Cat caru cabai casat cara-catu
(“Cobre-se o Céu de Esplendor”)
Sintra, Portugal, 26.11.2004
IN MEMORIAM
Adhuc stat!
Sim, “corpo presente”… mas com a Consciência no Reino dos Imortais – o Mundo de Duat!
A notícia esperada, mas de todo indesejada, chegou: Roberto Lucíola faleceu!
Rodeado pelos seus familiares mais próximos, Roberto Lucíola faleceu aos 80 anos de idade, vítima de doença prolongada (leucemia), na sua casa em Juiz de Fora (MG), às 14:40 horas de 24 de Novembro de 2004.
Fica a saudade da partida e a certeza firme do fim da batalha terrena para uma Alma vitoriosa finalmente volvida, após tantos sofrimentos e cansaços, mas também alegrias e realizações, ao seio de Deus Eterno e dos seus Irmãos já na imortalidade.
Recebi a notícia passados 35 minutos do seu desenlace. Sabia que isso iria acontecer, muito mais estando fora da influência benéfica de São Lourenço de Minas Gerais, transferido para o Hospital de Juiz de Fora (diz-se que por ter melhores condições) por ordem da médica sua sobrinha, dr.ª Cyntia, e depois enviado para a sua residência sob cuidados clínicos. Mas a verdadeira casa de Roberto Lucíola era a de São Lourenço, onde nos últimos anos residia no apartamento 439 do Hotel Jina. Nesta cidade privilegiada pelos Deuses ele viveu mais de 50 anos, conheceu pessoalmente o Professor Henrique José de Souza e foi seu íntimo nos últimos 10 anos e alguns meses de vida deste, tendo, nas suas exéquias fúnebres, feito parte da Guarda de Honra ao féretro no Templo de Maitreya, nesta cidade sul-mineira, ficando adiante da cabeça do Mestre finalmente volvido à sua Pátria verdadeira: Agharta.
Mestre que o iniciou a ponto de, nesses últimos anos, Roberto Lucíola ser o último Instrutor vivo formado pelo próprio JHS. Aliás, o seu nome, Roberto Lucíola, aparece em várias Cartas-Revelações onde o Venerável Mestre trata-o com o maior carinho e apreço, destacando-o em episódios importantes da História da Obra, como nessas “Assembleias Aghartinas” sanlourenceanas onde participou nos idos de 1955-56-57.
O verbo e a escrita fáceis de Roberto Lucíola primavam pela clareza e eloquência, transformando as questões mais intrínsecas da Teosofia revelada por JHS em “coisas de menino”, isto é, tornando-as acessíveis ao entendimento imediato de qualquer estudante fosse de que Grau fosse da Instituição Teosófica. Com a morte física do Venerável Mestre JHS e, possivelmente dando cumprimento a instruções verbais reservadas nesse sentido ao seu amigo, confidente e discípulo fiel, Sebastião Vieira Vidal, Mordomo do Templo, este transferiu a sua própria faixa de Goro ou “Sacerdote” a Roberto Lucíola, que a usou durante largos anos. Depois, mudaram as figuras e mudaram os tempos, e igualmente mudaram a faixa de Lucíola de maneira retrógrada, algo assim como “baixar-lhe o salário”…
Quando eu soube disso, tomei a iniciativa de, em Nome de Portugal e da Ordem do Santo Graal portuguesa, investir Roberto Lucíola com a Grã-Cruz da mesma, restaurando no possível o que havia sido alterado contra a Vontade do Venerável Mestre JHS e de Sebastião Vieira Vidal, que a realizara na pessoa de Lucíola. Assim fiz e fico feliz por ter feito.
Assim se fizeram também muitas outras coisas, cujo acervo é proibido desvelar num texto público como este, tão-só adiantando que o desejo de Roberto Lucíola em relação ao Mundo Jina, ainda em sua vida corporal, foi realizado… De todos os Irmãos da Obra do Eterno que conheci e convivi pessoalmente até hoje, ele foi aquele por quem tive maior amor e me desvelei mais. Nisto seguindo à risca as instruções deixadas ao Roberto pelo próprio Venerável Mestre JHS, sim, porque não me gabo nem interna nem externamente de ser «mestre soberano» ou coisa parecida na fancaria dos dias que correm… A verdade é que não acredito em messias mancos e falsos profetas que campeiam na urbe ruim do “faz-de-conta”, logo, em “messianismos e adventos com datas fixas sem realização alguma em tempo algum”, que hoje as há com fartura, inclusive onde menos deveria haver tamanho espúrio crencista que, mesmo sabendo ser enganado, paga e pede mais… Me engana que eu gosto! Gosto? Não, não me engana que eu não gosto! O que eu sei, faço e acaso frequente, ao Mestre Soberano o devo… e mais nada.
Como disse, Roberto Lucíola participou dos principais lances da Obra Divina de JHS, ao lado deste e dos seus mais destacados paradigmas que tornaram a Sociedade Teosófica Brasileira o principal Baluarte cultural-espiritualista não só do Brasil mas do Mundo inteiro. Roberto nasceu no Estado do Rio de Janeiro em 20.08.1924 (ano da fundação de Dhâranâ – Sociedade Cultural-Espiritualista), e foi na sua capital que veio a conhecer a Sociedade Teosófica Brasileira liderada pelo Professor Henrique José de Souza, na qual viria a assumir papel relevante. Inclusive tomou parte activa na arregimentação de 49 pessoas para a Obra de JHS, que até esse momento a desconheciam por completo. Tal fazia parte do Decreto do Governo Oculto do Mundo para salvar a cidade do Rio de Janeiro de catástrofe eminente, devido ao seu Karma atlante que então JHS eliminou, em cujo decorrer do respectivo ritual materializou três pregos com que “pregou” ou eliminou o dito Karma, logo miraculosamente se dissipando o terrível furacão que se dirigia do mar para a cidade e já estava às portas da baía de Guanabara. Tais acontecimentos de salvação do Rio deram-se de 7 a 14 de Setembro de 1960.
Marmorista de profissão, a Roberto Lucíola deve-se a construção do obelisco plantado na Praça da Vitória, defronte ao Templo de Maitreya, em São Lourenço, inaugurado em cerimónia pública às 15 horas de 24 de Junho de 1957 pelo Professor Henrique José de Souza, com a presença do representante do Prefeito e outras autoridades civis da cidade.
Foi também colaborador activo na fundação do terceiro Templo da Obra do Eterno em Nova Xavantina, Mato Grosso, onde durante largo tempo exerceu as funções de Instrutor. Essa sua afinidade com o Norte brasileiro e a Hierarquia do Quinto Senhor Aratupan-Cabayu, Arabel, “Deus da Ara de Luz”, manteve-se até ao último suspiro de Roberto Lucíola.
Posso agora revelar que nós ambos pretendemos e investimos na elevação de dois obeliscos: um na Oitava Montanha Sagrada Moreb, e outro na Quinta Montanha Sagrada Kurat, aqui junto ao Castelo dos Mouros de Sintra, a serem inaugurados ao mesmo tempo com a presença das respectivas autoridades oficiais. Esse projecto ficou adiado mas não anulado.
Roberto Lucíola manteve vasta correspondência com todo o Brasil e o exterior. Conheceu e conviveu com nomes bem-sonantes da “praça pública”, quer no esoterismo, quer na política, quer na cultura em geral. Sabia da Obra e dos seus partícipes ao mais ínfimo por-menor. Por exemplo, viu crescer de perto os quatro filhos do casal H.J.S. e o rumo que tomaram para as suas vidas… Nunca proferiu palavra mais agreste ou adversa, tão-só mantinha a sua natural gentileza e reserva, mantendo-se observador atento mas nunca suscitador de quaisquer querelas. Dava-se bem com tudo e com todos, vivia a Teosofia de JHS como poucos e, por isso, não poucos o procuravam, estando constantemente o seu apartamento cheio de gente de todas as partes que o queriam conhecer e ouvir, como pessoalmente testemunhei mais de uma vez.
Orador e escritor profícuo, escreveu milhares de textos teosóficos, tendo dado especial destaque à História e Tradição de Portugal, “Berço da Obra”, como reiterava constantemente repetindo JHS. Foi essa afinidade de Roberto Lucíola com o nosso país que me levou a aproximar dele em São Lourenço, vindo a cimentar-se, reciprocamente, a amizade e afinidade completas que eu já nutria desde que, ainda catraio, lia embevecido os seus textos maravilhosos publicados nas antigas revistas Dhâranâ (“a menina dos olhos” do Professor Henrique J. Souza) e Aquarius.
Essa afeição recíproca, que alguns disseram “nunca ter visto coisa igual no Brasil”, levou a que o filho de Roberto Lucíola, Sr. Alexandre Rubens Lucíola, tivesse a amabilidade de me enviar de Brasília, em 5 de Julho de 2006, alguns DVDs contendo aulas internas, teóricas e práticas, do Venerável Roberto, realizadas no Salão de Estudos da Fundação Henrique José de Souza, em São Lourenço. Anexou à preciosa oferta a seguinte mensagem:
“Prezado Vitor,
Em atenção à amizade que meu pai nutria por sua pessoa, transmito-lhe em anexo três DVDs gravados a partir de fitas VHS, atinentes a palestras por ele proferidas no ano de 2001. Infelizmente, a gravação original é de baixa qualidade, o que torna o filme ruim em alguns pontos. No entanto, o que mais importa é a mensagem e a prática que transforma o pseudo-esoterismo teórico no verdadeiro esoterismo. Espero que goste e, caso se interesse, pode distribuir cópias a quem julgar merecedor.
Coloco-me à sua disposição em Brasília para qualquer necessidade ao meu alcance. Forte abraço,
Alexandre.”
O testamento espiritual de Roberto Lucíola à Obra do Eterno deixou-o nos seus fabulosos 46 Cadernos “Fiat Lux”, dos quais seis permanecem inéditos. Em Maio de 2004 ofereceu-me o conjunto dos mesmos e deu-me autorização escrita para que os publicasse em Portugal, “para que a Obra fosse mais conhecida entre os Portugueses”. Inclusive pediu-me para alindar os seus Cadernos com fotos condizentes com os temas em pauta e que revisse o português, que a sua doença não lhe permitia perder tempo com a correcção necessária. Gentil e generoso, antecipadamente recusou quaisquer lucros e cedeu os direitos completos de edição desta sua obra à Comunidade Teúrgica Portuguesa na minha pessoa. Disse-lhe que lhe enviaria na mesma as verbas lucradas nas vendas. Retorquiu-me: “Não quero. Fica para a C.T.P. ou então ofereçam aos pobres”. Posto assim, igualmente não quero um tostão que seja dos lucros da edição dos Cadernos “Fiat Lux”, e para que não fiquem dúvidas eles serão publicados a título exclusivamente gratuito na internet, onde cada um e todos poderão livremente copiar o que entenderem dos mesmos. Por certo será uma enorme mais-valia reeditar toda esta obra com melhor formato e apresentação literária, defendendo o nome e direitos do autor, e se algum dia eu já não estiver fisicamente presente e alguém tentar fazer negócio com os Cadernos, então, é meu desejo póstumo que os lucros revertam inteiramente para a família de Roberto Lucíola ou para alguma instituição de caridade. Curioso que o Caderno n.º 41, escrito para Novembro de 2004, leva o significativo título O Grande Vazio, e o último, n.º 46, Glorificação.
A “jóia da coroa” da relação pessoal entre mim e Roberto Lucíola, foi precisamente a Montanha Sagrada Moreb. O que o Mestre JHS lhe vaticinara um dia na Vila Helena, veio a cumprir-se alguns decénios depois. De que maneira? Por escrito e comigo e o Roberto ao vivo aí, mas… ficar-me-ei por duas citações, uma dele e outra do próprio Venerável Mestre.
Dando prolongamento ao que já escrevera no seu Caderno “Fiat Lux” n.º 36, Agosto de 2003, Cidade Jina de São Lourenço, onde se repara haver nos bastidores a minha presença, inclusive estando grafado o meu nome, Roberto Lucíola adiantou no final do seu outro Caderno n.º 51 para Novembro de 2005, Maitreya:
“Misteriosas pedras esculpidas com o Sol e a Lua localizadas em São Lourenço, como que assinalando a presença dos Gémeos Espirituais ou como marco indicativo dos lugares santificados na Cidade Jina de São Lourenço. Também no local se encontram outras relíquias aguardando quem as decifre.”
Para se perceber que “no centro está a virtude”, como diz a vox populi, mas aqui “o centro da Cidade Jina de São Lourenço”, escreveu o Venerável Mestre JHS no seu Livro da Fala ou das Falas, na Carta-Revelação de 20.08.1951, referindo-se à visita nocturna que lhe fez Samael, a Sombra, tendo-lhe dito:
“Vamos viajar todos juntos… (e eu me senti arrebatado nos ares, levando comigo a minha contraparte… Estávamos em São Lourenço, mas… a Montanha Sagrada era muito mais alta. Foi no seu cume que estacionámos): Vê todo esse círculo maravilhoso que nos cerca – disse a minha Sombra, o meu Espectro, a minha Egrégora –, nas suas sete cidades habitam os teus descendentes directos, pois que os do cen-tro, onde repousa esta Montanha, são os do teu Trono Celeste… Os outros estão espalhados pelo Mundo (os 666, digo eu). Onde residem os teus descendentes directos também residirão os descendentes dos primeiros (dos Dharanis?). Todo este círculo é idêntico à Roda que tu manejas em cima, no mesmo Trono Celeste.”
Os negritos são meus, para dar realce à intenção que as mayas protectoras das escrituras de JHS encobrem sempre, com o propósito óbvio de iniciar, ou não fosse Ele o Mestre.
Poucos dias antes de desencarnar fui, com a maior prudência para não gerar algum mal-estar, informando o inestimável Amigo para a eventualidade do que veio a acontecer, até que lhe disse já com ele em Juiz de Fora: “Meu Irmão, para nós não há morte. Aconteça o que acontecer, e se acontecer será bom que seja sepultado em São Lourenço e o mais próximo possível do Túmulo dos Gémeos Espirituais”. Concordou imediatamente comigo e garanti-lhe que tudo faria para que isso acontecesse, mesmo contra a opinião contrária de alguns familiares seus, opinião essa devida à total ignorância dos Mistérios que envolvem a nossa Obra e os seus dilectos Filhos. A última coisa que me comunicou foi que o filho do nosso Irmão Hilário Alves Ferreira sofrera um acidente, e isso se devera a um fenómeno de repercussão psicofísica devido ao seu estado, o que o deixava infeliz. Retorqui-lhe que sossegasse, pois com ou sem repercussão de qualquer espécie os acidentes ocorrem todos os dias e todos carregamos um karma que é bem nosso… Enfim, preocupou-se até ao último suspiro com o bem-estar dos seus semelhantes, em não querer ser um fardo pesado para ninguém, e por isso quis sofrer e morrer sozinho, mas a Lei não lhe permitiu. A última vez que ele se escondeu de todos, para morrer sozinho, foi no Hotel Jina; telefonei para tudo quanto é sítio e pessoa e ninguém sabia dele, desconfiei que estava escondido no apartamento e telefonei, telefonei, telefonei até que se viu obrigado a atender o telefone… e passei-lhe uma valente rebocada. Riu-se, ficou contente e nunca mais repetiu a façanha.
Também nesses dias do fim, Roberto Lucíola afirmava-me estar sentindo mais do que nunca as presenças do Mestre e do seu Manasaputra, a “Veste Imortal”. Afirmou-me estar se integrando nessa, e isso era sinal claro de que sua morte estava eminente…
Veio o dia aprazado por Yama, a Morte. Na noite que o antece-deu deitei-me cedo e dormi “como uma pedra”, antes, como um morto na pedra fria do sepulcro… nada de vigílias súbitas, nada de sonhos, nada de nada. Acordei desconfiado e deixei o dia correr, até que por volta das 17 horas o telefone gemeu insistente para dar a notícia do desfecho final do meu querido Irmão e Amigo, que ainda me deixa aquela saudade.
Minutos antes de partir, Roberto Lucíola fora até à varanda da casa e aí ficara por momentos, silencioso com o olhar distante cravado na direcção da Montanha da sua adorada São Lourenço. Era o derradeiro adeus. A seguir foi ao lavabo onde se fechou à chave (para contrariedade aflitiva do filho), depois saiu e deitou-se sobre a cama onde foi acometido de estertor por breves instantes, e faleceu. Em plena posse das suas faculdades mentais como raro Lúcido assim Lucíola partiu…
Este Virginiano puro, nascido (20.08.1924) cinco dias depois em mês antecessor daquele do nascimento de Henrique José de Souza, deixou a veste física às 14:40 horas de 4.ª-feira, dia de Mercúrio (Akbel, portanto), cujo número da hora fatal, segundo o Relógio Tátvico, marca nela a influência passiva da Lua, portanto, da Luz de Chaitânia, que também é o Túnel ou Embocadura Etérea por onde, às 15 horas, Roberto Lucíola passou integrado em seu Manasaputra rumo ao Caijah, nesse mesmo dia da semana como o consignado pelo Mestre JHS à recitação dos Salmos… da Salvação.
Essa questão do 3 e do 15 presentes no valor fatal da hora, para o Venerável Mestre e seus Filhos de Obra Divina, foi assunto que já antes eu abordara numa carta privada, aquando da passagem ao Reino dos Imortais de um outro paradigma de JHS, Paulo Machado Albernaz. Então, tive a oportunidade indesejada de dizer:
“Informo que todos os verdadeiros Iniciados ou Filhos do Avatara, Nosso Senhor o Cristo ou Maitreya, por norma e salvas as devidas excepções, desencarnam às 3 horas da madrugada, às 12 horas do dia ou da noite, ou às 15 horas da tarde. Tanto mais que foi às 15 horas da tarde que Jesus morreu no Calvário, segundo as Escrituras, e o próprio Mestre JHS em 9 de Setembro de 1963, no quarto 209 do Hospital São Lucas, em São Paulo, apesar de ter desencarnado às 2:45 horas da madrugada, foi realmente às 3 horas que fez o seu avatara em RABI-MUNI, na Montanha Sagrada MOREB, São Lourenço, seguindo daí para ARAKUNDA, Roncador, onde foi recebido aos acordes apoteóticos do Ladak-Sherim, o mesmo Hino que Ele dizia ter letra maior e música mais empolgante que a cantada e tocada na Face da Terra. Já antes, em 12 de Agosto de 1963, houvera a Bênção de Agharta a toda a Terra, conforme as palavras do próprio JHS, entretanto já acamado nesse Hospital ou Clínica: “Às 3:00 horas da manhã, a AGHARTA ABENÇOOU O MUNDO!” E adiantou: “Ainda que o peso da Cruz da Terra continue o mesmo, a Salvação acontecerá se cada um, através dos Ensinamentos, se transformar”.”
Mal soube da notícia do falecimento do saudoso Irmão e Amigo, passei a agir para que os ditames da Lei se cumprissem conforme o estipulado anteriormente. Fiz “finca-pé” em duas premissas, inegociáveis ou incontornáveis a todo e qualquer título, para mim sagradas: 1.ª) que o despojo mortal de Roberto Lucíola fosse imediatamente trasladado para São Lourenço e sepultado o mais próximo possível do Túmulo dos Gémeos Espirituais (Henrique e Helena); 2.ª) que os filhos do Casal H.J.S. estivessem presentes à despedida final no Templo e que todos os do Templo prestassem as Honras devidas a Roberto Lucíola.
Isso foi feito. O resto mortal de Roberto Lucíola foi sepultado no dia seguinte, cerca do meio-dia, no cemitério de São Lourenço, em jazigo do pai da sua esposa encostado ao Túmulo dos Gémeos Espirituais, a escassos centímetros deste do lado direito. Antes disso, a Guarda da Ordem do Santo Graal perfilou no Portal do Templo, estando presentes dois dos filhos físicos do casal H.J.S.: Selene Jefferson de Souza e Jefferson Henrique de Souza, este acompanhado da sua esposa Sr.ª D. Felícia, sendo prestadas as Honras devidas a Roberto Lucíola.
Com efeito, antes do acto final da descida à terra, o corpo de Roberto Lucíola esteve em vigília toda a noite na capela do cemitério de São Lourenço. Depois, por volta das 9 horas da manhã, houve o cortejo fúnebre para o Templo onde a Guarda do Graal aguardava no exterior do Portal. O carro funerário (furgoneta de cor branca fretada em Juiz de Fora) estacionou defronte a ele, na Praça da Vitória (actual Praça Helena Jefferson de Souza), e após retirado um pouco do caixão para fora da viatura, os Lanceiros e demais Guarda perfilada, com os principais Pavilhões da Obra levantados (o de Agharta, o da Obra, o do Brasil e o de São Lourenço), prestaram as Honras solenes debaixo dos acordes apoteóticos do Hino Exaltação ao Graal.
Esse foi o acto público, pois que no Ritual do meio-dia, com porta fechada a estranhos e profanos, prosseguiu a Homenagem mais que merecida ao sanlourenceano Obreiro Roberto Lucíola.
Após a solenidade na Praça da Vitória, o cortejo fúnebre reiniciou o caminho do cemitério. Aí, no momento antes de baixar o caixão à terra, foi pronunciado colectivamente o Salmo 129 de Encaminhamento, e quando o caixão começou a baixar também se pronunciou colectivamente a Evocação de Yama, conforme eu transmitira telefonicamente ao Irmão Henrique Montoza, respondendo sobre quais os procedimentos que se deveriam ter quanto ao Ritual Funerário. Respondi que JHS não deixara qualquer Ritual Funerário mas sim instruções de como se deveria agir em casos de morte de Irmãos ou de simpatizantes da Obra, e que todas essas instruções eram, já em si, todo um Ritual Funerário.
A Evocação de Yama, da autoria do Venerável Mestre JHS, é a seguinte (abreviada) e recita-se três vezes consecutivas:
“Yama! Yama! Yama! Conduz esta alma generosa e boa para o Tabernáculo de Deus, no glorioso Reino de Duat! Bijam.”
A imprescindível Irmã Maria da Conceição Aguilar, cujos esforços em trazer Roberto Lucíola de Juiz de Fora para São Lourenço e organizar as cerimónias fúnebres são dignos dos maiores louvores e que não esquecerei enquanto viver, generosa atendeu presta ao meu pedido de conseguir um ramo de flores que ela colocou sobre o caixão, cobrindo da cabeça ao peito, do mental ao coracional. As flores foram em meu nome e de minha esposa. Mas eu não quis um ramo qualquer, isso não podia ser! Tiveram que ser 9 rosas: 3 amarelas (Satva – Pai), 3 azuis (Rajas – Mãe), 3 vermelhas (Tamas – Filho), com laço azul céu, cor do Akasha e do Segundo Trono que é a Mãe nas Alturas, a Mãe Misericordiosa assistente dos que partem, a Mãe cuja flor é a Rosa sem espinhos e que, com as cores das 3 Gunas, expressa assim o Theotrim, a Trindade Divina nos Três Mundos do Corpo, da Alma e do Espírito (3×3 = 9, O Ermitão, o Adepto Perfeito, mas também o valor cabalístico da Terra e de Adam ou Adm, ou seja, do “Homem feito do limo da Terra”, esse o barro vermelho radioactivo que caracteriza o solo da Montanha Sagrada Moreb, assim mesmo expressando Kundalini, o Fogo Criador do Espírito Santo, para cujo escrínio o meu saudoso Irmão e Amigo partiu), tal qual afirma e realiza no Ritual Psaltérico a Evocação Makara, em posição nobre repetindo as palavras (abreviadas) de JHS:
O Pai no Pai. O Pai em Mim.
O Pai na Mãe. A Mãe em Mim.
O Pai no Filho. O Filho em Mim.
Para Maior Glória do Theotrim!
Meu Corpo, minha Alma, meu Espírito
Com os Gémeos Espirituais,
Henrique – Helena,
Formam o Theotrim
Para Graça e Esplendor
Da Essência Divina
No Cristo Universal.
Bijam
À mesma hora que se processava o Ritual Fúnebre na Praça da Vitória, procedia-se a idêntico na Serra Sagrada de Sintra, na Clareira do Graal, prestando a derradeira Homenagem ao Irmão e Amigo que partia e imensa saudade deixava.
De maneira que Sintra – São Lourenço estiveram juntas na mesma hora da despedida final de um dos últimos Makaras de Akbel. Certamente Roberto Lucíola ficaria feliz com isso, ele que tanto amava Portugal. E Portugal, pelas mãos dos Teúrgicos comigo à cabeça, não o esqueceu, mesmo que o povo adormecido pela turbulência mundana ignorasse quanto de transcendente e solene acontecia no momento, mas também trágico para ele que ficava viúvo de um elo vivo entre o mundo dos mortais e o Mundo dos Imortais.
Assim partiu o paladino, ligeiro e veloz, mal tudo terminado, de volta à Montanha, a sua Montanha, à Casa de Deus conduzido por alados Seres… Ao longe, mirando tudo, Rabi-Muni esperava… o bom Filho à paterna Mansão volvendo. Pairando sobre o enorme túnel akáshico que se abre no centro da Montanha, onde nada parece haver e tudo aí está… abriu caminho adiante da Alma glorificada, amparada por Anjos ou Munis, rumo ao Duat – o Mundo dos Imortais.
Como remate a tudo o dito que é tão pouco em tão pobre homenagem a quem mais merece, em guisa de resposta trago aqui a belíssima prece que Roberto Lucíola deixou no seu Caderno Fiat Lux n.º 43, de título Governo Oculto:
Senhor,
No silêncio deste dia que amanhece,
venho pedir-te a paz, a sabedoria, a força da vontade.
Quero olhar hoje o mundo com olhos cheios de amor;
Ser paciente, compreensivo, manso e prudente;
Ver além das aparências os Teus filhos
como Tu mesmo os vês,
e assim, não ver senão o bem em cada um.
Cerra os meus ouvidos a toda a calúnia.
Guarda a minha língua de toda a maldade.
Que somente as bênçãos encham o meu Espírito.
Que eu seja tão bondoso e alegre que todos
quantos se chegarem a mim, sintam a Tua presença.
Reveste-me da Tua beleza, Senhor,
e que no decurso deste dia,
eu Te revele a todos.
OROMOETÊ (SALVE) ROBERTO LUCÍOLA!
HONRA E GLÓRIA À RUBINA ALMA LÚCIDA QUE DE MORTAL SE FEZ IMORTAL!
LAMPADAX – PARADAX – DARMADAX!
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