua mecânica litúrgica, vêm a opor-se tanto a ele como a qualquer orgânica expressiva de ORDEM e REGRA, o quem sem estas restam a DESORDEM e DESREGRA. Impuberdade espiritual de quem muito presume na prosápia da ignorância «esclarecida» que não possa de auto-convencimento. Sobre este assunto e tomando por base o poema Cavaleiro Monge, de Fernando Pessoa, tive oportunidade de proferir num carta privada redigida ainda este ano de 2010:

«Quanto ao poema de Fernando Pessoa, “Cavaleiro Monge”, datado de 1932, vem a ser parte doutros poemas místicos feitos na mesma época pelo autor, nomeadamente “À sombra do Monte Abiegno”. Neste poema em questão, Fernando Pessoa vem a realçar a necessidade da ritualística como meio de realização individual e, também, grupal, pois se a evolução é feita exclusivamente pelo próprio, contudo o trabalho em grupo é uma ajuda preciosa e imprescindível onde uma parte comata as acaso necessidades mentais, emocionais ou físicas da outra, e assim tudo acaba ficando em pé de igualdade, para que no Templo UM E TODOS sejam Mental, Emocional e Fisicamente UMA SÓ UNIDADE!

«Mesmo assim, a evolução pessoal à pessoa pertence, e evoluindo pessoalmente vai afectar positivamente a evolução do grupo. É o UM POR TODOS E TODOS POR UM! Isto é que é a Verdadeira Iniciação, onde os processos exteriores vêm a reflectir as transformações interiores. Na realidade, o Santo Ritual, com toda a sua panóplia de SÍMBOLOS feitos VIVOS pelo(s) interveniente(s), é a expressão externa das realidades interiores a ver exclusivamente com o Mundo Espiritual de que participa o ritualístico segundo a característica que a doutrina ou ensinamento lhe dá. Por isso o Ensinamento Teúrgico sobre o Caminho Iniciático é diferente do de outras correntezas de pensamento místico, pois que cada um afiniza-se com o Mundo Espiritual conforme o tom natural das suas apetências psicomentais.

«Ainda assim, há quem diga que o Ritual é prescindível e basta a interiorização mística da consciência imediata. Poderá ser… mas é falha e muito. Pois o RITUAL expressa canonicamente o RITMO da Matéria e só por ele se alcança a VIBRAÇÃO do Espírito. Sem Ritual a comunhão e comunicação com o Espiritual inexiste, pois não há outra maneira de estabelecer a ligação entre RITMO e VIBRAÇÃO para que, canónica e regularmente, da fusão das duas haja a divina HARMONIA. Sem Ritual não se entende nem se comunga directamente do Espiritual, não no sentido INDIVIDUAL mas no UNIVERSAL. O Espírito no Homem participa directamente, por via do Santo Ritual, do Espírito Universal de quem ele é parcela. Por isso se fala em ATMÃ PARCIAL e ATMÃ UNIVERSAL.

«Fernando Pessoa, nesse poema importantíssimo, retrata o Iniciado como TEMPLÁRIO, o “Cavaleiro Monge”, donde a necessidade do Ritual como meio de evolução pessoal e grupal, repito. Pois bem, a Iniciação Menor ou Humana está expressa no “Vale”: é a realização da Personalidade Psicomental. A Iniciação Maior ou Espiritual está expressa na “Montanha”: é a realização da Individualidade Atabimânica ou da Tríade Superior, Espiritual. Esta representa-se no próprio Cavaleiro; aquela, no Cavalo. Ambos “por penhascos pretos, atrás e defronte, caminhais secretos”, isto é, enfrentando os seus próprios “demónios”, as suas nidanas ou vicissitudes fatais porque impeditivas da evolução verdadeira da Consciência, avançam “secretos”, anónimos, numa batalha só sua, onde o cavalo deve finalmente ser dócil ao cavaleiro, ou seja, a Personalidade alinhada, integrada à Individualidade.

«Por isso é que no poema constituído de 5 septetos, no final da cada um está a resposta:

1)      Caminhais aliados (interligados)

2)      Caminhais secretos (interiorizados)

3)      Caminhais libertos (independentes)

4)      Caminhais sozinhos (distintos)

5)      CAMINHAIS EM MIM!

«Isto é, “fazeis parte de Mim”, no sentido de Eu, de Consciência Imortal que sendo UNA (Individualidade) como Espírito, carece da MULTIPLICIDADE (Personalidade) para se manifestar objectivamente. Realmente, feita como está a composição, não deixa de ser um «cavalo secreto», isto é, uma CÁBALA GEMÁTRICA ou Fonética, tal qual a “Fala dos Pássaros” de que o Corão fala, ou seja, a VOZ ANGÉLICA ou da INTUIÇÃO DIVINA.

«O TEMPLÁRIO em sua dupla função, é CAVALEIRO ou GUERREIRO (TRIBUTÁRIO) que faz “Guerra Santa “ (Al-Fatah) sobretudo a si mesmo, à sua poderosa e predominante parte mortal. Aqui se enquadra o LABORA. Também é MONGE ou TEMPLÁRIO demandando o Saint Vaisel, o SANTO GRAAL na formação da sua parte imortal. Nisto entra o ORAORA ET LABORA é o LABORATORIUM onde se realizam as mais finas especializações espirituais no acto permanente de TRANSFORMAÇÃO da consciência mortal na Inconsciência imortal até então adormecida ou latente, em semente “mais pequena que a cabeça dum alfinete”, mas que com a “alimentação” que o “Cavaleiro” lhe dá acabará por tornar-se Pleniconsciência Divina, imposta à imediata consciência mortal, porque passageira, transitória entre encarnações.

«No plano cosmogénico, vem a ser também a descida da Mónada à Matéria (Pravritti-Marga), onde de VIRGINAL ou POTENCIAL se torna MATURA ou PATENCIAL, dando-se a subida da Mónada da Matéria ao Espírito (Nivritti-Marga).

«Com tudo isso tem a ver aquela estrofe do Mantram do Quinto Sistema, composto pelo nosso Venerável Mestre JHS:

Bate, bate, esforçado Obreiro. (MONGE, TEMPLÁRIO)

Luta, luta, valoroso Guerreiro. (CAVALEIRO, TRIBUTÁRIO)

Cada vez cavar mais fundo (TRABALHAR COM MAIS AFINCO)

Para servir ao Rei do Mundo… (MELKITSEDEK, CHAKRAVARTI, etc.)

«Onde está o Rei do Mundo? No “Monte” de que fala o poema: “Da montanha ao monte”, isto é, pela Iniciação Maior ou Real se demanda e alcança o escrínio precioso do Monte Santo onde vive e vibra o Soberano do Mundo, o Santo dos Santos (AT-HA-KADOSH) com o qual finalmente se integrará e será UM! Que “monte” é esse? É a Montanha Branca da Iniciação (com o mesmo valor iniciático do Obelisco e da Pirâmide) a quem o poeta chama “Monte Abiegno”. Se bem que Abiegno signifique tanto “begónia” como “abeto”, literalmente, o significado será bem outro e mais esotérico por se tratar dum poema iniciático. Assim, teremos de recorrer à CÁBALA FONÉTICA, à “Fala dos Pássaros” (SENZAR) para encontrar o verdadeiro sentido de ABIEGNO, que anagramaticamente nos dá ABEGINO, isto é, AB, “Pai”, em árabe, e GINO, GIN, DJIN ou JINA. Logo, ABIEGNO OU ABEGINO é o MONTE SANTO do “PAI DOS JINAS”, do “DEUS DOS GÉNIOS OU ADEPTOS PERFEITOS MENTORES DA HUMANIDADE”. Para este Lugar Sacrossanto ou Centro Primordial, Fernando Pessoa canalizou todas as suas forças e intenções secretas ou veladas, coisa que já revelara a Ofélia Queiróz: “A minha vida pertence a Mestres que não permitem”…

«Ora o “Pai dos Jinas” vem a ser o próprio Rei do Mundo na cúspide do Governo Oculto do mesmo. E o mesmo “Abiegno”, sendo o poeta português e com relações íntimas à ORDEM ESPIRITUAL PORTUGUESA (M.Z.), só poderá ser… SINTRA. Esta a “Mansão do Rei do Mundo”, de cujo seio lapidar comanda os destinos do mesmo como “ARA DE LUZ” ou ARABEL por ser o LUZEIRO DE VÉNUS que tem a ver com a HORA PRESENTE E FUTURA por estar, ademais, encravado, entronizado no QUINTO Posto Representativo da OBRA DO ETERNO NA TERRA. Sintra o Quinto Posto a ver com a presente Quinta Raça-Mãe Ariana onde já se “cava fundo”, labora com intensidade na construção causal da futura Quinta Ronda do Globo e consequente Quinta Cadeia e até Quinto Universo, sob a égide de VÉNUS ou SHUKRA, a ver com o CÁLICE DO ESPLENDOR sem algum amargor!… Eis aqui o FUTURO NO PRESENTE e o PRESENTE NA OBRA DO FUTURO, assim garantindo, dando solução pela matemática divina, à Marcha da Evolução avante.»

Para Charles Leadbeater (in A Ciência dos Sacramentos. Paris, 1926), o plano de uma igreja ideal é o seguinte conformado às antigas proporções dos cânones geométricos, tanto valendo por Geometria Sagrada:

As vantagens desse plano ou esquisso são as seguintes: o altar é visível de todas as partes da igreja; o celebrante está próximo dos fiéis; o coro está de lado para a assembleia podendo, por conseguinte, conduzir melhor os cânticos; a nave está comodamente conseguida, simbolicamente bem disposta e permitindo às procissões passarem realmente na assembleia. Por outro lado, uma igreja quadrada facilita a formação satisfatória de um edifício eucarístico.

A tradição Católica, o seu dogma teológico, baseia-se em três fórmulas de Fé, chamadas respectivamente: Credo de Niceia (o mais antigo, constando da Missa da Igreja Romana, redigido no ano 325), Credo de Atanásio (em oposição ao anterior, seguido pela Igreja Ortodoxa do Oriente) e Credo dos Apóstolos (surgido quatro séculos depois do primeiro). O texto do Credo de Niceia é o seguinte:

«Creio em um só Deus, Pai Todo-Poderoso, Criador do Céu e da Terra, e de todas as coisas visíveis e invisíveis; e em um só Senhor Jesus Cristo, Filho Unigénito de Deus, engendrado de seu Pai antes de todos os mundos, Deus de Deus, Luz da Luz, Verdadeiro Deus do Verdadeiro Deus, engendrado, não feito; sendo da mesma Substância que o Pai, por quem todas as coisas foram feitas; que, por nós homens e por nossa Salvação, desceu do Céu, e Se encarnou, pelo Espírito Santo, da Virgem Maria, e se fez homem, e por nós também, foi crucificado, sob Pôncio Pilatos; padeceu e foi sepultado, e ao terceiro dia ressuscitou, conforme as Escrituras, e ascendeu ao Céu, e está sentado à mão direita do Pai; e voltará de novo em Sua Glória para julgar tanto os vivos como os mortos, e cujo Reino não terá fim.

«E creio no Espírito Santo, senhor e Dispensador de Vida, que procede do Pai e do Filho, e junto com o Pai e o Filho é adorado e glorificado, e falou pelos profetas; e creio numa Igreja Católica e Apostólica; reconheço um baptismo para a remissão dos pecados, e espero a ressurreição dos mortos e a vida do mundo futuro.»

Por depender muito a compreensão do Credo de Niceia da tradução exacta do original grego, vai aqui incluso, para comparação, o texto desse mesmo original:

Esse Credo mostra já o afastamento acentuado da doutrina original ministrada por Jesus o Cristo, pois foi no Concílio de Niceia que se rompeu definitivamente com a Fonte do Saber Iniciático, doravante em posse de uns escassos eleitos, ou seja, a elite oculta do Cristianismo. A Fórmula do Cristo como o texto original em que o Credo se baseou, nunca foi traduzida. Mas Leadbeater (in O Credo Cristão. Editora Pensamento, São Paulo) faz uma tentativa de paráfrase do seu significado, baseado nos ensinamentos esotéricos dos primitivos Padres Apostólicos, muitos deles Essénios e depois Gnósticos:

«Cremos em Deus, o Pai, de quem procede o Sistema, isto é, o nosso Mundo e todas as coisas nele existentes, sejam visíveis ou invisíveis; e em Deus, o Filho, Santíssimo, Único Nascido de Seu Pai, antes de todos os Ciclos, não criado e sim emanado, sendo da mesma Substância do Pai, Verdadeiro Deus procedente do Verdadeiro Deus, Verdadeira Luz procedente da Verdadeira Luz, por quem todas as formas foram criadas; que, por nós, homens, desceu do Céu e penetrou as Águas da Matéria, mas daí subiu de novo em Glória ainda maior para um Reino sem fim; e em Deus, o Espírito Santo, o Dispensador de Vida, emanado também do Pai, igual a Ele e ao Filho em Glória; o qual se manifesta através de seus Anjos; reconhecemos uma Irmandade de Homens Santos, que conduz até à mais Alta Irmandade Maior, e uma Iniciação emancipando das cadeias do pecado e libertando da roda do nascimento e da morte, para a Vida Eterna.»

Esse texto terá sido redigido com a finalidade de condensar numa fórmula de fácil memorização os ensinamentos esotéricos dados originalmente pelo Cristo aos Apóstolos, num processo mnemónico em que cada frase devia recordar às mentes muito mais do que as meras palavras que nela se continham.

Referindo-se essencialmente à Santíssima Trindade, vê-se na Fórmula do Cristo o Trabalho das Vagas de Vida que, depois de se fragmentarem em indivíduos, neste estado procuram adquirir as experiências necessárias por todo o Sistema para cooperarem, conscientemente ou não, na elaboração do Plano idealizado pelo Logos Solar (o mesmo Helius ou Elion, e não “Elias” da má tradução, a quem Jesus se encomendou no suspiro final…) no início do Ciclo Evolucional.

O termo “Vagas de Vida” é empregado na literatura teosófica moderna em três sentidos diferentes:

1 – Para indicar as três grandes Efusões (Propagações ou Expansões) da Vida Divina, emanadas dos Três Aspectos do Logos.

A 1.ª Efusão saindo do Terceiro Aspecto e mergulhando directamente na Matéria, a fim de vivificá-la, construir os átomos e combiná-los em compostos químicos.

Nessa Matéria vivificada desce a 2.ª Efusão de Vida proveniente do 2.º Logos, para, depois de atingir o Plano mais denso, remontar com a 1.ª para o encontro com a 3.ª, emanada do 1.º Logos ou 1.º Aspecto.

As duas primeiras Efusões de Vida agem nos corpos de todos os seres em evolução nos vários Reinos da Natureza, até que, pelo contacto com a última ou 3.ª, as entidades em evolução atinjam a categoria Humana, ou se individualizem pela aquisição de um Espírito próprio, invés de até então colectivo.

2 – Para designar os Impulsos sucessivos componentes da segunda das três grandes Efusões, representadas no esquema a seguir. A esses Impulsos de Vida, para maior clareza, denominarei Correntes de Vida.

3 – Para indicar a transferência da Vida de um Globo para outro, dentro da mesma Cadeia (com sete Globos), no decorrer nas diferentes Rondas (Ciclos).

Depois do processo apontado anteriormente, através das Efusões, ocorre a criação dos sete Reinos:

1.º Reino – Aéreo

2.º Reino – Ígneo

3.º Reino – Aquoso

4.º Reino – Mineral

5.º Reino – Vegetal

6.º Reino – Animal

7.º Reino – Humano

Esses sete Reinos da natureza (correspondendo aos bíblicos “Sete Dias da Criação”) são as manifestações da mesma Vida, da Vida Una do Logos proveniente do seu 2.º Aspecto quando, como se viu, a matéria Primordial se achava animada pela 1.ª Efusão proveniente do 3.º Logos. Esta 2.ª Efusão efectua-se por uma série de Vagas sucessivas, e são elas que originam os sete Reinos ou as sete Correntes de Vida.

Dos sete Reinos em que está repartida a Vida Una, os três primeiros acham-se no Arco Descendente ou Curva da Involução, significando que a Vida ou Espírito mergulha cada vez mais profundamente na Matéria, para depois retornar no Arco Ascendente ou Curva da Evolução com os resultados recolhidos no processo evolutivo do Logos, assim se transformando a Vida-Energia em Vida-Consciência, o que implica «a libertação da roda do nascimento e da morte, para a Vida Eterna».

Também a Oração Dominical do Senhor, o Pai Nosso, inspirado no Kodesh hebraico, tem a sua vertente esotérica, mas aqui tratando mais da Antropogénese, enquanto a Fórmula do Cristo trata mais da Cosmogénese. Senão, veja-se:

0) Pai Nosso que estais no Céu: – A Mónada Divina (Substância Absoluta).

1) Santificado seja o Vosso Nome: – O Espírito (Pai).

2) Venha a nós o Vosso Reino: – A Intuição (Filho).

3) Seja feita a Vossa Vontade, assim na Terra, como no Céu: – A Mente Superior (Espírito Santo).

4) O pão nosso de cada dia, nos dai hoje: – A Mente Inferior (Manas, Maná).

5) Perdoai as nossas ofensas, assim como perdoamos a quem nos ofende: – O Emocional (Simpatia/Antipatia).

6) Não nos deixeis cair em tentação: – O Vital (Atracção/Repulsão).

7) Mas livrai-nos do mal: – O Físico (Matéria/Ignorância).

A fórmula Amém encerra a Oração e tem o significado de “assim seja”. Etimologicamente, a palavra copto-aramaica Ámen significa “o que está oculto”, secreto, mistério, portanto.

Em hebreu, as letras que formam a palavra A, M, N = 1, 40, 50 = 91, são símile cabalístico de Jehovah-Adonai = 10, 5, 6, 5, e 1, 4, 50, 10 = 91, cuja acepção significa: A VERDADE, tanto valendo por Ain-Suph, ou seja, O ABSOLUTO.

Como o Mistério da Fé assenta na Ressurreição de Jesus o Cristo e nele os católicos e demais cristãos depositam a crença na “ressurreição dos corpos no Final dos Tempos”, este é assunto que já abordei ainda este ano numa carta privada alusiva ao Mistério do Pentecostes, onde tive oportunidade de proferir palavras verdadeiras revelações para o actual psicossocialmente caótico Catolicismo:

«Está escrito nos Actos dos Apóstolos (2, 1:4), segundo a tradução do texto original grego, com as variantes da Vulgata, feita por Huberto Rohden: «Vinda do Espírito Santo. Quando chegou o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar. De repente, veio do céu um ruído semelhante ao soprar de impetuoso vendaval e encheu toda a casa onde estavam congregados. E apareceram-lhes umas línguas como que de fogo, que se destacaram e foram pousar sobre cada um deles. Encheram-se todos do Espírito Santo e começaram a falar em línguas estranhas, conforme o espírito os impelia a que falassem».

«O dia de Pentecostes, segundo a própria etimologia deste termo em grego antigo, pentekostē [hēmera], é o “quinquagésimo” [dia], assim chamado por ser celebrado 50 dias depois do domingo de Páscoa, celebrando-se o Pentecostes 10 dias após a Ascensão de Jesus aos Céus. A Igreja Católica tem esta data litúrgica como o dia do seu nascimento. Poderá ser… mas certamente desconhecerá porque, por ignorar o significado real do PENTECOSTES. Este que entre os hebreus correspondia à sazonal celebração agrícola da FESTA DAS COLHEIRAS, hag haqasir e hag xabu´ot, termos actualmente em desuso, remetendo-se o Pentecostes judaico à comemoração da entrega das Tábuas da Lei, contendo os 10 Mandamentos (Ragas, em sânscrito, Regras, em português), ao Manu Moisés da Sub-Raça Judaica, 50 dias depois do Êxodo desse Povo saindo liberto do Egipto liderado pelo mesmo Manu ou Legislador.

«Quem liderou o Ritual de Pentecostes no Cenáculo de Jerusalém onde os Apóstolos de Cristo estavam reunidos foi MARIA, Mãe de Jesus, ladeada pelas Colunas-Vivas JOÃO EVANGELISTA e MARIA MADALENA, tendo PEDRO E TIAGO como Sub-Colunas. Esse Ritual foi o EPÍLOGO dum outro como INTRODUÇÃO: a Ressurreição dos Mortos (Vivos), logo após a Descida do Espírito Imortal de Cristo aos Infernos ou Interiores Lugares, a SHAMBALLAH mesma. Isso equivaleu à SUBIDA DOS MANASA-PUTRAS (Manasaputras) do Seio da Terra como os NUMERADOS Corpos Imortais dos mesmos Apóstolos de Cristo, constituídos de matéria flogística (Akasha Inferior ou Éter da Terra) pelos próprios KUMARAS nos inícios da 3.ª Raça-Mãe Lemuriana, em número de 777+111, para servirem de corpos físicos aos Seres imateriais (destituídos de matéria densa) da Corte do Quinto Luzeiro ARABEL entretanto “caído na teia fatal do Karma Terreno”, ou como canta a Exaltação ao Graal: “Estrela bendita caída dos Céus”… do Segundo Trono. A INTEGRAÇÃO dos “Vasos de Eleição” (Vas insignis devotionis, da ladainha católica que em absoluto desconhece o seu tremendo significado transcendente) ou MANASAPUTRAS (a dita “Ressurreição dos Mortos” ou subida dos Anjos Terrestres aos seus corpos na Face da Terra – Acção de Kundalini, Terceiro Logos, Espírito Santo ou SHIVA… descendo a Essência Avatárica e subindo a Substância da mesma) nos 12 + 2 Apóstolos ou Adeptos (sim, mais dois, tal qual os dois Planetas ocultos, Urano e Neptuno, pois que Jesus e Madalena também contam, levando-se em conta que o Homem Jesus é um, e o Cristo Deus ou Avatara, é bem outro), imortalizou-os na carne, e definida ficou a sua Missão no Ciclo, assumindo a condição de JIVAS PLANETÁRIOS. Mas faltava-lhe assumir a condição de JIVAS SIDERAIS, isto é, tomar posse dos seus corpos celestes formados da matéria luminosa do Segundo Trono ou Logos (Akasha Médio ou Éter Celeste) pelos ISHVARAS ou LUZEIROS aquando do início da 3.ª Cadeia Planetária, e esse acontecimento adveio depois, precisamente pelo PENTECOSTES…

«O Pentecostes é realmente o Ritual da DESCIDA DOS MATRA-DEVAS, os Anjos ou Corpos Celestes “como se fossem língua de fogo”, descendo como uma cachoeira ou cascata impetuosa de Fohat indo iluminar o Mental dos Apóstolos ou Adeptos e dar-lhes o “Dom das Línguas”, isto é, falarem a Linguagem dos Deuses, logo, expressarem a Sabedoria Divina origem de todos os saberes humanos, ou por outra, “o domínio de todas as línguas do mundo” a partir do SENZAR, a Língua Búdhica, Intuicional ou “Voz do Silêncio” cuja Sonoridade só os Grandes Iniciados ouvem e entendem, por ser o SOM DO SEGUNDO LOGOS, do CRISTO UNIVERSAL interpretado como SABEDORIA e transmitido como REVELAÇÃO. Este é o Dom do Espírito Santo, representado na Mãe Divina,  sim, por se manifestar visível e tangivelmente nesta mesma Terra que é o Corpo Sacrossanto do Terceiro Logos.

 

«Se o Supremo MATRA-DEVA que foi o Avatara CRISTO de Jesus o Iniciado, o purificou, antes, UNGIU com a Água Celeste, simbolizada na do Jordão em que Se fez baptizar, tal facto teve repetição através de MARIA que fez descer sobre o Corpo Apostólico o Fogo Celeste, iluminando-o. LUZ e PUREZA, isto vai bem com o termo BHANTE-JAUL, “Irmão de Pureza”, que é o Adepto Perfeito ou Mestre Real, e o próprio B. J., de JNANA (Sabedoria, Cultura) e BHAKTI (Amor, Carácter), tanto valendo por JAKIM e BOHAZ, também são as iniciais de JERUSALÉM e BELÉM, onde Jesus Cristo (Jeoshua Ben Pandira, o Chrestus… para o CHRISTUS UNIVERSAL) nasceu e morreu, antes, desceu… para depois subir… ressuscitar.

«Antes e após o Pentecostes há duas Ascensões: a de Jesus e a de Maria. E antes dessa de Jesus a sua Ressurreição precedida pela dos Mortos (Vivos). Assim, temos:

«MORTE DE JESUS E RESSURREIÇÃO DOS MORTOS = YAMA (Executivo) e KARUNA (JUDICIÁRIO);

«ASCENSÃO DE JESUS (FOHAT) = ARSHA-NARISHA (Modelador);

«PENTECOSTES = ASTAROTH (Coordenador) e MANU (Legislativo);

«ASCENSÃO DE MARIA (KUNDALINI) = ARDHA-NARISHA, antes, NARI (feminino), pois que se trata do futuro Kumara ANDRÓGINO em formação, ou, como se diz na YOGA UNIVERSAL, “em projecção”.

«Se para a Igreja Católica o Pentecostes tem a validade transcendente da sua fundação, facto que não aconteceu à meia-noite e sim ao MEIO-DIA, muitíssimo mais tem para nós os da Obra do Eterno, que é dizer, TEURGIA, mas aqui correlacionado a um outro PENTECOSTES que integrou definitivamente os verdadeiros MUNINDRAS aos seus “Vasos Insignes”, como diz a ladainha, e garantiu o futuro evolucional da Terra e de quanto nela vive. Passo a descrever o acontecimento que é dos mais importantes da História da nossa Obra:

«No dia 9 de Maio de 1948, às 15 horas, no Templo o Venerável Mestre JHS, como veículo físico do Deus AKBEL, abriu os Portais Celestes do Akasha Médio e daí desceram os 777 MATRA-DEVAS comandados pelo Espírito ou Essência Divina de AKDORGE. Ao descerem em revoada, como se fossem Pombas do Pombal Celeste, fez-se um vento no Templo e uma luz sobre as cabeças dos presentes, que sentiram perpassar-lhe de cima abaixo a Presença Divina dos mesmos MATRA-DEVAS a caminho de Shamballah, indo unir-se aos 777 MANASAPUTRAS, tal qual FOHAT se une com KUNDALINI. Nesse dia os Bhante-Jauls (discípulos dos) de outrora passaram à categoria de MUNINDRAS, e assim quando estes um dia se unirem com os seus MANASAPUTRAS, unem-se ao mesmo tempo com os seus MATRA-DEVAS. E com isto fica tudo dito… mesmo com (quase) tudo por realizar. Vale a alea jacta est, sim, “a sorte (o destino) está lançada”… como também o destino da Igreja de Roma está traçado. Consummatum est! Finis Eclesiae! – ditou o Quinto Bodhisattva MAITREYA ou JEFFERSUS em 1948-49. A Nova Era de Promissão não se faz de gentes e coisas velhas, mais que ultrapassadas pela marcha avante do Ciclo.

«Restam as memórias e símbolos mortos do Passado enterrado, mas que a RELIGIÃO-SABEDORIA (não religião-crença) ministrada e executada no seio da ORDEM DO SANTO GRAAL, com os seus novos e vivos símbolos, ainda assim é a única a puder explicar coerente e correctamente a simbologia do Passado que perfaz a “tradição arcaica” (ultrapassada pela TRADIÇÃO VIVA do NOVO PRAMANTHA ou “Ciclo de Evolução Universal” accionado por AKBEL, Essência Viva animando o próprio CHAKRAVARTI ou MELKITSEDEK, que sabe hoje ser o REI DO MUNDO), pelo que:

«Com o “abrir e fechar dos Portais Celestes do Reino de Deus” se liga a tradição das “portas solsticiais” que dão acesso às duas metades, descendente e ascendente, do ciclo zodiacal que aí têm os seus pontos de partida. Pois bem, os hindus falam em PITRI-YANA e DEVA-YANA, enquanto os cristãos descrevem o SOLSTÍCIO DE VERÃO e o SOLSTÍCIO DE INVERNO, representados respectivamente por SÃO JOÃO BAPTISTA (Caranguejo) e SÃO JOÃO EVANGELISTA (Capricórnio), reproduzindo o JANUS COELIS e o JANUS INFERIUS dos Collegia Fabrorum dos antigos romanos, que aliás representavam os dois aspectos juntos como JANUS (ou YANUS, donde YANA…) BICÉFALO.

«Assim, os Iniciados orientais deram a PITRI-YANA (“Porta dos Homens”) o sentido de “Descida do Espírito à Matéria” (INVOLUÇÃO), associando a tal a Terceira Pessoa da Trimurti, ou seja SHIVA, e a DEVA-YANA (“Porta dos Deuses”) o sentido de “Subida da Matéria ao Espírito” (EVOLUÇÃO), correlacionando-a à Segunda Pessoa da Trimurti ou Trindade, como seja VISHNU. Para os cristãos, SHIVA equivale ao ESPÍRITO SANTO (OMNIPRESENÇA – 3.º Raio) e VISHNU ao FILHO (OMNISCIÊNCIA – 2.º Raio)… enquanto o PAI, BRAHMA, AIN-SUPH, etc., é o ABSOLUTO (OMNIPOTÊNCIA – 1.º Raio), logo, é correlato e subentendido na Presença dessas duas outras Hipóstases como Energia Primordial, ou seja, PRANA revestindo o mesmo AIN-SUPH, SVABHÂVAT ou a SUBSTÂNCIA ABSOLUTA, o famoso “Tudo-Nada” de Spinoza.

«SHIVA ou SIVA, anagramaticamente, AVIS (a Ave GARUDA para os shivaístas, a POMBA para os pentecostais), sendo um Deus Solar (Sol da Terra como 3.º Trono, SHAMBALLAH para os orientais, LABORATÓRIO DO ESPÍRITO SANTO para os ocidentais, para todos os efeitos, o SOL CENTRAL DE BHUMI, a Terra, cujo símbolo hindu da “vaca” que lhe é atribuída, alude à nutrição de tudo e de todos que no Globo vivem como partículas vivas do Corpo do Espírito Santo, ou seja, Shiva) em si mesmo, contudo a sua emblemática é notoriamente Lunar (meia lua, tridente, etc.), logo, é um Deus Luni-Solar. Por quê? Porque como Macho é o Criador, SHIVA, e como Fêmea é a Criação, PARVATI. Sim, todo o Princípio Originador (KARTRI) possui um Aspecto Feminino (SHAKTI) que simboliza e expressa a Força Criadora desse mesmo Princípio. Assim, SARAVASTI é a SHAKTI de BRAHMA; LAKSHAMI é a de VISHNU; PARVATI é a de SHIVA. Essas Três Shaktis Primordiais correspondem às Três Marias no Ocidente, ou melhor, aos Três Atributos da Mãe Divina: MATER DEI (para o PAI, BRAHMA), MATER CHRISTI (para o FILHO, VISHNU), MATER VIRGINIS (para o ESPÍRITO SANTO, SHIVA).

«O Princípio Evolutivo que rege a Terra deriva da acção de SHIVA. Como Princípio Transformador é SHIVA quem modifica os seres e as coisas. O Mundo evolui pela transformação, pela contínua renovação das suas características, e a Força que impele a Evolução é representada por PARVATI, a Shakti de SHIVA.

«Para os Iniciados ocidentais, bem como para os Iluminados orientais, a Evolução executa-se por intermédio de uma Força que põe algo em movimento, ou melhor, põe em movimento tudo quanto existe na Terra, e a qual, por ser particular ao Terceiro Aspecto de Deus, é chamada “Fogo Criador do Espírito Santo”, ou por outra, “Fogo Sagrado (AGNI) do Deus Shiva”. Pois sim,  na Natureza essa Força é PARVATI, e no Homem é KUNDALINI. Com efeito, pela etimologia, temos: Kunda, representando a 3.ª Hipóstase do Logos, ou da Trimurti (donde Trindade), e Lini, significando a “Energia” feminina de Kunda. Temos, assim, que Kundalini é efectivamente Parvati antropomorfizada.

«Segundo a concepção dos sábios hindus, o Princípio Eterno ao manifestar-se revestiu-se gradualmente dos elementos que constituem a tessitura dos 7 Sub-Planos (do Átmico ou Espiritual, como o mais subtil, ao Prakrítico ou Físico denso, como o mais grosseiro) do PLANO FÍSICO CÓSMICO, ou, se preferir-se, de PRAKRITI. Vishnu e Shiva constituem os Pólos Masculino e Feminino da Manifestação (Manvantara), ou seja, Purusha e Prakriti, na terminologia Sankya; Alma e Corpo, na nomenclatura Ocidental; Brahma representa o Espírito, Neutro por excelência. É Atma na terminologia Védica, oposto de Jiva.

«No Homem, a essência do Ser é constituída pelo Jivatma, ou seja, Atma encarcerado nas tramas da matéria, de Jiva. O Espírito do Homem é idêntico, em última análise, ao Espírito Universal (o “Homem feito à imagem e semelhança de Deus”). A única diferença é que aquele se acha revestido de forma grosseira, incapaz de perceber além dos sentidos, e este se acha livre, pairando acima das Águas do Akasha Universal.

«Com isto, termino. Creio que excedi-me indo mais longe do que pretendia inicialmente. Há nesta carta revelações inéditas que, se apreendidas, certamente lhe serão da maior utilidade e realização verdadeira, quiçá, nos Sete Sidhis de Shiva como os mesmos 7 Dons do Espírito Santo:

SABEDORIA (UNIVERSAL)

INTELIGÊNCIA (ESPIRITUAL)

CONSELHO (PONDERAÇÃO)

CIÊNCIA (REFLEXÃO)

FORTALEZA (ÂNIMO, ESPERANÇA)

PIEDADE (AMOR)

TEMOR A DEUS (FÉ).»

Independentemente da acentuada perda hoje em dia do sentido de Espírito Tradicional que subjaz ao Corpus da Igreja, mesmo assim, para o Professor Henrique José de Souza, A Missa demonstra o Androginismo da Evolução a caminho do 5.º Sistema, título da Carta-Revelação de 24.4.1961 pertencente ao Livro da Reconstrução do Pramantha do Ciclo de Aquarius – Livro de Revelações n.º 17 do mesmo JHS, a qual diz:

«A Igreja perdeu o verdadeiro sentido dos seus símbolos. Sim, porque se tal não acontecesse saberia que na Missa (Messe, colheita”, mas também Messias, etc.) está o Grande Mistério. O Sacerdote fica em baixo, ou no mundo, em frente ao altar e pronuncia: “Introibo in altare Dei”. E o Acólito responde: “Ad Deo qui lectifica juventutem meam”. (Consulte-se a frase latina). E depois sobe para o lado esquerdo ou Ida, Lua, etc., onde lê o Evangelho do dia. Passa ao centro ou Sushumna, período de Mercúrio ou Andrógino, em frente ao qual ele esteve enquanto falava de baixo, ao lado do Acólito, que serve de eco à sua VOZ. Nesse lugar, quando chega a hora de consagrar a hóstia e o vinho, “Este é o Meu corpo, comei-o. Este é o Meu sangue, bebei-o”, ele eleva a hóstia, como Primeiro Logos, parte ao meio formando duas partes ou Segundo Logos, e assim as coloca na boca, como Terceiro Logos, pois que indo ter ao seu seio, é como se entrasse no Seio da Terra… Depois que assim se tornou um Andrógino, vai ter a Pingala, lado direito ou Solar… Por fim, terminada a Missa ele diz: “Ita Missa est”. “A Missa está acabada”. Mas isso novamente em baixo. A alegoria está feita: no começo o Homem foi andrógino inconsciente, passando a andrógino consciente no fim. Começo e Fim, ou a Evolução completa da Mónada. E ninguém conhece esse Mistério da Missa, que não é mais do que Iniciação… já perdida pela Igreja.»

Não termino sem referir o signo com que os cristãos se reconhecem entre si, ou seja, o sinal da Cruz. Apesar de já ter aludido várias vezes sobre o seu significado esotérico, contudo vou repeti-lo aqui: quando os católicos traçam sobre si o sinal da Cruz, é norma ignorarem completamente as poderosas Energias invocadas por ele e a profundidade desse mudra ou “gesto místico”. Com o dedo polegar (que nas extremidades do corpo humano é o conduto de Vénus, por sua vez canal do Akasha ou Éter para a Terra) da mão direita, levam-no ao centro da fronte (sobre o Chakra Frontal – Sede da Sabedoria – recebendo o Poder de cima, do Chakra Coronal), afirmando: “Em Nome do Pai”, assim atraindo a Sua Energia Vital, o Prana cuja “veste” é o Akasha, como Quintessência da Natureza; o dedo desce depois verticalmente até ao centro do peito (sobre o Chakra Cardíaco – Sedo do Amor), dizendo: “Do Filho”, evocando-se a Sua Força, Fohat, a Electricidade Cósmica como Fogo Frio Celeste; e logo o dedo sobe ao ombro esquerdo prolongando a linha horizontal até ao ombro direito, passando sobre a laringe, desfechando a evocação: “E do Espírito Santo”, atraindo-se o Seu Poder, Kundalini, o Electromagnetismo Planetário como Fogo Quente Terrestre (manifestando-se Filia Vocis ou Verbo Divino pelo Chakra Laríngeo).

Vêem-se assim os Chakras superiores (do coronal ao coracional, e os quais estão representados nos “sete selos do Livro do Apocalipse”) serem accionados da esquerda para a direita, em rotação destrocêntrica ou solar e expressando de maneira soberba, apesar de velada, a Cruz Flamejante onde a Rosa ideal está ao centro, sobre o Lugar do Verbo.

Aos católicos e demais cristãos que virem a ler este estudo, aconselho ou sugiro a darem mais atenção e consciência ao sublime gesto que traçam, expressor da Santíssima Trindade, invés do habitual e inconsciente costume rotineiro.

Posto quanto considero essencial ao entendimento sério do Espírito Tradicional da Igreja Católica, resta-me votar na alguma valia deste estudo para todos, preferencialmente os cristãos, consumando com a prece da liturgia católica:

A Ti, Ser Perfeito, o Senhor e Amor dos homens, confiamos a nossa vida e esperança. Pois Tu és o Pão Celestial, a Vida de todo o Mundo. Tu está em todos os lugares e susténs todas as coisas. És o Tesouro de infindável Bem e a Fonte de infinita Compaixão. Amém.

 

Obra de referência:

Dogma e Ritual da Igreja e da Maçonaria, por Vitor Manuel Adrião. Editora Dinapress, Lisboa, Setembro de 2002.

O Espírito Tradicional da Maçonaria – Por Vitor Manuel Adrião Domingo, Ago 1 2010 

Se és maçom sou muito mais que maçom – eu sou templário!

Fernando Pessoa, poema São João

Quando se fala em Maçonaria actualmente, o mundo profano, leigo e laico, pensa de imediato numa agremiação semi-secreta de politólogos e intelectuais quase exclusivamente preocupados e inconformados com algum e todo o sistema sócio-económico que não seja exclusivamente o seu. Na perspectiva restrita da visão profana, aliás sendo a única dos inimigos da Ordem Maçónica, inclusive por parte de certos sectores religiosos, ainda assim isso é relativamente verdade, e verdade porque:

a) A Maçonaria ao deixar de ser Operativa, a partir dos inícios do século XVIII (24.06.1717) foi invadida por elementos humanos aburguesados cuja maioria não possuía a mínima qualificação espiritual, verdadeiramente iniciática, que a viriam a transformar numa sociedade especulativa, teórica e simbólica.

b) Isso aumentou no século XIX e cimentou-se no século XX, razão porque hoje poucos maçons, sendo os muitos uma “casca sem fruto”, sabem realmente o que seja a Maçonaria Iniciática e qual foi o seu Passado glorioso cujas Luzes a esse iluminaram.

Nisso se baseiam os inimigos, abertos ou velados, da Maçonaria, obviamente nada sabendo do que ela seja realmente, sendo facto incontestável que a maioria dos detractores nunca pisou o chão de uma Loja maçónica, consequentemente, nada sabe do seja efectivamente o Espírito Tradicional Maçónico, com o seu complexo sistema de símbolos e emblemas repartidos ao longo de 33 Graus (no Rito Escocês Antigo e Aceite) e que vem a constituir o seu corpus doutrinário efectivo, interpretado segundo a capacidade moral e intelectual de cada maçom.

As raízes iniciáticas da Maçonaria valem infinitamente mais que as suas aparências mundanas d´hoje e perpassam a toda a linha todo e qualquer conceito e preconceito dela ser mera «agremiação de políticos ambiciosos e intelectuais especuladores, sem mais e nenhuma valia tradicional ou espiritual». Essas raízes assentam nos primitivos Templos do Egipto e da Índia, chegando mesmo aos tempos da longínqua Atlântida. Nessas épocas de fausto espiritual houveram verdadeiras Confrarias Iniciáticas cujos participes conheciam os segredos do Espírito e da Matéria, e, como grandes construtores, a eles se devem os sumptuosos templos, palácios e castelos moldados segundo os arquétipos da Beleza Universal, os quais se espalham pelo mundo recuando a veneranda Antiguidade perdendo-se na poeira dos tempos.

Os homens e mulheres iniciados operáticos constituíam sempre, em toda e qualquer Confraria verdadeiramente Iniciática, a facção operativa do Trabalho da Matéria, detendo os segredos da Arquitectura Sagrada, Arte Real herdada dos primitivos Rishis ou Reis Divinos da fadada Atlântida, esta que no mapa antropológico preencheu o Terciário e boa parte do Quaternário. Essa facção operática possuía os seus símbolos, sinais de reconhecimento e palavras de passe, para os membros efectivos se reconhecerem entre si e saberem quem era dos seus e quem não passava de estranho no seu meio, assim descartando o risco de eventualmente os segredos d´Arte caírem na posse de profanos despreparados. Esta é a origem e finalidade exotérica da simbologia visual, gestual e verbal da Maçonaria. A finalidade esotérica aplica-se ao desenvolvimento da consciência através desses mesmos símbolos correspondendo a realidades de ordem espiritual e a estados afins de realização consciencial.

A facção operativa no plano imediato, portanto, MAÇÓNICA, constituía-se na vertente avançada defensiva ou TRIBUTÁRIA daquela outra interna que era a TEMPLÁRIA, destinada à Obra subjectiva no Plano do Espírito, sendo a verdadeira Matriz dos construtores livres cujos conhecimentos provinham directamente do Templo.

Posto assim, a MAÇONARIA estava para o Plano da Matéria (Prakriti, assinalado pelo esquadro) e o TEMPLARISMO para o Plano do Espírito (Purusha, indicado pelo compasso). Dessa maneira vê-se, na Idade Média, a Igreja ao lado dos monges-construtores – herdeiros dos conhecimentos dos antigos Collegia Fabrorum romanos – tendo como Patrono São João Baptista, vindo a nascer dessas agremiações operativas medievais as Lojas de São João, na época chamadas Confrarias que, mesmo sendo maioritariamente eclesiais, não deixavam de abrigar liberi muratori, isto é, construtores livres. Tal facto ainda hoje está assinalado simbolicamente na chamada Maçonaria Azul, composta dos primeiros três Graus fundamentais, que no Passado eram os únicos: MestreCompanheiro Aprendiz.

Esses três títulos eram inicialmente os designativos do Ofício de Construtor (em inglês, freemason, “pedreiro livre”; em francês, maçon, “pedreiro”; em grego, tekton, “construtor”, ou arke tekton, “arquitecto”. São José, pressuposto “pai” de Jesus, era um arke tekton, mas que os tradutores da Escritura do grego para o latino interpretaram como “carpinteiro”, invés de “arquitecto”. Mesmo assim pode-se interpretar como sendo aquele que levanta traves sobre as pedras do Templo do Supremo Arquitecto), e ainda hoje são utilizados na construção civil: OficialServenteAprendiz.

Convento de Cristo, Tomar – Vestígio da primitiva Maçonaria Operativa

Maçonaria é, pois, a Bela Arte de fazer cantar a pedra e soerguer madeiros no alevantamento do Templo do Eterno Deus Vivo, Único e Verdadeiro, reflexo do Templo de Luz ou Jerusalém Celeste que é a Alma aprimorada de cada Obreiro, e tal vai ao encontro do próprio significado etimológico de Maçonaria que, em sua essência última, é Maha-Sun, a Grande Luz.

A função psicossocial da Maçonaria Especulativa, motivo principal da sua fundação no século XVIII, era a de laborar pela regeneração mental e moral do Género Humano ensinando-o a lapidar a pedra bruta da sua personalidade mortal na pedra cúbica da sua individualidade imortal, indo assim lançar as sementes no terreno social capazes de frutificarem como uma Sociedade Humana mais Justa e Perfeita que a actual. Isso em conformidade aos ensinamentos promanados da Igreja, ou melhor, do Templo, dessa maneira tendo o Poder Temporal vassalando a Autoridade Espiritual, sendo essa a razão objectiva da Maçonaria também ser designada Arte Real antes de 27.12.1774, quando o Grande Oriente de França lhe alterou o nome para Franco-Maçonaria.

É a própria Helena Petrovna Blavatsky (in As origens do Ritual na Igreja e na Maçonaria) a corroborar quanto venho dizendo:

«Ainda que não se possa reportar ao testemunho da História, é no entanto um facto histórico – pois um grande número de factos relatados pelos antigos escritores o corrobora – ter o Ritual da Igreja e da Franco-Maçonaria brotado da mesma fonte e se desenvolvido de mãos dadas…

«A Maçonaria era simplesmente, em sua origem, um Gnosticismo arcaico ou um Cristianismo esotérico primitivo.»

Ora a Cristandade medieval possuía como depositária do seu Espírito Tradicional a Ordem dos Cavaleiros Pobres de Cristo e do Templo de Salomão, vulgo Ordem dos Templários (1118-1312), que apadrinhou e protegeu a Maçonaria Operativa dos Monges-Construtores (a maioria da Ordem de São Bernardo de Claraval), estes que deixaram à posteridade o seu legado espiritual talhado na pedra muda e esfíngica das grandes catedrais românicas e góticas. Dos Monges-Construtores saíram os Mestres-Canteiros e mesmo os Rosa+Cruzes no início do século XIV, os quais perduraram brilhantemente até ao final do século XVII, surgindo no segundo decénio da centúria seguinte (1717), já devidamente organizada, a Maçonaria Especulativa, cujas bases filosóficas originais eram sobretudo teúrgicas e alquímicas, gnósticas e cabalísticas, como se irá verificar mais adiante, sendo essa a herança tradicional das suas antecessoras.

Ainda este ano (2010) tive oportunidade de responder numa carta pessoal o seguinte que vem ao encontro deste tema:

«Os primitivos Monges-Construtores tendo recolhido nas fontes gregas neo-pitagóricas os saberes tradicionais da geometria e aritmética que aplicaram na geomância indo resultar na chamada arquitectura sagrada que caracteriza a feitura e disposição canónica dos grandes monumentos do românico e do gótico, assim como a orientação de palácios e castelos e a própria disposição geomântica dos burgos medievais o que se acha conformado aos princípios geomânticos das leys, estabelecendo as normas para a inter-relação entre o Visível e o Invisível, o Mundo Humano e o Espiritual, dizia, todos esses conhecimentos teóricos e práticos faziam parte do corpus primitivo da chamada Maçonaria Operática dos ditos Monges-Construtores, que não se chamava “Maçonaria” (termo francês tardio exportado para o inglês) mas “Arte Real”, sobretudo por esses religiosos eruditos estarem aos serviço das Coroas, apesar de isentados da chancela das mesmas que se limitavam a proteger política e juridicamente esses vassalos do Papa chefe supremo da Igreja a que pertenciam. Isto como facto objectivo indesmentível, mas que não é a única explicação. Arte Real é também nome dado à Alquimia como Suprema Arte cuja realeza estava em saber marear os elementos e fazer cantar a pedra com que se ergueram templos e castelos a partir da fundamental…

«Primeiro PEDRA BRUTA ou TOSCA, que ficava a cargo do aprendiz da Arte encarregue de a desbastar, para depois ser PEDRA POLIDA ou CÚBICA pelo servente do oficial ou mestre pedreiro que a dispunha no lugar certo, tudo em volta da PEDRA ANGULAR “nó górgio” de todo o edifício. Esses Monges-Construtores, imbuídos das ideias gnósticas exportadas da bacia mediterrânica, sobretudo da Grécia, para a restante Europa, cedo aliaram o aspecto teologal ao sapiencial do Hermetismo, implantando formas grotescas do bestiário medieval em lugares estratégicos dos monumentos, acrescentando ao sentido imediato de catequese o substrato de gnose. É assim que aparecem em muitos templos e castelos símbolos e emblemas retratando a ideia de Paraergon (Alquimia) e Ergon (Teurgia), mas também podendo ser lidos pelo vulgo como simples objectos de catequese ou, então, nem isso, o não passar de recreação lúdica dos sentidos como formas decorativas. Realmente nem todos os símbolos que aparecem nos monumentos medievais e renascentistas são de cariz hermético/alquímico. Fazem parte do bestiário sem outro sentido. Mas também aparece simbologia notadamente hermética/alquímica herdada dos saberes alexandrinos exportados da Grécia. Resta saber distinguir entre uns e outros pela posse do conhecimento exacto dos símbolos e seus significados. Senão há o risco de ver simbologia hermética em tudo quanto transcorra do bestiário sobrenatural e das formações plásticas do santoral e catequese.

Mosteiro da Batalha – o Mestre-Construtor no canto angular

«Essa simbologia medieval dos Monges-Construtores, assim como a renascentista dos Mestres-Canteiros, vazou parcialmente na Maçonaria Especulativa e Simbólica do século XVIII, nomeadamente a simbologia das 3 Pedras, assim consideradas:

Pedra Bruta = Aprendiz (a largura, a base ou solo)

Pedra Cúbica = Companheiro (o comprimento, a nave)

Pedra Pontiaguda = Mestre (a altura, o zimbório)

«Essa última expressa a “quintessência mineral”, assinalada pelo azoth alquímico que é a “quintessência natural” como éter, simbolizada na Pedra Cúbica Pontiaguda ou Piramidal, que na Maçonaria corresponde ao Mestre-Perfeito. Os chamados graus filosóficos ou alquímicos da Maçonaria Hermética, e que era a original dos seus Fundadores, os Superiores Incógnitos ou Príncipes Kadosh, os Mestres Reais Justos e Perfeitos da Humanidade constituintes da Grande Loja Oculta do Mundo, descrevem a Pedra Pontiaguda da seguinte maneira, segundo Joaquim Gervásio de Figueiredo no seu Dicionário de Maçonaria:

«É um cubo com uma pirâmide sobreposta, cujo simbolismo se acrescenta ao primeiro. Com outras novas superfícies, reúne em si a perfeição do cubo e a ascensão harmónica da pirâmide de base quadrangular. Abrindo o cubo e a pirâmide, estendendo os seus braços e sobrepondo os da segunda aos do primeiro, obtém-se a união das duas cruzes como símbolo duplo de Matéria e Espírito, Forma e Vida, Natureza e Divindade. A primeira é formada pelos cinco quadrados ou superfícies inferiores do cubo, e a segunda pelos quatro triângulos da pirâmide. A cruz engendrada do cubo, de braços quadriláteros, é a da Natureza Física, que comummente se admite como decomponível em cinco elementos: terra, água, fogo, ar e éter; e a derivada da pirâmide, de braços triangulares ou ternários emanando de um ponto central (o vértice da pirâmide), é a Cruz Filosófica ou Espiritual, expressão tretágona da Divindade Trina «crucificada» na Matéria, para, por Seu «sacrifício», dominá-la, espiritualizá-la e contê-la num veículo perfeito da Vida Una e Divina, o Espírito.»

«Tudo isso leva à Purificação, Iluminação e Perfeição, as três etapas do progresso místico reconhecidas pela primitiva Igreja Cristã, as quais correspondem aos três primeiros graus simbólicos da Maçonaria: Aprendiz, Companheiro e Mestre, apesar de actualmente o Cristianismo parecer adoptar apenas a primeira etapa, a da Purificação, pois considera a sua maior glória a formação de santos, ainda que não pensassem assim os primitivos Padres Apostólicos, pois uma virtude não poderá existir isoladamente das restantes duas. O objectivo essencial da primeira etapa é o domínio das paixões. Após haver dado prova nesse sentido, o Aprendiz passa para a segunda etapa, a do conhecimento ou instrução, e vencida esta, o Companheiro galga a terceira etapa, a de Mestre Maçom ou dos Perfeitos a que alude S. Paulo (I Coríntios, 2;6 e 3:10): “Entretanto falamos Sabedoria entre os Perfeitos, porém, não a sabedoria deste mundo”. Sabedoria ou Sophia é a mesma Gnose grega adoptada por S. Paulo e que vem a ser, na época, a Theo-Sophia, isto é, TEOSOFIA. E ainda, para terminar: “Lancei o fundamento como Sábio Construtor”. Construtor do Templo Espiritual onde a Alma Universal haverá de reinar… e esta deve ser a última e suprema meta da actual Maçonaria: a da realização mística dos seus membros pela aplicação dos seus símbolos feitos vivos no exercício que lhes dão no ritual interno expresso no externo, cada vez mais intensamente no gradual dos seus 33 passos, rumo à realização final da Jerusalém Celeste ou o estado da tríplice Mónada (Nous) em formação em um e todos. Esta é que é a verdadeira Maçonaria Hermética ou Alquímica, e é esta a sua finalidade: a de levar o Aprendiz a ser um dia Mestre Justo e Perfeito, verdadeiro Superior Incógnito, divino Encoberto dirigindo os humanos destinos.»

Os antigos Templários vinham a ser, na sua ala joanina mais interna ou reservada, uma exteriorização da acção global da Excelsa Fraternidade Branca ou Grande Loja Oculta, que alguns raros conhecem na Europa como Ordem de Mariz, Ordem dos Cavaleiros do Espírito Santo ou ainda Cruzeiro Mágico a Luzir, e sobre isto recorro novamente a H. P. Blavatsky (in Ísis Sem Véu, tomo IV):

«A Ordem do Templo foi a última sociedade secreta que possuiu colect6ivamente alguns dos Mistérios Orientais, ainda que tanto no século passado (Setecentos) como nos nossos dias (Oitocentos) houvesse, e talvez ainda hajam, “irmãos” isolados que fiel e secretamente trabalharam sob a direcção das Fraternidades Orientais e que ao filiarem-se a alguma associação maçónica da Europa a instruíssem em tudo o que de importante têm sabido os maçons, o que explica a analogia entre os Mistérios da Antiguidade e os Graus Superiores da Maçonaria. Estes misteriosos irmãos jamais desvelaram, nem mesmo entre si, os segredos da associação a que se filiavam, pois eram muito mais sigilosos que os próprios maçons, e quando consideravam algum destes digno da sua confiança iniciavam-no secretamente nos Mistérios Orientais, sem que os outros suspeitassem de uma só palavra mais do que sabiam.

«A Ordem do Templo foi instituída no ano de 1118 por Hugo de Payens e Godofredo de Saint-Omer com o propósito aparente de proteger os peregrinos a Jerusalém, porém, com o verdadeiro objectivo de restaurar o primitivo Culto Secreto. Teocletes, sumo-sacerdote dos nazarenos joanitas, instruiu Hugo de Payens na verdadeira história de Jesus e do Cristianismo primitivo, e posteriormente outros dignitários da mesma Confraria iniciaram-no nos seus Mistérios. O seu desígnio oculto era libertar o Pensamento e restaurar a Religião Única e Universal. Por princípio faziam votos de pobreza, castidade e obediência, de modo que foram os verdadeiros discípulos do Baptista. Tal é a verdadeira e tradicional versão cabalística.

«É um erro crer que a Ordem dos Templários não se declarou contra o dogma católico até aos seus últimos tempos, pois desde o princípio foi herética no sentido que a Igreja dá a esta palavra. A cruz vermelha sobre o manto branco simbolizava, como entre os Iniciados dos demais países, os quatro pontos cardeais do Universo. Quando mais tarde a Ordem tomou o carácter de Loja e começaram as perseguições, os Templários tiveram de reunir-se muito secretamente nas Salas Capitulares, e para maior segurança nas grutas situadas nos bosques, com a finalidade de praticar as cerimónias próprias da sua Instituição, enquanto nas capelas públicas celebravam o culto católico.

«Quanto aos modernos cavaleiros templários e às Lojas maçónicas que pretendem descender directamente da antiga Ordem do Templo, não possuem nem nunca possuíram nenhum segredo perigoso para a Igreja, cuja perseguição contra eles teve desde o início aparências de farsa, pois, segundo disse Findel, os graus escoceses, ou seja, a ordenação templária, datam tão-só dos anos de 1735 a 1740, e seguindo as suas tendências católicas, estabeleceram a sua residência principal no colégio dos jesuítas de Clermont, em Paris, pelo que se lhe denominou rito de Clermont.»

Já disse que primitivamente MAÇONARIA E TEMPLARISMO (não confundir com o Templismo paródico a que se refere H.P.B., pois que o Templarismo iniciático era assumido pela ala joanina da Igreja, por raro mas distinto escol de Iniciados nos Mistérios da Tradição Primordial) era uma só e mesma coisa. Antanho, Loja e Templo eram sinónimos e destinavam-se ao Culto do Deus Único como Supremo Arquitecto manifestado na Mãe-Natureza. Havia a Harmonia da Sabedoria Divina manifesta para tudo e todos onde houvesse um Templo ou Loja, no louvor ritual à Maior Glória do Criador, da Criação e da Criatura.

É novamente H. P. Blavatsky (in As Origens do Ritual na Igreja e na Maçonaria) a reforçar quanto venho dizendo:

«Prestemos alguns momentos de atenção às assembleias dos “Construtores do Templo Superior” nos primeiros tempos do Cristianismo. Ragon mostrou-nos plenamente a origem dos seguintes termos:

«a) A palavra “Missa” vem do latim Messis – “colheita”, donde o nome do Messias, aquele que faz amadurecer as colheitas – “Cristo-Sol”.

«b) A palavra “Loja”, da qual se servem os maçons, fracos sucessores dos Iniciados, toma a sua raiz em loga (loka, em sânscrito), uma localidade e um mundo; e do grego logos – a palavra, um discurso, cujo pleno significado é: – um lugar onde certas coisas são discutidas.

«c) As reuniões dos logos dos Maçons, primitivos Iniciados, acabaram sendo chamadas synaxis, “assembleias” de Irmãos, com o fim de rezar e celebrar a Ceia, onde eram utilizadas somente as oferendas não manchadas de sangue, tais como os frutos e cereais. Logo depois essas oferendas foram chamadas hostiae, ou hóstias puras e sagradas, em contraste com os sacrifícios impuros, e porque as oferendas consistiam de frutos da colheita, as primícias de messis.

«A palavra synaxis tinha o seu equivalente entre os gregos na palavra agyrmos (reunião de homens, assembleia). Referia-se à Iniciação nos Mistérios. As duas palavras synaxis e agyrmos caíram em desuso, e a palavra missa prevaleceu e ficou.»

Se a Índia é o berço lunar da Tradição Oriental, o Egipto é o berço solar da Tradição Ocidental, e era aí que primitivamente, para ser iniciado nos Mistérios Sagrados, o neófito era submetido a uma série de provações destinadas a experimentar o quilate do seu carácter e a vontade em se tornar real e definitivamente um Iniciado (Epoptae). Essas provas correspondiam aos diversos elementos da Natureza em correspondência com aqueles do candidato, sendo de uma dureza tal que não raro se perdia a vida no seu decurso. As simulações efectuadas no decorrer das actuais iniciações maçónicas, têm a sua inspiração nas provas reais realizadas outrora nos subterrâneos da Grande Pirâmide de Kheops, no vale de Gizeh. Sobre isso, fala o Insigne Adepto Koot Hoomi Lal Sing em carta datada de 1884 (in Lettres des Mahatmas, obra por mim já traduzida para a língua portuguesa):

«Nas Lojas Maçónicas de outrora o neófito era submetido a uma série de provas dolorosas de constância, de coragem e de presença de espírito. Com a ajuda de impressões psicológicas reforçadas por meios mecânicos e químicos, faziam-no acreditar que caía nem precipícios, que era esmagado por rochas, que atravessava pontos aracnídeos suspensos nos ares, que passava através do fogo, que se afogava e era atacado por bestas selvagens. Essa era uma reminiscência dos Mistérios Egípcios a qual tomaram de empréstimo para o seu programa. Tendo o Ocidente perdido os segredos do Oriente, foi obrigado a recorrer ao artifício. Mas, nos nossos dias, a vulgarização da Ciência fez cair essas provas infantis em desuso. Os únicos assaltos que agora atingem o aspirante são os assaltos psicológicos. A série de provas que ele sofre – na Europa e na Índia – é aquela provocada pela Raja-Yoga; ela tem por resultado desenvolver todas as sementes, boas e más, que haja nele, em seu temperamento. A Regra é inflexível e ninguém lhe escapa. Tal como a onda não pode fazer o rochedo frutificar, igualmente o ensinamento oculto não produz efeito num mental não-receptivo; e tal como a água desenvolve o calor na cal, o ensinamento leva ao máximo de actividade cada potencialidade latente insuspeita para o aspirante.»

É facto incontestável que hoje em dia muitas Lojas da Maçonaria Especulativa restringem-se a actividades «laicas e republicanas» (!!!) com primor para a política social e económica, valências soltas dum mais amplo propósito Sinárquico que parece esquecido, e desprimor do seu Espírito Tradicional, verdadeiramente Espiritual, o que tem arrastado à perda quase por completo do seu sentido original iniciático e divinizador, a ponto de para largo número de maçons toda a sua vasta e riquíssima simbologia e falerística patentes nas alfaias d´Obra significar tão-só “objectos de decoro conformado ao costume”, este que é o pior inimigo da Tradição, pois que é o hábito enraizado vazio de transcendente conformado ao simples ao acto mecânico. É assim que observo em certas Lojas chegar-se ao extremo ateísta de pôr em dúvida a existência da Divindade Suprema – o G.rande A.rquitecto D.o U.niverso (GADU), que os inimigos viscerais da Maçonaria vêm interpretando como gado, ou seja, um animal diabólico adorado por ela no segredo das suas reuniões.

Essa e outras teorias fantásticas, mentiras injuriosas nascidas do ódio jesuítico à Tradição que manda haver liberdade de pensamento para o Homem, merece ser aqui esclarecida pela boa Teosofia. O GADU ou Boi nada mais é senão Vach, a Vaca nutridora, isto é, o Verbo Divino que “se fez Carne”, manifestou-se como Logos Criador na forma de Vach ou Bhumi, a própria Mãe-Terra criada pelo mesmo Supremo Arquitecto (VISVANKARMAN) deste 4.º Sistema de Evolução Universal tendo por centro de actividade o Globo em que todos vivemos e temos o Ser. Ademais, na presente 4.ª Ronda da 4.ª Cadeia o Totem Planetário é precisamente o Boi, antes, o Touro, símbolos zoomórficos do Trabalho e da Fecundidade do Deus Único e Verdadeiro tão bem representado pela letra gótica G.

A despeito das «ratas» cometidas por demasiados maçons e não-maçons, a verdade é que a Maçonaria Especulativa herda o vasto património do sistema de símbolos e alegorias cuja finalidade, segundo Foster Bailey in L´Esprit de la Maçonnerie, é transmitir:

«a) A Revelação do Desígnio subjacente do Grande Arquitecto do Universo, porque, quando o Templo do Senhor é construído, a Sua Sabedoria, a Sua Força e a Sua Beleza podem brilhar em todas as direcções e a Glória de Deus ser revelada.

«b) A Inspiração ao indivíduo. Quando o homem procura proceder correctamente e com bem em suas tarefas e na sua vida, a Maçonaria torna-se um meio pelo qual ele pode participar do colectivo, em defesa de seus irmãos maçons, do enriquecimento da Loja e do embelezamento desse Centro da Grande Loja do Mundo na qual cada maçom tem a sua função a exercer, pela adesão aos princípios maçónicos, a sua ilustração da tradição maçónica e a sua perseverante preparação para o episódio final no qual faz face à morte e alcança a ressurreição pela sua fé em Deus, pela sua paciência na aflição e pelo seu conhecimento das leis governativas do trabalho maçónico.

«c) A Informação Profética. Detrás de todo o trabalho maçónico e subjacente a todos os rituais e ao seu simbolismo, alguém pode encontrar (aquele que procura e tem “olhos de ver”) uma forma da Verdade que resume o Passado da Humanidade, mostra o Presente e garante profeticamente o Futuro. Isto é de menor importância em comparação com a aplicação prática imediata da Maçonaria, mas tem a sua utilidade e o seu objectivo porque permite aos maçons avançarem com coragem e optimismo.»

Voto sinceramente na boa valia destas linhas para quantos maçons e não-maçons venham a lê-las, desvelando parte do lado oculto, mas que é o mais real, da Maçonaria e da Igreja, porque, em boa verdade e usando das palavras do Insigne Adepto que se oculta no pseudónimo Fra Diávolo, sem Teurgia e Teosofia nada são!

A Maçonaria e a Igreja jamais foram filhas desavindas da Tradição Iniciática das Idades, a não ser nas acções parcas de carácter e cultura de alguns, tanto despreparados para a vivência sacerdotal quanto desqualificados para a vivência mestreal, mesmo que só simbólica, facto acentuado no século XVIII com a aparição da filha do mecanicismo seiscentista: o racionalismo dialéctico, primeira versão do materialismo «científico», má inculcação dada aos ensinamentos promanados do Colégio dos Invisíveis que se exteriorizou, no século XVII, como Sociedade Real de Londres, matriz da Academia contemporânea, sob a qual se abrigaram enciclopedistas e positivistas que deram às ciências experimentais ou empíricas o traço dominante exclusivo de positivismo ateu, factor muito recente completamente estranho a todas as formas e fórmulas tradicionais de fazer ciência que nada recusa a priori, antes, investiga desapaixonadamente, sabendo-se que toda a negação pressupõe a existência do negado.

Na sequência do sentido esotérico dos símbolos e alegorias, igualmente os instrumentos fundamentais do Trabalho Maçónico para a edificação do Homem Superior (o Jivatmã como “Vida-Consciência”), com os seus respectivos significados místicos, são doze, como os descreve Jorge Adoum (in Grau do Companheiro e seus Mistérios):

«O MALHETE é A Fortaleza.

O CINZEL é a Determinação.

A RÉGUA é o Equilíbrio.

O COMPASSO é a Harmonia dos Pólos.

A ALAVANCA é a Potência e a Resistência.

O ESQUADRO é o TAU, é a Experiência e o Acerto.

O PRUMO é o Ideal realizador para o Mundo.

O NÍVEL é o Esforço, a Superação e o Equilíbrio.

A TROLHA (colher de pedreiro) é o Serviço e a Caridade.

A ESPADA é o Poder do Verbo Criador.

A PRANCHA é o Saber.

A CORDA COM NÓS é o Laço de União com o Deus Íntimo.»

Todas essas alfaias provêm dos primitivos construtores que, ao mesmo tempo que erguiam pedra a pedra a catedral exterior, levantavam virtude a virtude a catedral interior, afinal, o Templo Vivo de Deus Íntimo.

Os primitivos maçons operativos criaram uma série de princípios-limites, os chamados antigos Landmarks, pelos quais se nortearam, sendo depois adaptados e versados ao sistema moral da Maçonaria Moderna e que constituem a sua Regra. São princípios universais que inspiraram desde a criação da Carta Magna dos Estados Unidos da América do Norte à Carta dos Direitos Humanos e até aos princípios humanitários da Cruz Vermelha e do Escotismo. São eles:

1. A crença em Deus como Grande Arquitecto do Universo.

2. A crença que Deus se exprime no seu Universo como Sabedoria, Força e Beleza, os “3 Pilares” da Maçonaria.

3. A crença maçónica na Imortalidade.

4. A lenda de Hiram Abiff expressa para o 3.º Grau de Mestre.

5. Os 3 Graus da Loja Azul (Maçonaria Simbólica).

6. Todos os variados modos de reconhecimento.

7. As grandes “3 Luzes” sobre o Altar: um Livro Sagrado (Bíblia, Alcorão, Bhagavad-Gïta, etc.), o Esquadro e o Compasso.

8. Todos os homens são iguais, em sua divindade.

9. Sete Maçons constituem uma Loja Maçónica.

10. Preservação dos segredos da Maçonaria.

11. Cada Loja deve ter um telhado, para que esteja “coberta e telhada”.

12. A governação da Fraternidade Maçónica por um Grande Mestre, e da Loja por um Venerável Mestre.

13. A necessidade para os Maçons de trabalhar em grupo nas Lojas.

14. Nenhum destes Landmarks vez alguma poderá ser mudado.

Em 1750 a Maçonaria Lusitana fez circular por todo o País e por toda a Espanha os seguintes Landmarks ou Artigos de Fé Maçónica, em que definia a actuação da Maçonaria Universal junto da Sociedade Humana:

1. Crê em Deus, G.rande A.rquitecto D.o U.niverso, Ser Único Absoluto, que existe por si; Ser Único completo, que reúne em si toda a Essência, toda a Perfeição da Essência, e origem de tudo quanto existe.

2. Crê na imortalidade da Alma, Cintilância de Deus, Essência perceptível até chegar ao seu término, que é o Bem Absoluto.

3. Respeita todas as práticas religiosas, que a moral consente, porque quer que seja respeitada a que estime oportuna em consciência.

4. Respeita e acata os poderes constituídos, quaisquer que estes sejam, e proíbe toda a insurreição, por entender que assim encontrará a base do progresso e do bem-estar social.

5. Crê que a caridade há-de ser a norma dos seus associados, e o amor a Deus e ao próximo o termo final de todos os seus trabalhos.

6. Deseja igualdade de direito e de deveres em todo o Género Humano, posto que todos descendemos de Origem idêntica.

7. Deseja que todos, absolutamente todos, os indivíduos, desfrutem de liberdade para pensar e trabalhar dentro da lei moral.

8. Aspira a que seja um facto a Fraternidade Universal, por crer que sem ela é impossível a paz, o progresso e a perfeição.

9. Aspira a que a pena de morte seja apagada dos códigos penais, pois ninguém tem o direito de tirar o que dar não pode.

10. Deseja que a educação se difunda por todas as classes sociais, a fim de que todos compreendam os seus deveres e direitos.

11. Deseja que todos os homens sejam livres, benéficos, desinteressados, sociáveis, dignos e humildes.

12. Deseja que a educação moral dos povos seja uma verdade, a fim de evitar diferenças de posição, nacionalidade, classes e raças.

13. Deseja uma educação liberal para a mulher, a fim de constituir a base fundamental de uma sociedade digna do seu Criador.

14. Estas são, em resumo, as crenças e aspirações da Maçonaria, e para se conseguir o seu estabelecimento se dirigem todos os seus trabalhos.

O inimigo declarado da Franco-Maçonaria, Eduardo Comin Colomer, na sua obra La Masoneria en España (Apuntes para una interpretación masonica de la Historia Patria), Editora Nacional, Madrid, 1944, atacando a ela sem dó nem piedade acaba revelando qual era o Credo Maçónico postulado na Península Ibérica desde 1750, devendo ter sabido dele através dos espiões de Franco e Salazar:

I. Creio em um só Deus, Todo-Poderoso, nosso PAI e Criador, Supremo Arquitecto do Universo. Primeiro Grão-Mestre de toda a Maçonaria, Sábio, Justo, Princípio e Fim dos homens e de todas as coisas. Em Deus FILHO, que alguns pensam ser a personificação das Obras do Ser Supremo. Em Deus ESPÍRITO SANTO, que o é pelo Amor que tem às suas criaturas.

II. Creio em Jesus Cristo, não como Deus e Homem, mas sim como simplesmente Homem, ainda que não vulgar, pois em meu conceito foi Maçom e muito avançado, posto que regenerou a Maçonaria levantando-a ao mais alto grau até então conhecido; porque se a nossa Instituição se albergava nos Templos dos Sacerdotes antigos, é preciso convir que estava muito abatida, a julgar pela corrupção do Sacerdócio, e Jesus Cristo, vendo isso, procurou e achou a verdadeira Maçonaria, quase perdida de todo. O que já se suspeita no objectivo do Grau 18, pois tem a Cruz, símbolo dos sofrimentos de Jesus Cristo.

III. Creio na Igreja Católica, não a romana, nem a protestante, nem nenhuma dessas, e sim na Universal, oculta na Maçonaria, e revelada em numerosos sinais, toques, palavras, etc., não se devendo ver em sua superfície e sim em seu mistério e explicação. Bendito o Maçom que estuda e aprofunda.

IV. Creio na Comunhão dos Santos, não como se define vulgarmente e sim a designada pelo seu verdadeiro nome, isto é, Fraternidade Universal, que há-de chegar a ser comum a todos os homens, os quais terão de ser um dia Justos. Esta é a Comunhão ou União Comum dos Santos de que falo.

V. Creio no perdão dos pecados, não só pelo sangue derramado dos nossos Irmãos que morreram pelo Mestre Jesus Cristo, mas também pela tolerância e esquecimento total das ofensas a mim e aos meus Irmãos, nas quais entra também o Grão-Mestre Universal, o G.rande A.rquitecto D.o U.niverso.

VI. Creio na ressurreição da carne, não a do nosso corpo mortal, morto para a nossa alma, e sim na Perfeição a que todos teremos de chegar na Ordem Maçónica, ou seja, a ressurreição moral.

VII. Creio na vida perdurável, isto é, na nossa Eternidade e na do G.rande A.rquitecto D.o U.niverso, pois não pode convir que acabamos onde morremos, nem que teremos de permanecer eternamente nesta morte para a Verdade em que jaze tristemente o Género Humano.

Todos esses princípios são nobilíssimos aplicáveis a todos os povos, vindo provar possuir a Maçonaria em seu escrínio muitíssima mais Nobreza e Perfeição do que as presumidas por certos «maçons agnósticos e laicos» (!!!), que muito melhor fariam desquitar-se definitivamente da Ordem do que continuar manchando-a com as suas palavras e acções que enchem de gáudio feroz os anti e contra Maçonaria, por norma sequazes católicos romanos armados da política social da sua Igreja, mas em cujo rol também se incluem comunistas cujo partido é autêntica «sociedade secreta», seja trotskista anarquista, seja leninista sindicalista, para todos os efeitos, fábricas de ditaduras psicossociais matando toda a noção de Divino e ficando só o que quer que seja. Mas toda a sociedade humana ausente de Divino é uma sociedade perdida, pois o seu tecido humano apodrece cedo em seus limites estreitos, desprovido de esperança e solução de futuro espiritual, como é notório, por exemplo, no comportamento social de todos os povos do Mar das Antilhas, do Golfo do México ou de vários países asiáticos e africanos.

A Ordem Maçónica desde a primeira hora que está confirmada e reconhecida pela Grande Loja Oculta ou Excelsa Fraternidade Branca, pois é uma Corrente Tradicional afiliada em todas as agremiações operativas do Passado cuja memória chega ao Presente. Alguns Adeptos Vivos da mesma Excelsa Fraternidade afirmam que a Linha Maçónica está sob o auspício do 7.º Raio de Luz (Svaraj) promanado do Logos Solar agindo pelo Logos Planetário da Terra, cujas energias encadeadas, manipuladas e distribuídas ordenadamente pelo Globo pelos SERAPIS em simpatia com esse mesmo Raio ou Linha de Força dentre as Sete que caracterizam a Manifestação da Divindade na Natureza Universal.

7.º RAIO DA ORDEM CERIMONIAL

Expressão superior: SOL

Expressão inferior: SATURNO

Linha de Adeptos: SERAPIS

Escola: Maçonaria

Religião: Iluminismo

Expressão superior: Teurgia e Taumaturgia

Expressão inferior: Crenças e práticas animistas

Essa última expressão revela a condição animista da religião-crença, jamais devendo ser confundida com religião-sabedoria que é a primeira a induzir o aforismo iniciático que afirma: O TEMPLO É LUGAR DE REALIZAÇÃO E NÃO DE RELIGIÃO… no sentido de beatismo ignorante que é com que se cozinha a intolerância fanática, mãe de todas as guerras e injustiças que a Humanidade tem conhecido.

Os Serapis ou Ser-Ápis, “Seres Divinos”, que em Portugal tiveram um importante santuário em Panóias, perto de Vila Real de Trás-os-Montes (dentro do aro mágico de São Lourenço de Ansiães, antiga comenda da misteriosa Ordem de Mariz), são os Obreiros do Centro da Terra «cada vez cavando mais fundo para servir ao Rei do Mundo», conforme a letra do Mantram do Quinto Sistema, sendo Eles mesmos quem accionam a Cruzeta Flogística ou o Pramantha Luminoso moendo ou movendo sobre si mesmo este 4.ª Globo da 4.ª Ronda Terrestre. Os Serapis são, pois, os Intermediários entre a Acção na Face da Terra e a Actividade no Interior da Terra, ritualizada ou ritmada sob a forma MAÇONARIA ANDRÓGINA CONSTRUTIVA DOS TRÊS MUNDOS que é a mesma IGREJA UNIVERSAL DE MELKITSEDEK ou a GRANDE LOJA BRANCA de AGHARTA-SHAMBALLAH. Servindo de Tulkus ou “Veículos da Consciência” dos Serapis aghartinos sobre a Terra, há os Velsungos e Valquírias aclamados na própria letra do Mantram dos Serapis:

Viemos de Shamballah

Velsungos somos nós.

Do Reino dos Serapis

Não podíamos vir sós.

E assim, com as nossas Damas,

Em formas duais,

Ao Mundo apresentamo-las,

Valquírias sem iguais…

Dos Reinos da Agharta,

Bem longe do Thermodonte…

Mais forte que as de Esparta,

Surgimos de um outro “Monte”.

Por sua ligação aos SERAPIS é que a Maçonaria Simbólica apresenta características mais TRIBUTÁRIAS que TEMPLÁRIAS, o que vai muito bem com aquela parte descrita do Mantram do Quinto Sistema, pois que ela é uma afirmação genuinamente Tributária dirigida à fundação de uma Sociedade Humana Justa e Perfeita.

Panóias, Vila Real – Santuário do deus Serapis

Os maçons devem realizar na Loja uma acção espiritual de carácter ritualístico semelhante, o mais idêntico possível, à que os Preclaros Membros da Grande Loja Branca realizam no escrínio velado dos seus Templos. Sete é o número mínimo exigido de Oficiais exigido para que uma Loja seja perfeita na sua regularidade constitutiva. Sobre o Oficialato, diz Charles Leadbeater (in Vida Oculta na Maçonaria):

«Cada Oficial de uma Loja Maçónica, além dos seus deveres no Plano Físico, tem a missão de representar um dos sete Planos (do Universo) e de servir de foco às suas Energias peculiares. Os fundadores da Maçonaria dispuseram as coisas de modo que a enumeração dos Oficiais e a declaração dos seus lugares (feitas segundo o ritual) servissem de evocação aos Devas ou Anjos pertencentes aos respectivos Planos e neles operantes.»

A seguir, apresenta o seguinte esquema elucidativo apurado por mim:

Cabe ao Venerável Mestre dar a instrução aos Mestres; ao 1.º Vigilante dar a instrução aos Companheiros, e, por último, ao 2.º Vigilante instruir os Aprendizes. Isto por a um nível superior o Venerável Mestre representar o Mundo das Causas (1.º Logos), o 1.º Vigilante o Mundo das Leis (2.º Logos), e o 2.º Vigilante o Mundo dos Efeitos (3.º Logos).

Como já disse em conformidade com a tradição oral e escrita dos Mestres Reais da Humanidade, os verdadeiros Mahatmas da mesma, a Maçonaria Simbólica foi reconhecida e credenciada pela Grande Loja Branca através do Choan do 3.º Raio do Pramantha, São Germano, apoiado por seu Irmão Espiritual, Cagliostro, como a depositária legítima da Tradição Iniciática para o Ocidente, e é por isso que os seus três primeiros (e originalmente os únicos) Graus estão em harmonia sincrónica com as Iniciações Reais do Caminho do Discipulado. Senão, veja-se:

Dentro do corpus desta herdeira iniciática dos Antigos Mistérios, outrora conhecidos como Arte Real e hoje como Maçonaria Simbólica, o Aprendiz corresponde à etapa do Discípulo no estágio Probatório, o qual deve praticar as três qualidades de discernimento, ausência de desejo e boa conduta ou auto-controle (em sânscrito, viveka, vairâgya e shatsampatti). O discernimento que lhe dará poder mental; a ausência de desejo que lhe trará poder emocional, e o auto-controle a força de vontade.

Segundo Arthur E. Powell (in O Corpo Mental), o discernimento capacita o candidato a passar incólume pelas regiões inferiores do Mundo Astral, Psíquico ou Emocional, facto representado na Maçonaria pela primeira Viagem Simbólica.

A ausência de desejo capacita-o a passar através das seduções do Mundo Astral médio, representado pela segunda Viagem Simbólica.

A boa conduta capacita-o a dominar a parte superior do Mundo Astral, mesmo na fronteira com o Mental Celeste, Mental ou do Pensamento, o que é representado pela terceira Viagem Simbólica.

No 1.º Grau da Maçonaria, o Mestre indica a necessidade de dominar a natureza do desejo.

O efeito geral do 1.º Grau é alargar de certa forma o canal de conexão entre o Espírito e a Personalidade do candidato. O Aprendiz maçom corresponde ao Subdiácono católico.

Conhecedor mas não afiliado em Oriente algum da Maçonaria, assim também para as valências bizantina e romana do Catolicismo, mesmo tendo acesso franco a ambos os Institutos por razões representativas do Culto de Melkitsedek e quanto tal significa no quadro geral da Evolução, descomprometido posso adiantar que no cobrimento os sinais de reconhecimento do Aprendiz são de duas espécies. Antes de tudo, o sinal de ordem: a mão direita espalmada sobre a garganta, os quatro dedos reunidos e o polegar levantado em esquadro. O sinal de reconhecimento, propriamente dito, é mais complexo: à despedida, o Aprendiz acha-se na mesma posição, com a mão direita em esquadro sobre a garganta. Em seguida, imitando o gesto de apertar a garganta, desloca a mão horizontalmente para o seu ombro direito deixando-a cair docemente perpendicular ao corpo, assim descrevendo no ar um esquadro.

No Rito Francês, o Aprendiz tem a palavra de passe (o “santo e senha”) do Grau no qual terá de completar três anos: Tubalcaim. Deve pronunciá-la quando se lhe pergunta. A palavra sagrada é a dos nomes das Colunas do Templo de Salomão, mas varia segundo os Ritos. No Rito Francês, a palavra sagrada é Jakin; no Rito Inglês ou Escocês (como é feito em Portugal), a palavra sagrada é Bohaz.

Entre o 1.º e 2.º Graus, o toque de parar indica a necessidade de dominar o enredamento peculiar da mente inferior nas malhas do desejo, o que teosoficamente é conhecido como kama-manas, a consciência psicomental.

No 2.º Grau, a ideia de Iluminação é colocada diante do candidato; o objectivo principal é o desenvolvimento das faculdades artísticas, psíquicas e intelectuais, com o controle da mente inferior. O efeito do Grau é um alargamento mais decisivo do vínculo entre o Espírito e a Personalidade.

O toque do 2.º Grau de Companheiro indica a necessidade de completo controle da mente inferior. Este 2.º Grau corresponde ao Diaconato da Igreja Católica, porque assim como o Companheiro se está preparando para o trabalho de Mestre Maçom, durante cinco anos, o Diácono se está preparando para o Sacerdócio.

Os sinais do Grau de Companheiro, são: primeiramente, a mão direita colocada sobre o coração com os dedos curvados, em sinal de amor fraterno para com todos os iniciados. Deve depois elevar a mão esquerda à altura da cabeça, com os dedos estendidos e fechados, com o polegar junto ao corpo, descrevendo um esquadro. Nesta  posição, tirar a mão direita horizontalmente atravessando o peito e deixá-la cair sobre a coxa direita, ao mesmo tempo que a mão esquerda desce novamente sobre a coxa esquerda. A palavra de passe que se transmite nos Ritos Francês e Escocês é a hebraica Schibboleth. A palavra sagrada no Rito Francês é Bohaz, e no Rito Escocês é Jakin.

Entre o 2.º e 3.º Graus, o toque de paragem indica a necessidade de ganhar algum domínio sobre aquele estranho espaço intermediário chamado kama-manas.

No 3.º Grau, com a idade de sete anos, o trabalho faz-se principalmente no Plano Mental Superior, correspondendo o Mestre Maçom ao Sacerdote da Igreja Católica.

O ramo de acácia, símbolo do Mestre Maçom, cabe-lhe por natureza e direito por designar a Imortalidade e a Iniciação. A palavra de passe deste Grau no Rito Francês é Mack Benah, a Coluna Central do Templo, a da Beleza, e onde o “esquadro está unido ao compasso”, afinal a insígnia do Mestre. Mas no Rito Escocês a palavra de passe (que no mesmo não existe para o Aprendiz) é Tubalcaim, e a palavra sagrada é Mohabon.

Há três sinais do Mestre Maçom: o sinal ordinário, o sinal de horror e o sinal de angústia ou de socorro.

O sinal ordinário consiste em levar ao coração (outros, ao umbigo) a mão direita aberta, com o polegar apoiado sobre o flanco esquerdo e separado dos outros dedos que estão horizontalmente estendidos e separados dele. No Rito Francês, o sinal é feito retirando-se a mão e deixando-a cair para formar o esquadro. No Rito Escocês, ele é combinado com o sinal de horror.

O sinal de horror é feito levantando-se as duas mãos enlaçadas com as palmas voltadas para cima e os dedos separados. No Rito Escocês, exclama-se ao fazer esse sinal: “Oh! Senhor, meu Deus!” Em seguida deixam-se cair as duas mãos sobre o avental, em sinal de admiração.

O sinal de angústia consiste em colocar sobre a cabeça ou à altura da testa as duas mãos enlaçadas com as palmas voltadas para cima, exclamando: “A mim, Filhos da Viúva!” Fazendo esse gesto, forma-se um triângulo cuja base é constituída pelos ombros. Sendo interrogado sobre o que é, o Mestre responde: “A acácia me é conhecida”.

Há uma variante desse sinal que pode ser executado com uma só mão colocada, fechada, sobre a cabeça, abrindo-se depois, dedo por dedo, enquanto se pronuncia: “Japhet! Ham! Seth!”

Em 2007 compus os três esquemas seguintes para uso dos maçons de Ritos variados em Obediências diversas cujos Veneráveis me haviam solicitado que descrevesse a mecânica oculta processado com os iniciados dos três primeiros Graus, os quais deixo aqui ao cuidado e meditação do respeitável leitor, adiantando desde já que o cobrimento sinalético desses Graus não está completo porque não devo revelar o mecanismo interno da Ordem Maçónica, por respeito à mesma, e o que fiz foi tão-só para demonstrar que os mesmos são verdadeiros mudras e mantrans, “gestos” e “palavras” de sentido místico, cuja finalidade suprema é despertar a consciência daqueles que estão creditados pelo Espírito da Ordem, pois em contrário tais “gestos” e “palavras” nenhum efeito surtem em quem os exerce, tal como, por exemplo, o “sinal da Cruz” feito por um maometano, ou o “Illah Allah” pronunciado por um cristão.

Sobretudo quero, isso sim, demonstrar que a MAÇONARIA É UMA CONFRARIA ESPIRITUALISTA em seu Espírito Tradicional, uma Via de realização individual e colectiva para quem a percorre, e nunca, jamais, alguma espécie de “clube de conjurados” ou coisa do género que alguns vêm se esforçando por demonstrar à luz dos seus preceitos e preconceitos pessoais, assim mesmo provando desconhecer inteiramente o lado interno da Vida, particularmente da Vida da Maçonaria e até da Igreja. Que este estudo, escrito por quem já provou da Iniciação Verdadeira, possa servir para abrir-lhes a consciência para estados mais amplos da existência, nem que seja inicialmente só como mera hipótese teórica que se queira descartar a seguir. A negação de algo que não existe torna o mesmo existente, por ser objectivo positivo apesar de negado… Ademais, é bom que se saiba, os desvarios cometidos pela Personalidade humana raramente afectam a Individualidade espiritual. Podem gerar, e geram, Karma, mas só para a Personalidade, assim enleada na constante dolorosa das vidas sucessivas. A Iniciação Verdadeira, vivida em permanência mental, coracional e física, ou seja, com cultura, com carácter ou moral e com firme vontade, é que liberta o homem dos grilhões da matéria e faz dele um verdadeiro Iniciado investido do Poder do Supremo Arquitecto.

No 1.º Grau de Aprendiz estimula-se Ida, o canal feminino de energia ou força etérica, tornando assim mais fácil para o iniciado controlar a emoção e a paixão. Ida começa na base da espinha, do lado esquerdo no homem e inverso na mulher, findando na medula oblonga.

No 2.º Grau de Companheiro acentua-se Pingala, o canal masculino de força etérica, facilitando assim o controle da mente. Pingala começa na base da espinha, à direita no homem e o contrário na mulher, findando na medula oblonga.

No 3.º Grau de Mestre desperta-se Sushumna, o próprio canal etérico central ou andrógino, deste modo abrindo caminho para a influência do Espírito Divino.

O Aprendiz, como uma Personalidade, deve organizar a sua vida física para uso mais elevado; como Espírito, deve usar a Acção Criadora assinalada na Terceira Pessoa da Santíssima Trindade, o ESPÍRITO SANTO para nós ocidentais, e SHIVA para os orientais. A Actividade Inteligente de Shiva reflectida por sua Contraparte Feminina (Shakti) voltada para o exterior (a Deusa PARVATI ou GIRIJA), é que dá o auto-controle e abençoa o corpo físico, tornando sagrados os seus poderes.

O Companheiro, como uma Personalidade, deve organizar a sua vida emocional; como Espírito, deve desenvolver o Amor Divino em seu corpo Intuicional ou Búdhico. Isso ele pode fazer com a Sabedoria Iluminadora da Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, o Amor-Sabedoria do FILHO ou VISHNU através de LAKSHAMI, que realiza os desejos e torna a vida rica e plena, santificando a prosperidade material e transmutando as paixões do corpo astral no mais sublime Amor Espiritual.

O Mestre Maçom, como uma Personalidade, deve organizar a sua vida mental; como Espírito, deve fortalecer a sua Vontade Espiritual, a qual corresponde ao estado Nirvânico ou Átmico. Para dominar o mental insubmisso, ele deve utilizar o “Poder do Pensamento” (Kriyashakti) que é o Poder Divino da Primeira Pessoa da Santíssima Trindade ou Trimurti, o PAI ou BRAHMA reflectido por SARASVATI, a Deusa da Sabedoria Eterna.

Simultaneamente, o Aprendiz deve estar aprendendo a controlar as suas emoções; o Companheiro deve estar dominando a sua mente, e o Mestre Maçom deve estar se desenvolvendo em Planos Superiores.

Para conveniência do respeitável leitor, a maioria dos factos acima, e mais alguns, estão expostos na seguinte tabela de analogias:

Hoje as vergônteas kármicas acompanham a decadência acelerada do final do Ciclo de Peixes apodrecido e gasto, processo já vindo desde 1924 com a transladação dos valores humanos e espirituais do Oriente para o Ocidente, a fim de no começo do Ciclo do Aquário (2005) a Nova Luz fosse plenamente assumida pelo GRANDE OCIDENTE IBERO-AMERÍNDIO incarnado na que hoje possui os iniciáticos tesouros que fizeram a Arte Real brilhar no Passado: a Augusta e Soberana ORDEM DO SANTO GRAAL, assumida exteriorização sobre a Terra da Igreja Apostólica de Melkitsedek ou Maçonaria Universal Construtiva dos Três Mundos.

Isso traz-me à memória determinado trecho de uma monografia interna da Comunidade Teúrgica Portuguesa:

«Não existe razão alguma, presentemente, para proclamar o Oriente findado quer mística, quer sócio-economicamente, cada vez mais dependente do Ocidente em todos os sectores sociais e espirituais. Há que trazer o Oriente findado ao Ocidente nascente como legítimo herdeiro da Tradição Iniciática, devido à mudança de Ciclo e correspondente inversão gradual de Pólos, pelo que o Sol deverá, futuramente, começar a nascer a Oeste ao contrário do até aqui, a Leste. O nosso Venerável Mestre JHS alerta inúmeras vezes em seus Ensinamentos os Discípulos para esta realidade actualizadíssima, afirmando vivamente que o Ocidente está para Aquarius como este para aquele, e que fora desta verdade a Teurgia e Teosofia não têm razão de existir.

«O Tesouro da Sabedoria Oriental veio para o Ocidente e neste se está fundindo, cumprindo-se assim a Profecia de Sintra: … “As Águas do Indo, do Ganges fundindo-se nas do Tejo”…»

Contudo, o mesmo Professor Henrique José de Souza não deixou de pronunciar-se sobre o assunto no seu estudo sobre A Ordem do Santo Graal, datado de 1956:

«Entre o Grande Oriente e o Grande Ocidente não há nenhuma diferença, como possam julgar os não iniciados nos Grandes Mistérios, inclusive o dos vários Ciclos em que é repartida a Vida Universal e, consequentemente, a manifestação dos Avataras.

«Sim, os Dois caminharão juntos sob a égide do Supremo Arquitecto. Pelicano e Pomba do Espírito Santo, mais que nunca, são avis raris in Terris… O Grande Oriente mantém a Tradição do Passado. O Grande Ocidente mantém a do Presente, projectando-se no Futuro.»

Conhecendo-se o Passado, trabalhe-se conscientemente no Presente para construir o Futuro!

Henrique José de Souza (1883-1963) teve papel determinante na fundação do GRANDE OCIDENTE e na consequente rectificação do Rito Maçónico. Chegou a inspirar a fundação de quatro Lojas Maçónicas e o reerguimento de outras tantas que estavam “adormecidas” ou paralisadas. Destas há a destacar a Loja Ypiranga, do Rito Escocês Antigo e Aceite, fundada no Rio de Janeiro em 15 de Junho de 1847 na qual foi iniciado o imperador do Brasil, D. Pedro I. Tendo sido declarada adormecida em 13.4.1935 no Acto n.º 1351 do Grande Oriente Brasileiro, foi reerguida em 21 de Abril de 1977 e passou a trabalhar sob a égide do Ex Occidens Lux e da Maçonaria Universal.

Por todas essas razões, e outras mais que não vêm ao caso apontar mas relacionadas com a Obra do Eterno na Face da Terra, no dia 11 de Junho de 1949 o Presidente da Sociedade Teosófica Brasileira, Professor Henrique José de Souza, na sede da Entidade, no Rio de Janeiro, recebeu uma comitiva norte-americana pertencente ao Rito de York, chefiada pelo “Velho Escocês”, o Adepto Ralph Moore, que o saudou como seu Chefe Secreto. Posteriormente, por volta de 1960, o Sr. Rubens Monteiro de Barros, Venerável Mestre da Loja Simbólica “Rui Barbosa”, do Rito Escocês Antigo e Aceite, fundada em 15 de Abril de 1954 em São Lourenço, Sul de Minas Gerais, saudou e reconheceu o Professor HJS como Mestre Supremo da Maçonaria Universal.

Foi quando o Venerável Mestre JHS retomou as palavras já escritas por si numa antiga e grandieloquente prancha (discurso) e serviu-se delas como resposta à Saudação recebida, de que transcrevo o início e a parte final da mesma com que desfecho o presente estudo:

Maçons do Brasil! Maçons de toda a parte do Globo!

Quem vos dirige a palavra é hoje o Fundador da Sociedade Teosófica brasileira – o Grande Ocidente – para vos dizer que Hiram, o “Filho da Viúva”, ressuscitou e traz consigo o mais precioso de todos os símbolos, que é o excelso Tetragramaton, como expressão ideoplástica do Homem Cósmico, que é Jehovah.

O termo “Pontífice”, por sua vez, significando “construtor de ponte”, pois através de tal “ponte” (um verdadeiro traço de união ou ligação entre o Mundo Terreno e o Divino), vão sendo conduzidas ou salvas as almas que se acham sob a protecção ou guarda de Alguém ou alguma Coisa. Ao “arco-íris” se dava o nome “fio de navalha”, cuja finura ou estreiteza tornava difícil a passagem das almas a caminho do Divino ou da “Salvação”. E isto, ainda, porque a sua forma semi-circular é uma alegoria à abóbada celeste… No Egipto já existiam os “Pontífices-pyronis”, que, idênticos aos Maha-Choans das teogonias orientais, representam – através de uma série numeral cabalística – Seres de uma categoria superior ou divina. Foi desse termo e do seu sentido, que a Igreja copiou o de “Sumo Pontífice” para os seus Papas. “Construtores de pontes, obreiros, pedreiros do Edifício Humano”, foram sempre os Maçons, embora os seus símbolos e iniciações, herdados do antigo Egipto, e cujo verdadeiro Patrono foi Amenófis IV, ou KUNATON, não sejam mais interpretados como outrora. Essa verdade, além do mais, está implicitamente apontada no termo “Filhos da Viúva”, porque, nas referidas tradições egípcias, Osíris (o Pai, o Sol) morre, e Ísis (a Mãe, a Lua), ficando “viúva”, começa a procurar os “14 pedaços do esposo desaparecido” (as doze conhecidas e mais duas ocultas “casas solares” ou signos zodiacais, Hierarquias Ocultas, Avataras, etc.), sendo que o último (o “sexual”) foi encontrado no bucho de um peixe pescado no Rio Nilo. E isto porque “Piscis” ou “Peixes” é um signo positivamente “sexual”, como prova o facto de quando apresentaram a Jesus (Is, Iess, Jess, etc.) a mulher adúltera, que a plebe queria apedrejar, ter ele traçado no solo um “peixe” e dito: “Aquele que estiver isento DESTE PECADO (e não “de pecado”, como querem muitos) que atire a primeira pedra”… O termo “pescador” também pode ser aplicado a tais Guias ou Condutores espirituais; do mesmo modo que “atirar a rede (pela Palavra, ou seja, o Verbo Divino, Luz que Moisés “contemplou face a face”) para apanhar as almas (ou “peixes”, já agora noutro sentido) que devem ser salvas”.

Não é demais apontar ainda o nome do fundador da Rosacruz alemã, CHRISTIAN ROSENKREUTZ, pois do primeiro termo sobressai o de “Cristo” (Cristiano, Cristão) e do segundo, a ROSA e a    CRUZ, respectivamente, alegoria do AMOR UNIVERSAL – pois que a ROSA (vermelha, ígnea, etc.) se transforma em CORAÇÃO – e SÍMBOLO CÓSMICO (Cruzeiro do Sul, etc.). De tal símbolo apropriou-se a Igreja para a imagem do “Coração de Jesus”, sendo que “as sete espadas (ou dores) da Virgem Maria”, atravessadas no seu coração, representam as Sete Raças Cósmicas, estados de Consciência, e até as Sete Plêiades.

Quanto ao nome de Maria, convém dizer que provém de Mare, o mar, as águas, além de tudo para fazer jus também ao signo de Aquarius (≈), francamente feminino. Daí as “águas do parto”, etc. Isto pode ser comprovado verificando-se as pias baptismais das catedrais mais famosas do mundo, nas quais se acham dois MM entrelaçados, que o vulgo julga ser apenas o nome de Maria, mas que é a antiga maneira de se firmar o signo de Aquarius. E isto porque todas essas catedrais foram construídas por verdadeiros Mestres ou Maçons daquela famosa “Ordem dos Monges Construtores”, da qual surgiu a própria ROSACRUZ…

Com o “compasso e o esquadro” – principais ferramentas dos Pedreiros ou Maçons – e desde que entrelaçados e invertidos, forma-se o Hexágono, símbolo precioso do Macrocosmos e do Microcosmos. Colocados nas direcções horizontal e vertical, apresentam claramente a Rosa e a Cruz, desde que no centro se firme a FOLHA DE ACÁCIA.

Eis aí, pela primeira vez demonstrado, o símbolo geral da antiga Rosacruz e que hoje os seus não iniciados sucessores desconhecem por completo, como desconhecem que as 4 letras secretas, que finalizam o alfabeto Devanagari, colocadas nas 4 direcções cósmicas, ou pontos cardeais, dão a mesma Rosa e a Cruz

Hiram, Kunaton, CHRISTIAN ROSENKREUTZ, SÃO GERMANO! Pouco importa o nome, pois que “Ele já veio e vós não O reconhecestes”… mas, em breve, Ele voltará à sua Santa Morada, para fazer jus à antiga palavra franco-maçónica VITRIOL – composta de sete letras – com a qual era formada a frase mais secreta que se conhece, verdadeira “palavra de passe”, cujo sentido real até hoje não foi decifrado, senão por Aqueles que têm o direito de penetrar no mais sublime de todos os Tabernáculos: VISITA INTERIORA (ou INFERIORA, se o quiserdes) TERRAE RECTIFICANDO INVENIES OMNIA LAPIDEM.

Hoje não mais conheceis a “palavra de passe” egípcia, que era pronunciada à entrada do Templo. Substitui-a, pois, aquela outra latina, que prova “estar Justo e em Perfeito Equilíbrio com o Templo o obreiro ou construtor do Edifício Humano”.

Sim, JUSTUS ET PERFECTUS. A mão direita e o pé do mesmo lado firmavam na Terra o Compasso e o Esquadro, além do mais, para dignificar o “Quaternário Terreno”. Este está representado – na Tragédia do Gólgota – nas 4 letras J.N.R.J., que não quer dizer apenas JESUS NAZARENUS REX JUDEORUM (leia-se NAZAREUS, por ser Jesus da seita dos “Nazar”, ou os que traziam os cabelos rentes aos ombros), enquanto o indeformável Triângulo, que figura no Templo maçónico, está no mesmo “Corpo Eucarístico” (Eucrístico) de Jesus, representado pelas 3 letras: J.H.S. Entre os dois Ladrões (que não têm a interpretação que se lhes dá, mas outra bem diversa…) era ELE o Grão-Mestre ladeado pelas Duas Colunas (Vivas) Jakim e Bohaz, cujas iniciais (J e B) também figuravam nas duas cidades onde o mesmo Jesus nasceu e morreu: Belém e Jerusalém. São ainda as mesmas iniciais de João Baptista (o seu Arauto, Anunciador ou JOKANAN), que o baptizou no Rio Jordão, momento em que “desceu sobre Jesus o Fogo do Espírito Santo”, muito bem simbolizado na Ave ou Pomba. Jesus, como todos os Grandes Iniciados, foi verdadeira AVIS RARIS IN TERRIS.

Quanto ao termo “João Baptista” – hoje com significado mais misterioso que outrora, e relacionado com o Culto de Melquisedeque, ou MAÇONARIA UNIVERSAL (Grande Fraternidade Branca), cumpre esclarecer que se acha estreitamente ligado ao Rito ADONHIRAMITA (Adam, Hiram e Ita, Mita ou Mitra).

Isso transparece, além de outras razões ocultas, nos seus sinais, inclusive o que deve ser feito na “garganta”, para indicar a maneira pela qual foi o “Arauto de Jesus” sacrificado, porque, em verdade, quando se põe em suas mãos um cordeiro, é para provar que tanto o Anunciador como o Anunciado merecem a famosa frase latina: AGNUS DEI QUI TOLLIS PECCATA MUNDI – MISERERE NOBIS (“Cordeiro de Deus que tirais os pecados do Mundo, tende misericórdia de nós”). Todos esses Arautos têm o nome Iokanãs ou Jokanãs, que quer dizer: Aquele que conduz, anuncia alguém ou alguma coisa pelo “Itinerário de Io ou Ísis”, ou seja, “o Caminho Real por onde tem de passar uma nova Família, Clã, Raça”, como acontece com as SEMENTES arregimentadas pela mesma Sociedade Teosófica Brasileira. Donde, o seu conhecido lema: SPES MESSIS IN SEMINE (“A Esperança da Colheita está na SEMENTE”). E tal a razão de ser dado ao lugar onde foi construído o seu Templo, o nome VILA CANAÃ.

A palavra NITERÓI, onde foi fundada (com o nome Dhâranâ) materialmente a detentora desse Movimento, provém de três outras palavras, extraídas de antiga língua sagrada, NISH-TAO-RAM, que quer dizer: “o Caminho Iluminado pelo Sol” (Espiritual, evidentemente). A prova é que o ano da sua fundação foi 1924, dirigido pelo Sol, e o mês o de Agosto (dia 10), ainda sob essa égide. E, finalmente, num domingo, como dia também do Sol. Três Sóis (como a própria Manifestação Divina) que, desde então, “começavam a Iluminar o Caminho da Evolução Humana”!

Como outrora no Egipto: MISRAIM – MENFIS – MAISIM!

(Os 3 termos Misraim Menfis Maisim eram assinalados entre as Colunas do Templo maçónico por 3 MMM que, por sua vez, tinham outras interpretações de imenso valor nos ritos egípcios.)

E com isto, aceitai – velhos Irmãos e Amigos – as Homenagens de quem até hoje vos respeita e admira, mas que também pede que Homenagens, por sua vez, sejam prestadas Àqueles que já se foram, e sobre cujos respeitáveis Túmulos não devemos permitir que seque ou desapareça a simbólica e sagrada Flor da Acácia.

Com a destra voltada para o Céu, e o polegar invertido para a Terra – contrariamente a quantas saudações caóticas foram instituídas pelas decadentes ideologias deste ciclo em franco declínio – maiores Homenagens devemos prestar ao mais Digno e Excelso de todos os Construtores:

O SUPREMO ARQUITECTO!

 

Obra de referência:

Dogma e Ritual da Igreja e da Maçonaria, por Vitor Manuel Adrião. Editora Dinapress, Lisboa, Setembro de 2002.