O Reaparecimento de Cristo – Por Vitor Manuel Adrião Terça-feira, Abr 23 2013 

Cristo

Todas as vezes, ó Arjuna, que a Lei justa declina e a lei injusta se levanta, EU me manifesto para salvação dos bons e destruição dos maus. Para restabelecimento da Lei, EU nasço em cada Idade.

Bhagavad-Gïta, livro IV, vers. 7-8

Profundo e inefável mistério envolve a vida de Jesus o Cristo perfumada pelas mais belas flores de santidade, colorida pelos tons mais diáfanos da sabedoria. Transcorridos dois mil e alguns anos sobre a sua passagem pela Terra, a sua Presença, Pensamento e Obra continuam a ser o sinal mais evidente da manifestação de Deus sobre a Terra, a tal ponto que até os artistas que fizeram o papel do Messias ou Avatara para o teatro ou o cinema viram as suas vidas seriamente alteradas, o seu pensamento gravemente atingidos nas fímbrias mais íntimas pela personagem divina representada, incarnada num momento cénico reproduzindo a solenidade de um momento único no Teatro da Vida, assim mesmo realizando o mais elevado sentido último dessa palavra Teatro, que é dizer, “Acto Divino” (Theos+Acto).

A Tradição Iniciática das Idades revela o Senhor Jesus o Cristo como um dos raríssimos Seres que alcançou os mais elevados Graus da Disciplina Iniciática – Arani Dhruva Paraemi Paryapti Samyama – muito antes da actual Raça-Mãe Ariana urgir no palco evolucional do Mundo, portanto, na anterior 4.ª Raça-Mãe Atlante, e que quando se manifestou na actual há pouco mais de dois milénios já possuía o elevado galardão espiritual de Bodhisattva ou “Budha de Compaixão”, algo equivalente à 7.ª Iniciação Real correspondendo ao estatuto de Supremo Instrutor do Mundo cuja Palavra Viva até hoje fá-lo o Salvador de Homens e Anjos cuja tónica de Amor-Sabedoria revela-o Avatara Integral da própria Segunda Hipóstase do Logos Planetário e, consequentemente do Logos Solar agindo por aquele. Este Cristo Cósmico ou Universal é mais que o Jesus Homem, é a própria Presença Divina agindo pelo seu veículo privilegiado, é o Avatara no Avatarizado, ou ainda, o Espírito de Verdade manifestado no corpo eleito.

Quando o Bodhisattva ou Christus manifestou-se através de Jesus há dois milénios e alguns anos, reproduziu todos os Passos da Verdadeira Iniciação nos principais lances de sua vida, o que os próprios evangelhos sinópticos apontam. Com efeito, a vida do Excelso Mestre (Jeoshua Ben Pandira, em hebreu, ou Tyani Tsang, em tibetano, também chamado Issa e que é o mesmo Jesus) reparte-se por cinco etapas principais representativas das cinco Iniciações Reais que levam do Discipulado ao Adeptado. Tem-se o seu NASCIMENTO no interior de uma caverna em Belém, e tal facto expressa a Iniciação Mineral e a formação do Corpo. Após, o BATISMO no Rio Jordão como Iniciação Lustral ou Líquida – momento singular em que Jesus foi avatarizado pelo Espírito de Verdade descido do Céu ou Sol Espiritual como uma Pomba alva – levando ao desabrochar do princípio Emocional, Psíquico ou Astral. Seguiu-se a TRANSFIGURAÇÃO no Monte Tabor – onde a natureza real do Cristo se revelou aos discípulos – correspondendo à Iniciação Ígnea ou Mental, com o despertamento do princípio afim. Levantaram-se nuvens sombrias e rebentou a tempestade terrível da Tragédia da CRUCIFICAÇÃO – pouco antes, no Monte das Oliveiras, o Avatara abandonava os veículos emprestados do Avatarizado: “Pai, afasta de Mim este Cálice!”, e mais sereno, aceitando o destino fatal próximo qual Cordeiro submisso deixando-se arrastar à imolação: “Que se cumpra a Tua Vontade!” – no Monte Gólgota, instante derradeiro do domínio da Personalidade humana pela Individualidade espiritual cujo fluxo celeste (Fohat) se encontra e cruza com o influxo terrestre (Kundalini) formando o Cruzeiro Mágico da Redenção pela Dor. Este estado é o do Chrestus ou o mesmo Arhat (de Fogo), cuja Iniciação Volátil, Aérea ou Intuicional leva ao despir dos Véus de Ísis, ao penetrar na Sabedoria Oculta doravante Revelada, facto assinalado na cortina do Tabernáculo que se rasgou no momento do último suspiro do Senhor. Mas resta a RESSURREIÇÃO, mensagem maior do Cristianismo, e essa é a Iniciação Asekha, Akáshica ou Etérica como a Quintessência Universal correspondendo à plenipotência manifestada do princípio Espiritual (Jivatma, Nirvânico, Vida-Consciência, etc.) quando o Homem se transforma, de facto e direito, Super-Homem, Homem Divino, Mahatma, verdadeiro Adepto Real ou Mestre Perfeito.

Isso induz a seguinte tabela de correspondências:

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As escrituras do Novo Testamento repetem consecutivamente que Cristo pouco antes de ascender ao Céu (do Segundo Trono projectado na Terra, no Terceiro Trono idealizado na Jerusalém Paradísica que vem a ser Shamballah, o Sol Oculto do Globo, Centro da própria Canaã simbólica, a Asgardi sendo o Mundo de Agharta), prometeu volver sobre a Terra no Fim dos Tempos, isto é, no Final do Ciclo de Peixes e dar início a uma Nova Era que é exactamente o momento intercíclico actual por que passa a Humanidade, vindo restaurar a Boa Lei e instaurar o seu Reinado de 10.000 anos (correspondente ao actual 8.º Ramo Racial) marcado pela concórdia dos povos em franca harmonia mental e coracional. Essa Segunda Vinda ou Advento de Cristo sobre a Terra é a Parúsia, “Presença” em grego, evento anunciado pelo próprio Avatara ou Messias como Paracleto, “Consolador” em grego, em Mateus 24: 27, e como Juiz das Nações, também em Mateus 25:31:46, tomando assim as feições de Profeta ou Pontífice de Deus, como o foi Jesus, e de Juiz ou Monarca de Deus, como o foi Jairo, irmão gémeo daquele, segundo a Tradição Iniciática, ficando o Cristo para os dois como Rei e Sacerdote (Melki-Tsedek, o mesmo Chakravarti, o Kumara ou Planetário da Ronda de quem Ele era a expressão representativa directa). Os Apóstolos deram lugar destacado ao Advento, sobretudo nos Actos 10:42, e nas epístolas (Romanos 2:5-16, 14:10; I Coríntios 4:5; II Coríntios 5:10; II Timóteo 4:1; II Tessalonicenses 1:5; Tiago 5:7). Desde então que Cristo é aguardado, muito mais nos dias angustiosos que o mundo pena sobrando só como derradeira esperança a Sua vinda e o início da Nova Jerusalém…

Mas não é só o mundo cristão que O aguarda. Também os demais povos, através das suas culturas religiosas e respectivas tradições, crêem e aguardam o Seu advento no “Fim do Ciclo podre e gasto” que é o tempo presente, e mesmo dando-lhe nomes diversos conforme as suas culturas, a Essência Divina, o Espírito Avatárico permanece o mesmo… Os hindus referem-se a Kartikeya, o “Guerreiro Celeste”, como o Kalki-Avatara, que cavalga o “Corcel Branco”, a 10.ª derradeira Encarnação do Deus VISHNU – equivalente ao Segundo Logos, o CRISTO UNIVERSAL como a mais lídima expressão do AMOR-SABEDORIA. Os tibetanos falam de Maitreya, os mongóis de Chenrazi, os japoneses de Miroku. Os muçulmanos aguardam o Iman Madhi, os judeus o Messiah, os persas o Sossioh, e finalmente os portugueses o Encoberto, o mais Desejado. Enfim, a esperança no Seu retorno é universal como é a própria Parúsia. Se as profecias dos verdadeiros vates, sibilas, pitonisas, bandarras ou profetas de todos os tempos passados não falharam até hoje, por que haverão de falhar no futuro?…

Convém, no entanto, manter a maior prudência relativamente aos hodiernos lances divinatórios de natureza milenarista e apocalíptica, não raro ambas inextricavelmente juntas, limitando a manifestação da Divindade a dado tempo e lugar, fenómeno afim à ideologia messiânica de grupos humanos distintos mas excluídos do sentido divino do mesmo, onde o tempo e o espaço sagrados são absolutamente distintos do tempo e o espaço profanos, tal qual o Divino é distinto do Humano a todos os níveis no Plano da Manifestação ou Mundo das Formas.

Esse último parágrafo remete-me mais uma vez para o assegurado (por alguns) evento avatárico na data de 28 de Setembro de 2005, que durante cerca de 30 anos repeti exaustivamente via a ser o dia da grande decepção, o que se confirmou não precisando eu ser profeta nem adivinho: bastaram umas poucas noções elementares de Teosofia. O Professor Henrique José de Souza, fundador da Sociedade Teosófica Brasileira (1928-1969), assinalou inúmeras vezes e destinou a data supracitada como marco inicial da ERA AVATÁRICA DE MAITREYA, o CRISTO UNIVERSAL, englobando os já referidos 10.000 anos deste 8.º Ramo Racial destinado a semente ou projecção de uma Nova Raça, a 6.ª, nascida de todas as experiências e valores do Passado. De maneira que “Cristo advirá sobre a Terra” quando o Homem O descobrir ou despertar primeiro em si, no mínimo três quartos da Humanidade vindo a afectar positivamente o quarto que sobeja. Então, com todas as condições físicas e psicomentais criadas por certo Ele advirá sobre a Terra, esta que também estará num estado de matéria diferente, muito mais etérico e vibrátil que o espesso e imóvel actual, em conformidade à conciência global por certo muito mais elevada. Mas em que data, dia, hora e minuto? Todas as que a vã fantasia humana quiser, mas, certamente, naquela que SÓ ELE SABE.

Isso mesmo tive ocasião de responder numa carta remetida em 5.07.2005 para São Lourenço, Sul de Minas Gerais, Brasil: “Se então ou pouco depois (até ao final deste ciclo solar de 35 anos) o CRISTO UNIVERSAL virá ou não virá, bem, só Ele o sabe e de que maneira o fará, certamente não para um homem ou uma organização mas para toda a Humanidade, já que Ele é o Supremo Instrutor do Mundo, de Homens e de Anjos – o Excelso e Divino Bodhisattwa CHENRAZI AKTALAYA MAITREYA.

“Consequentemente, é uma perfeita insanidade pretender a Expressão Viva do ETERNO ser e fazer o que nós pretendemos e fazemos. Mas estamos falando de Deus, do Cristo Universal, e não de um qualquer humano, infalivelmente – ou não fosse humano… – com as suas limitações, doenças, impropriedades, etc., o que é perfeitamente legítimo a qualquer e vulgar criatura humana. Por isso, quando perguntavam ao Professor Henrique José de Souza “como iria agir Maitreya na `sua´ Sociedade?”, ele respondia invariavelmente o mesmo: “Mas Maitreya irá querer saber da Sociedade para alguma coisa?…” Sim, porque Ele vem – quando muito bem decidir e condições humanas hajam para tanto – para toda a Humanidade, e não para uma exclusiva parcela mínima da mesma.

“Os Mistérios da Cristandade ligam-se inteiramente ao escrínio lapidar da Serra Sagrada de Sintra, alter-ego de MARIZ NOSTRUM, como seja o Quinto Universal em consonância com o Quinto Bodhisattva, Jeffersus. É também pecado capital, karma voraz contraído falar e tratar do CRISTO DIVINO como se falasse e tratasse de um qualquer homem simples à mercê das impropriedades comuns da sua natureza Jiva ou, tão-só, Vida-Energia. Por falar em JEFER-SUS (Jeffersus, como herança nominal do Divino avatarizando o humano Jeoshua Ben Pandira há dois mil e alguns anos atrás), fixe-se: CRISTO ou MAITREYA são uma e mesma Entidade. É, como disse atrás, o Divino BODHISATTVA como Supremo Instrutor Mundial de Homens e de Anjos. É o Avatara – Messias, Manifestação do Espírito de Verdade – da Segunda Hipóstase AMOR-SABEDORIA do Logos Solar – o Supremo Arquitecto do Universo – que se manifesta pela mesma Hipóstase do Logos Planetário, o Segundo Trono, em quem está o Sexto Luzeiro AKBEL com MAITREYA representando-O do Mundo Intermediário ou Celeste ao Terreno ou Humano.

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“De modo que, para melhor compreensão didáctica, comporei o esquema seguinte:

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“De maneira que MAITREYA expressando o Mundo Divino ou de BRAHMA, o PAI, se «bicéfala» em dois Aspectos a partir do Mundo Intermediário, aqui como BUDA CELESTE (APAVANA-DEVA) dando expressão a VISHNU, o FILHO, vindo projectar-se no Mundo Humano ou Inferior como BUDA TERRESTRE (MITRA-DEVA), Avatara da Terceira Pessoa, ou seja, SHIVA, o ESPÍRITO SANTO… Isto vale por o FOHAT celeste a «cavalgar» a KUNDALINI terrestre e se torna assim de Consciência Interplanetária e Transcontinental, logo, UNIVERSAL, por ser a antropomorfização da própria SHAMBALLAH – ou SALÉM, WALHALLAH, “Vale de Allah ou Deus”, etc., sendo o “Laboratório do Espírito Santo”, o Núcleo ou Sol Interno do Globo – na Face da Terra, nesta exprimindo ao SEGUNDO TRONO como TERCEIRO TRONO que é!

“De maneira que sendo Três Aspectos no Mundo Mayávico ou das Formas, em verdade é UM SÓ que a Si mesmo se projecta em três dimensões de Ser – Divina, Celeste, Humana. Donde MAITREYA significar “SENHOR DAS TRÊS TRAMAS, MAYAS, MUNDOS”… porque a sua Essência está acima delas, absorvida no ESPAÇO SEM LIMITES do próprio ETERNO, antes, da SUBSTÂNCIA UNIVERSAL (SVABHÂVAT).”

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Repito o que já disse e escrevi reiteradamente desde há tantos anos: a Consciência do CRISTO UNIVERSAL é isso mesmo – UNIVERSAL, Cósmica, “Transcontinental” por abarcar a Terra inteira indo muito além dela. Quando Ele advir sobre a Terra não precisará de ninguém para O anunciar nessa Hora: um e todos os reconhecerão unanimemente pela vibração de AMOR-SABEDORIA de seu Ser. Antes, segundo as Revelações do Venerável Mestre JHS, chuva de estrelas – “lágrimas de São Lourenço” – sobre o Pólo Norte e lavas vulcânicas desde o Pólo Sul, além de outros eventos propiciados pela Grande Hierarquia Branca, indo desfechar num arco-íris que volteará a Terra, anunciarão o Seu advento próximo. Quando? Quando o Homem se dispuser à transformação verdadeira de si mesmo e alguns insensatos finalmente deixarem de brincar com coisas sérias, seríssimas, então, sim, O reconhecerá… porque, afinal, JÁ VEIO… e ninguém O reconheceu! Quem era ou é? AKBEL em forma humana.

Maitreya (मैत्रेय), que em sânscrito significa literalmente o “Amorável”, também quer dizer “Consolo, Consolação. Logo, a Sua presença será consolação espiritual para todos os Munindras”. – In Carta-Revelação de JHS de 27.12.1949, Livro O Despertar de Mahimã. Quando os Rosacruzes e outros Místicos apontam Cristo como “o maior dos Arcanjos Solares, senão mesmo o próprio Espírito do Sol”, a afirmação exige apuramento: descrito dessa maneira simples e exaltada, indica que o Ser Assúrico que é Maitreya chega a confundir-se com o próprio Espírito ou Logos Solar (Surya) de quem é Avatara canalizando as suas energias para a Terra através do Logos Planetário (Bhumi), assim se identificando integralmente ao Segundo Aspecto da Divindade como AMOR-SABEDORIA nisso assumida como o CRISTO CÓSMICO. Trata-se da Metástase Avatárica da Divindade Humana com a Divindade Universal, o que está indicado na sigla cabalística JHS. Ainda no mesmo Livro-Revelação de JHS, na Carta de 19.10.1949, pode ler-se relativamente a esta questão:

“Há um Sol Central Espiritual, invisível e inatingível. Em seu torno Polar gira a sua Primeira Manifestação. Na Segunda, o Equatorial, com o Segundo Aspecto. E o Terceiro Aspecto é o Sol Visível. É uma alegoria bela e profunda. O que chamamos Deus é aquele Centro do próprio Sistema. O que chamamos a Via Láctea (uma lente biconvexa dilatada no Centro) constitui-se de uns cem bilhões de Sóis girando em torno desse Ponto, e ainda todas as galáxias do infinito. É o Sol Espiritual Oculto em seu estado passivo, mas como Causa de toda a Actividade; onde termina toda a Actividade, é onde se encontra toda a plenitude do Ser. É o Logos com as Três Hipóstases, segundo as sábias tradições alexandrinas. As suas Três Hipóstases correspondem a Três Centros: o Sol Polar – o Olho de Dhruva, o Sol Equatorial – Sirius, e o Sol Visível.

“Por isso há referência ao Sol Oculto. A sua Primeira Hipóstase tem como centro a Estrela Polar cujo olhar, desde a Aurora de um Grande Dia, não deixa de estar fixo sobre a Terra. É o Olho de Dhruva. Os pecados que os homens cometem durante o dia podem ser destruídos à noite, se eles meditarem sobre a Luz de Dhruva. É a Vontade. Neste Centro Cósmico, o Princípio da Vontade se manifesta como Espiritual. O Sol Equatorial se identifica com Sirius; é o Cristo Cósmico – o Verbo, o Hálito, o Princípio da Vida. O Princípio da Vontade como o Olho de Dangma, o Verbo como a Boca e as Narinas do Homem Cósmico; o Princípio de onde surge na Terra a manifestação do Espírito de Verdade. Surma é o filho de Surya, o Sol, sob a protecção do Olho de Dhruva. O 2.º Logos tem esta expressão de Sothis, Canis, a estrela que marcava as enchentes do Nilo e que viria a originar o calendário egípcio. O 3.º Aspecto, o Físico, é o Coração do Mundo, é o Grande Centro que irradia as energias electromagnéticas que se liquefazem em nosso sangue. O Sol que vemos foi considerado como uma Potência Feminina. Os indígenas o chamam “A Sol”. Podemos dizer que é o Aspecto Feminino Aditi, a Potência Cósmica Materna que origina toda a Vitalidade ligada à Virgem Maria – o Aspecto Feminino como um Centro Cósmico.

“O 2.º Aspecto é o Filho, o 1.º é o Pai e o Central é o “Motor Invisível”. Com estes Três Aspectos, precisa o Logos agir para se manifestar e através dos quais toma a Forma Vivente: os Pitris Agniswattas (Solares) e os Pitris Barishads (Lunares). Na Grande Ursa, nas Plêiades ou Krittikas, são respectivamente os 7 Irmãos em torno de Amba (a Grande Mãe), e os 7 Pitris em torno do Senhor das Águas, Ambahansi. O Logos manifesta-se através das Três Hipóstases Cósmicas. Para tanto se apoia em duas coisas: Amba e Ambahansi, a Grande Mãe e o Senhor das Águas. Quando Sirius vai tomar forma são as Krittikas, as Ambas ou Mamas, as Plêiades quem o criam, as Amas. Este Ser é Kartikeya, o Guerreiro Celeste. Senhor dos Poderes Cósmicos – Akdorge. É a Segunda Hipóstase com o Nome e a Forma que lhe dão os Rishis e as Plêiades apoiados, respectivamente, na Grande e na Pequena Ursas. E os seus Pais O apresentam na Terra.

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“Estes são os Sóis de Vida – a Mãe, o Filho e o Aspecto Vontade, o Pai. São os Três Aspectos de que resultam Akbel, Ashim, Beloi em relação aos três Astros. O Dragão Celeste, o Guardião dessa região do Guerreiro Kartikeya. É o mistério de Júpiter, Mercúrio e Saturno (J.H.S.) através das Três Hipóstases. Akta-Alaya é a Alma Ungida do Universo – Iaja.

“Assim, em relação aos 3 Sóis o que vemos não é o Surya das tradições indianas. Um Sumo-Sacerdote da Fraternidade Budista do Norte da Índia já esclareceu, em certa ocasião, que Surya é o Instrutor Universal; o 2.º Aspecto liga-se ao 1.º, resultando os 3 Sóis: Pai, Mãe e Filho – uma Forma Única. O Avatara Aktalaya (Maitreya) é a expressão das Três Hipóstases no mesmo Ser.

“O Sol Físico é Allamirah, a Alma da Lua onde esplende o Espírito do Sol, a síntese de todas as Krittikas ou Plêiades que serviu de Hálito para a Terceira Hipóstase.

“O Sol Equatorial corresponde a Akdorge e Aktalaya, o Filho Cósmico. Akbel é a Vontade como Maha-Rishi (isto quando ainda separados). Quando preparados para a Grande Síntese, os 3 Aspectos passam à fusão no Integral, apoiados nos Rishis e nas Plêiades (quando separados nas 3 Hipóstases são diferentes). Daqui a uns 20 anos, Aktalaya estará perfeitamente desenvolvido. Agora ainda é o Filho no Segundo Aspecto. No momento da Síntese, o Primeiro e o Terceiro Aspectos se fundem no Segundo, e Aktalaya passa a constituir uma expressão dos Três Aspectos. E os Seres que nele desaparecem se apoiam nos Rishis e nas Plêiades, como Agniswattas e Barishads (Arcanjos e Anjos), as Colunas Sol e Lua.”

A teologia hindu é pródiga a assinalar as manifestações planetárias do Deus Vishnu ou o Segundo Aspecto do Logos Único através dos seus Avataras, faltando a reaparição sobre a Terra do 10.º, o Kalki-Avatara como o mesmo Maitreya, assim tomado como Avatara Síntese de todas as manifestações anteriores revelado como Omnisciência de Deus. Dos 10 Avataras de Vishnu (Dashavatara), segundo o Rig-Veda, já se manifestaram os seguintes: 1.º Matsya; 2.º Kurma; 3.º Varuna; 4.º Nirshima; 5.º Rama; 6.º Parashu-Rama; 7.º Rama-Chandra; 8.º Krishna; 9.º Gautama. Mas como a Tradição Iniciática das Idades fala num total de 14 Avataras de Vishnu (correspondentes aos 14 pedaços ou expressões de Osíris – o Logos Solar), ter-se-á: 10.º Akdorge (Kalki-Avatara); 11.º Akgorge; 12.º Mitra-Deva; 13.º Apavana-Deva; 14.º Maitreya.

A potencialidade desses últimos cinco Avataras manifestar-se-á em simultâneo porque, em verdade, Ele são UM só, como Bodhisattvas (Akdorge e Akgorge) avatarizados pelos respectivos Budhas (Mitra-Deva e Apavana-Deva), Seres de uma 7.ª Iniciação Cósmica para afins de uma 8.ª Iniciação Cósmica, todos como expressões de um único MAITREYA.

Akdorge Avatara de Mitra-Deva = Plano Físico avatarizado pelo Mental (Avatara de Shiva, 3.º Logos, Omnipresença).

Akgorge Avatara de Apavana-Deva = Plano Emocional avatarizado pelo Intuicional (Avatara de Vishnu, 2.º Logos, Omnisciência).

Aktalaya Avatara de Maitreya = Plano Mental avatarizado pelo Espiritual (Avatara de Brahma, 1.º Logos, Omnipotência).

Maitreya é a Essência Divina de todos os Bodhisattvas e Budhas como Avatara do próprio Espírito ou Atma Universal.

10 Avataras

O Kalki-Avatara de Vishnu, enfim, tem como representação tradicional Akdorge ou o São Jorge cristão, lídima expressão directa do Senhor dos Três Mundos, Maitreya, o Budha-Mercúrio assim apontado por se o colocar na cúspide governativa da 6.ª Raça-Mãe Mercuriana, a Raça Dourada, semente das futuras 6.ª Ronda e 6.ª Cadeia Planetária. Akdorge vem a ser o Desejado ainda Encoberto, o Príncipe do V Império cujo Monarca Universal é o próprio Quinto Luzeiro, o Ishvara AL-DJABAL, o “Todo-Poderoso” ARABEL. É o Messiah aguardado pela raça de Judah, mas colectivamente é o Ex Occidens Lux, o Grande Ocidente Ibero-Ameríndio que já despontou na Nova Aurora do Mundo de acordo com o Novo Ciclo de Evolução Universal.

O Senhor Maitreya é descrito como ocupando actualmente um corpo céltico cujo brilho intensíssimo da sua aura a tudo a e todos se distende fazendo vibrar o mais profundo e transcendente sentimento de Amor. De longos cabelos d´oiro velho, barba em ponta e olhos de brilho transparente com cintilâncias violáceas ou purpúreas, tem uma altura aproximada de três metros e é em Shamballah a irradiação em arco-íris vivo do Amor-Sabedoria de Deus, é a própria corporização do Eterno, o testemunho e garante perpétuo da Aliança de Deus com o Homem. É como diz a letra do Mantram do 2.º Raio de Luz:

Advenha a Energia doce e harmoniosa do 2.º RAIO de Deus, como AMOR-UNIDADE e SABEDORIA-ETERNA!

Que o AMOR-UNIDADE (provindo do Coração Flamejante do Divino Mestre) irradie através do meu próprio Coração assim Iluminado, iluminando, unificando e inspirando a SABEDORIA-ETERNA à Comunidade dos Munindras, e irradie, silenciosamente, da Comunidade dos Munindras a dulcificar as relações humanas!

O AMOR-UNIDADE é a Essência do próprio Universo.

Por Ele, tudo existe.

Por Ele, todos estamos, para sempre, interligados.

BIJAM

Desempenhando a função de Supremo Instrutor do Mundo na cúspide da Hierarquia Planetária ao lado do Manu (Vaisvasvata) e do Mahachoan (Viraj), o Bodhisattva Maitreya e aqueles têm a seu cargo:

MANU:

Poder da Vontade (Pai)

A Política

A Raça

BODHISATTVA:

Amor-Sabedoria (Filho)

A Educação

A Fé

MAHACHOAN:

Actividade Inteligente (Mãe)

A Civilização

A Ciência

O Manu, o Bodhisattva e o Mahachoan mais que personalidades em si são funções determinadas, tipos de energia, formas de consciência específicas. Tome-se o seguinte exemplo: actualmente existem dois Manus. Um, o principal, é o Manu Vaisvasvata da 5.ª Raça-Mãe Ariana, que está no apogeu das suas funções. O outro é o Manu Chakshusa, Legislador da Raça-Mãe anterior, a Atlante, trabalhando actualmente no que resta dela acompanhando-a no balanço final dos aspectos conseguidos em toda a sua evolução.

Também não é demais considerar não dever-se confundir o Cristo com o Bodhisattva. São funções diferentes, embora por vezes um Cristo possa assumir a função de Bodhisattva, como é o caso actual do Senhor Maitreya. Observe-se: o Cristo ou Chrestus é aquele que crestado foi pela prova do fogo da 4.ª Iniciação, correspondendo à Crucificação. Todos que passaram, pois, pela 4.ª Iniciação são Cristos. Mas o Bodhisattva é mais do que isso, por ter alcançado a 7.ª Iniciação como a mais elevada possível aos Seres da Hierarquia Humana com isso tornando-se Christus Universal, na sua relação absoluta tanto com a Terra, como com o Céu e ainda com o Inferno ou Mundo Subterrâneo, a Morada Oculta dos Deuses.

O Mahachoan também tem uma função muito importante. Na sua relação com a Mãe Divina como ideoplasmação do Espírito Santo, o Terceiro Trono, é ele quem supervisiona não só o 3.º Raio de Atributo mas igualmente os 4 Raios subsidiário dele (no todo 7), tornando-o “Supremo Dirigente da Grande Confraria Branca dos Bhante-Jauls”.

Dos esforços espirituais e humanos de 7 Adeptos ou Choans nasce um Bodhisattva, tal como dos esforços de 7 Bodhisattvas forma-se 1 Budha. Pois bem, durante largos milénios e até ao seu Advento o Senhor Maitreya desempenha a função de Bodhisattva da Raça actual e desempenhará a de Budha na futura, sendo sabido dos estudantes de TEURGIA E TEOSOFIA que uma Ronda Planetária comporta 7 Raças-Mães cada uma com o seu Budha e o Bodhisattva, em parte identificados na obra tibetana Kalachakra-Tantra, como sejam:

1.ª Raça-Mãe Polar – Bodhisattva Krakucehanda – Budha Dipankara

2.ª Raça-Mãe Hiperbórea – Bodhisattva Kanakamuni – Budha Krakucehanda

3.ª Raça-Mãe Lemuriana – Bodhisattva Kasyapa – Budha Kanakamuni

4.ª Raça-Mãe Atlante – Bodhisattva Sakyamuni (Gautama) – Budha Kasyapa

5.ª Raça-Mãe Ariana – Bodhisattva Maitreya – Budha Gautama

6.ª Raça-Mãe Bimânica – Bodhisattva Akdorge – Budha Maitreya

7.ª Raça-Mãe Atabimânica – Bodhisattva Akgorge – Budha Akdorge (Aktalaya)

A Tradição Iniciática afirma que desde 24 de Fevereiro de 1949 o Senhor Maitreya tem projectado as suas energias directamente de Shamballah ao Ocidente do Globo, e que o seu nome é português diverso do conhecido oriental. A aproximação do Cristo Universal e da Hierarquia dos Mestres à Humanidade torna-se mais sensível nos períodos de Plenilúnio sobretudo de Áries, Taurus e Geminis, cujas energias construtivas são captadas directamente pela mecânica templária da Comunidade dos Munindras ou Discípulos do Novo Ciclo a Luzir, dessa maneira colaborando na abertura física e psicomental do caminho ao Advento do Supremo Instrutor do Mundo, Salvador de Homens e de Anjos.

Falando de Plenilúnios ou Luas Cheias, o tema exige a clarificação de alguns tópicos da maior importância relativamente às fases lunares. Como já foi descrito, a Teurgia considera a existência de três Sóis no nosso Sistema de Evolução Universal: o Sol Interior (que vibra no centro da Terra), o Sol Exterior (que vibra no centro do Sistema Solar) e o Sol Oculto (como Oitavo do Sistema) em torno do qual o Sol Exterior se move acompanhado dos planetas. Pois bem, o que se vê no Sol Exterior ou Físico não é senão a manifestação de algo que se esconde dos sentidos comuns, ou seja, o Sol Oculto ou Espiritual, de quem aquele é emanação, reflexo para o nosso Sistema Planetário. Se o Sol Físico é o mantenedor e dador da Vida, é igualmente o símbolo espiritual da Luz da Alma reflectindo a Evolução futura no Presente. Ao contrário, a Lua é um planeta morto, cadáver de um ciclo de existência anterior (Cadeia Lunar) em desintegração, símbolo das experiências do Passado. A verdadeira Lua – Chendra – existiu no Passado e representa a respectiva Evolução.

De maneira que a verdadeira Lua existe no Plano Etérico, é constituída de matéria etérica ou vital e reflecte o Plano Búdhico, Intuicional ou do Espírito de Vida. A Lua iluminada é, pois, o veículo sideral por onde se dimana a Consciência da Alma Espiritual, a Consciência da Hierarquia Branca, a Quinta Essência Divina. Esta expressa-se, por sua vez, como reflexo, no Plano da Hierarquia Oculta, da Consciência do Segundo Mundo Celeste ou Akasha Superior, a Região dos Sete Autogerados ou Logos Planetários, ou seja, o Mundo do Eterno Som ou Verbo do Segundo Aspecto do Logos Solar. Como tal, a Lua exprime a Luz Espiritual da Alma por sua vez flectindo na consciência física. Símbolo da Mãe, a Lua é quem separa o Sol da Terra, o Pai do Filho. Por ela o Filho recebe os Raios Espirituais do Pai, contudo, já diferenciados pelas qualidades impressas pela Mãe. É sobretudo a Lua-Cheia o “espelho mágico” reflector da máxima expressão da Luz incidindo nela. Mas, o que incide realmente nela?

As revelações do Venerável Mestre JHS – Professor Henrique José de Souza – ensinam que o fenómeno da luminosidade da Lua encerra um grande mistério ainda não desvendado pela Astronomia moderna. Intrigados, os astrónomos não sabem explicar certas anomalias que contrariam o seu modelo científico relativamente ao comportamento da Lua. A realidade esotérica é que nem sempre a Lua reflecte a luz do Sol Físico, mas a luz projectada do seio da Terra pelo Sol Interior. A Lua Cheia, como espelho reflector das energias irradiadas do Sol Interno, permite beneficiar de uma ocasião excepcional para receber e dirigir as poderosas vibrações que dimanam de Shamballah.

Shamballah, o Sol Interno da Terra, é “o Sol na Lua”, o transcendente no subjectivo, alimentando todo o planeta com as energias espirituais e materiais captadas e distribuídas pela Hierarquia dos Mestres, outro ponto focal encabeçado pelo Supremo Instrutor do Mundo, o Cristo na sua função de Bodhisattva. É deste segundo Centro ou Foco de Irradiação que fluem as energias transmitidas pelo Cristo à Humanidade, o terceiro Foco, como resposta às suas aspirações e súplicas, e o faz através dos Iniciados e Discípulos estrategicamente dispostos no Mundo e os mais próximos da Hierarquia Humana, aproveitando as energias despendidas nos Plenilúnios indo constituir um canal, cada vez mais apto, à satisfação dos desígnios da Hierarquia Branca.

Acompanhando o Compasso Quaternário marcado pelos ciclos lunares, estes vêm a corresponder às fases de preparação interior do Munindra, como sejam: 1) Lua Nova, o período neutro, correspondendo ao Mental e à APREENSÃO; 2) Quarto Crescente, passivo, a fase de PERCEPÇÃO Emocional; 3) Lua Cheia, activa, sendo a etapa da MANIFESTAÇÃO Física; 4) Quarto Minguante, outra fase passiva de PREPARAÇÃO Emocional, Psíquica ou Astral.

Fases da LuaTal como a Lua Cheia emite para a Terra o Fluxo Vital dos Sóis Sistémico e Planetário, igualmente sucede o Refluxo Vital no Novilúnio ou Lua Nova, portanto, repetindo-se o Fluxo Akáshico ou Etérico saturado de Prana, a Energia Vital afluindo ao Corpo Etérico da Terra e de todos os seres, sobretudo do Homem. Contudo, para a maioria dos ocultistas, por seu distanciamento aparente do Sol e igualmente aparente aproximação da Terra, a Lua Cheia é considerada negativa. Pelo contrário, por sua aproximação aparente do Sol e distanciamento aparente da Terra, a Lua Nova é considerada positiva, assim mesmo tomada como o período de Fluxo e aquela de Refluxo…

Aparentemente estará correcto. Isto por a Lua Cheia reflectir a Luz plena de AGHARTA despendida do seu Sol Interno ou Laboratório do Espírito Santo (Terceiro Logos), a mesma SHAMBALLAH, e que quando se afasta da mesma acercando-se do Sol Externo perde a influência, perde o brilho ficando neutra, torna-se coisa nova, Novilúnio.

Mas face ao Sol da Terra projectando a sua Luz sobretudo pelo Pólo Norte indo reflectir-se na Lua, o Plenilúnio corresponde efectivamente ao Fluxo Vital da Terra ao Céu ou Sol Sistémico, enquanto o Novilúnio ao Refluxo Vital ou “resposta” do mesmo Sol à Terra. Nisto consiste a sístole e diástole do Sol Anímico ou Gravídico do seio da Terra, que é vivo em relação à Lua que é morta, satélite da Terra e não do Astro-Rei. Mais uma vez, confirma-se que tudo quanto acontece no nosso Globo e em relação ao mesmo, só pode ter origem na própria Terra.

Na realidade, do Sol em relação à Terra a Lua Nova emite o Fluxo e a Lua Cheia o Refluxo. Mas também e na suprema realidade, da Terra em relação ao Sol a Lua Cheia emite o Fluxo e a Lua Nova o Refluxo. A bom entendedor…

Fluxos lunaresPor esse motivo, é que a Bênção anual do Rei do Mundo à Hierarquia Planetária e à Humanidade tem a duração não de um momento ou dia mas todo o mês compreendendo as duas lunações principais, começando na Lua Nova de Maio e desfechando apoteoticamente na Lua Cheia do mesmo mês, que para os hindus é o período do Ramayana, para os tibetanos e mongóis o de Wesack, para os judeus o da Neomênia, e para os cristãos o mês de Maria, a Mãe Divina, expressiva do Divino Espírito Santo.

Como disse, há três Plenilúnios que merecem especial atenção pela sua suprema importância para o desenrolar da evolução humana e espiritual da Humanidade, durante os quais a Grande Hierarquia Branca realiza as suas principais Celebrações onde o Senhor dos Três Mundos, Maitreya, tem função destacada deste Shamballah à Hierarquia e à Humanidade. Ou sejam, na Lua Cheia do Carneiro realiza-se a Festa do Cristo, na do Touro a de Buda ou de Shamballah, e finalmente na de Gémeos, a do Mahachoan como a da própria Humanidade, isto é, Páscoa – Wesack – Asala.

Páscoa

Ritual da Páscoa – Lua Cheia do Carneiro

É a Festa do Cristo Vivo, Ressuscitado, do Supremo Instrutor de Homens e Anjos servindo de Pontífice, Ponte, Vau ou Passagem (ou Pessah, em hebraico, significado exacto do termo Páscoa) entre Shamballah ou Salém e a Humanidade postado à cabeça da Hierarquia Planetária. Neste dia é reconhecida a Hierarquia de Mestres, Iniciados e Discípulos que Ele dirige, dando-se ênfase à natureza do Amor de Deus afim ao 2.º Raio de Amor-Sabedoria. Esta celebração é fixada anualmente de acordo com a primeira Lua-Cheia da Primavera (hemisfério norte), constituindo o grande evento espiritual do Ocidente.

Wesack

Ritual de Wesack – Lua-Cheia do Touro

É a Festa de Buda, o Pontífice entre Shamballah na pessoa do Rei do Mundo e a Hierarquia Planetária representada pelo Bodhisattva. O Buda é a expressão da Sabedoria de Deus, a personificação do Pai, do 1.º Raio de Vontade ou Poder, e com isto exprime inteiramente o Desígnio Divino para o Ciclo Planetário em vigência. Por Ele se manifesta o Rei do Mundo que emite a Sua Bênção anual recebida pelo Bodhisattva que a transmite à Hierarquia dos Mestres, por sua vez irradiando-a a todos os Discípulos no Mundo e à Humanidade. Realizada durante muitos séculos, desde a passagem à imortalidade do Sidharta Sakyamuni Gautama, no Vale de Wesack ou “Maio”, no Norte da Índia e fronteira com o Tibete, esta celebração de alcance planetário constitui a principal festividade espiritual e religiosa do Oriente. Também é conhecida como Festa de Shamballah, Festa de Agharta e Dia da Bênção do Chakravarti, o Rei do Mundo.

Asala

Ritual de Asala – Lua Cheia de Gémeos

É a Festa do Supremo Dirigente da Grande Loja Branca, o Mahachoan, ante a Humanidade, com um especial realce no Nepal e Ceilão, correspondendo no Cristianismo à celebração do Corpo de Deus que é a mesma Humanidade, da qual Cristo é o “bom Pastor” dirigindo-a através do Mahachoan, desta maneira sendo pontífice o Bodhisattva e a Humanidade. Asala significa literalmente Junho, mas na realidade correspondendo ao aniversário do sermão onde Buda revelou à Humanidade o Caminho da Libertação do Karma, o famoso Suta-Dharma-Chakrapavatana (literalmente, “O Giro da Roda da Lei”). É a Festa da Humanidade sob o auspício do Espírito Santo, o Terceiro Logos, consequentemente, auspiciada pelo 3.º Raio da Actividade Inteligente. Esta celebração constitui-se numa profunda evocação e demanda, decidida aspiração ao estabelecimento da Fraternidade e Unidade entre o Homem e Deus, o Espírito, representando assim o efeito produzido na consciência humana pelo trabalho realizado por BUDA E CRISTO.

Três FestasOs restantes Plenilúnios formalizam-se em Cerimoniais menores não deixando, todavia, de serem de importância vital. Estabelecem os atributos espirituais na consciência humana, tal qual os três Rituais maiores estabelecem os Três Aspectos Divinos. Desta maneira, os doze Rituais de Lua Cheia constituem a REVELAÇÃO DE DEUS. Por eles, vai se processando a Iniciação Colectiva do Género Humano e cada vez mais se vincando a presença da Raça Dourada ou Crística, facto já caracterizada em boa porção da Humanidade pela superação do Mental pelo Intuicional.

Resta terminar, e terminando dando o remate final o Texto Antigo se firmará na Terra:

O que foi um mistério não o será jamais, o que esteve velado será agora desvelado.

O que foi ocultado agora emergirá para a Luz, aumentará esta Luz e todos os homens a verão e rejubilarão.

Tempo virá em que a destruição terá cumprido a sua obra benfazeja.

Então, agrilhoados no sofrimento, os homens buscarão o que até aí tinham desprezado. Procuravam, numa tentativa vã, o que estava ao alcance das suas mãos.

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A misteriosa História não-contada de Genève (Suiça) – Por Vitor Manuel Adrião Sexta-feira, Abr 12 2013 

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Memória celta de Genève

Os monumentos da época celta não são raros na Suiça e frequentemente são achadas armas e outros instrumentos que pertenceram aos primitivos habitantes da região helvética, havendo também construções líticas testemunhas da religião e cultura celtas, inclusive em Genève (Genebra, em português) e nos arrabaldes desta onde sobressaiem três monumentos cuja memória merece ser conservada: a Pierre aux-Dames, as Pierres e a Maison ou Cave-des-Fées.

A Pierre aux-Dames (“Pedra das Senhoras”) foi achada em Troinex e está hoje no Museu de Arte e História de Genève. Tem esse nome porque estão gravadas nela quatro figuras humanas femininas datadas, provavelmente, do período celto-romano. Tais figuras dando as mãos entre si sugerem o acto de estarem criando uma cadeia energética indo impregnar com as suas energias vitais a pedra, dando-lhe assim um significado especial dispondo-a como sagrada. O facto é que ela fazia parte de um complexo arquitectural com finalidade religiosa ligada a algum tipo de culto necrolático e catalizador das forças telúricas do seio da Terra, isto porque nas suas proximidades existe um tumulus donde foram desenterrados os restos de três seres humanos datados do ano 800 antes da nossa Era, ou seja, da Idade do Bronze, como igualmente foram postos a descoberto vários menires com aproximadamente 5000 anos de idade.

Existe uma lenda relacionada com a Pierre aux-Dames: uma camponesa das margens do Arve que desejava obter um favor das fadas que viviam na “Pedra das Senhoras”, depôs uma jarra de leite entre os rochedos e foi recompensada por isso: uma braçada de folhas de faia apareceu subitamente no seu avental. Embaraçada com esse presente, ela desembaraçou-se dele no caminho de regresso a casa. Quando aí chegou viu que no avental sobrava uma folha de faia que diante dos seus olhos pasmados transformou-se numa moeda de ouro. Uma outra versão diz que as fadas, reconhecidas por um serviço prestado, ofereceram a uma camponesa um cesto coberto com um pedaço de tecido, com ordem de não ver o seu interior senão quando chegasse a casa. Mas a camponesa era muito curiosa e durante o caminho de regresso levantou o pano e viu que o cesto estava cheio de folhas, as quais apressou-se a deitar fora. Chegada a casa, viu assombrada que uma folha colada ao fundo do cesto se transformava numa moeda de ouro.

Pedra das Damas - GenéveCasa das Fadas - Genéve

Memória do passado distante, da Pré-História genevense, igualmente merecem visita os dólmens nos arredores de Genève, entre Voirons e Salève, num conjunto de quatro de que sobrevivem dois, estando alinhados num eixo norte-sul. De todos o monumento megalítico mais septentrional é o dólmen da Cave-des-Fées, em Saint-Cergues. Seis lajes cuidadosamente unidas formam uma câmara rectangular de 3,20 metros por 2,30 metros, e uma abertura a noroeste situada no centro de um dos lados do dólmen permite aceder à câmara sepulcral onde foram descobertas ossadas humanas parcialmente carbonizadas. Os camponeses da região dizem que essa é a “Casa das Fadas”, e assim ficou conhecida até hoje merecendo a visita para quem queira conhecer esta página praticamente desconhecida da História da Suiça e, particularmente, de Genève.

A primitiva população de Genève era a celta da tribo dos Allobroges habitando o território que se estendia dos Alpes ao Rhône e que no ano 121 a. C. foram submetidos ao império romano na época do imperador Júlio César, que escreveu sobre eles nos seus Comentários sobre a Guerra das Gálias. Nessa obra, Júlio César escreve o nome da capital dos Allobroges: Genua, palavra latina inspirada na lígure Gene, raiz do latim Genesus que terá evoluído para o etimólogo actual Genève, cujo significado lacustre é “povo do lago”, ou seja, aquele que vive junto ao Lago Léman sobre as duas margens do Rhône.  A partir do ano 52 a. C., os celtas da tribo dos Helvetes (Helveti, em latim, donde Helvético) vindos do Norte, da actual Alemanha, instalam-se em toda a Gália transalpina, origem da chamada região helvética, e para impedir o seu avanço Júlio César mandou fortificar Genève em 58 a. C., atendendo à sua posição estratégica na região, e foi quando a povoação passou do estatuto de vila a cidade(de vicus a civitas), contudo nunca esquecendo completamente as suas origens ancestrais, sobrevivendo até hoje muitos testemunhos aguardando a visita à, afinal, memória celta de Genève.

O mundo subterrâneo de Genève

Sob Genève há uma outra cidade subterrânea constituída de vastas galerias prolongando-se em várias direcções, aproveitadas no século XIX para guardar e conservar os alimentos devido à frescura permanente nessas cavernas formadas de conglomerados glaciários e sedimentos do rio. Cerca de 1920, com a evolução da refrigeração mecânica, essa utilidade rudimentar cessou, particularmente nas Grutas do Cardeal, situadas a jusante do viaduto ferroviário da Junction, cuja visita não deixa de abismar qualquer pessoa diante da sua estrutura com escadarias, portais comunicando de uma galeria para outra, e abismos que se perdem nas entranhas da Terra. É uma visita obrigatória mas exigindo muita prudência, o que requer a companhia de um guia experiente.

Na colina do Bois-de-la-Bâtie tem-se acesso às Grutas da Torre, cujas vastas galerias subterrâneas vieram a ser cimentadas a partir de 1873 para aí se cultivarem cogumelos. Ao longo de todo o século XX os famosos “cogumelos de Paris” eram originários das entranhas da terra genevense, deixando-se de os cultivar já perto dos anos 80. Estas grutas também são formadas de terrenos do último período glaciário, o Würm, na sua parte superior e pelo Aluvião Antigo na sua base.

O terceiro grupo de cavernas desenvolve-se ao longo do caminho de Chancy, chamadas Grutas de Chancy, situando-se o acesso principal a elas na desembocadura da estrada dos Péniches. Desde a primeira metade do século XIX que fazia-se a exploração de saibro nelas, actividade terminada cerda de 1880.

Apesar de estarem actualmente classificadas como património arquitectónico de Genève, este conjunto de grutas naturais acrescidas de galerias artificiais no século XIX está hoje num estado deplorável com as paredes repletas de grafites e dejectos no solo provocados por grupos marginais que se aventuram nas entranhas da Terra em busca de aventuras impúberes, alguns entregando-se a práticas «esotéricas» mais infantis que sérias, todos tendo em comum a depradação deste património único.

Sem dúvida que as grutas já existiam antes dos genevenses as aproveitarem para fins de utilidade imediata, e pela antropologia das religiões antigas locais descobre-se que o homem primitivo procurava-as como lugares de culto à Mãe-Terra e aos deuses ctónicos, dispondo-as como espécies de hipógeos ou “templos subterrâneos” protegidos por esses mesmos deuses infernais ou do interior da Terra.

Genéve - Gruta de Bois de la Batie (1)Genéve - gruta do cardeal - 1

Com efeito, na simbologia tradicional a caverna é tomada como arquétipo do útero materno, figurando nos mitos de origem, de renascimento e de iniciação de numerosos povos. Sob a designação genérica de caverna, incluem-se igualmente as grutas e os antros, se bem que não haja sinonímia perfeita entre essas palavras. Entende-se por caverna um lugar subterrâneo ou rupestre de tecto abobadado, mais ou menos afundado na terra ou na montanha, e mais ou menos escuro. O antro será uma espécie de caverna mais sombria e mais profunda, situada bem no fundo de uma anfractuosidade sem abertura directa para a luz do dia; no entanto, excluiu-se o covil, guarida de animais selvagens ou de bandidos, cujo significado nada mais é do que uma forma corrupta do símbolo em causa.

A caverna também é considerada como um “gigantesco receptáculo de energia” oriunda do seio da Terra, portanto, de natureza telúrica e não celeste. Por isso, ela sempre desempenhou um papel determinante nas operações mágicas das religiões antigas. Como templo subterrâneo, a caverna guarda as lembranças do Período Glaciário que foi um verdadeiro segundo nascimento da Humanidade. Ela é propícia às iniciações, ao sepultamento simulado, às cerimónias que circundam a imposição do elemento mágico. Simboliza a vida latente que separa o nascimento obstétrico dos ritos da puberdade. Põe em comunicação o homem primitivo com as potências ctónicas (divindades que residem no inerior da Terra) da morte e da germinação ou renascimento.

De maneira que o “mundo subterrâneo” de Genève é um testemunho único da presença humana ancestral cuja religião mágica natural ficou assinalada para sempre neste património absolutamente singular, cuja visita é necessariamente obrigatória.

Temas do Santo Graal em Notre-Dame de Genève

A basílica de Notre-Dame de Genève é o principal santuário católico desta cidade desde que a antiga catedral de Saint-Pierre se tornou templo protestante. Daqui saem os peregrinos que vão a Santiago de Compostela, na Galiza, seguindo a Via Gebennensis ou “Caminho de Genève”, sendo motivo de grande veneração a imagem branca da Virgem Imaculada oferecida a este templo pelo Papa Pio IX em 1937, a qual encontra-se na capela central do deambulatório.

Esta igreja de Nossa Senhora foi construída entre 1852 e 1857 no estilo neo-gótico, em parte inspirada na catedral de Beauvais segundo o desenho do arquitecto Alexandre Grigny. A sua consagração fez-se em 4 de Outubro de 1857 pelo abade Gaspard Mermillod, futuro vigário episcopal de Genève e depois cardeal, e que mais tarde seria expulso da Suiça pelo seu governo. Com efeito, após a chegada ao poder de um governo anti-clerical esta igreja foi ocupada e fechada em 5 de Junho de 1875, acompanhada de manifestações hostis contra os católicos romanos que só a recuperariam em 1911-1912. Finalmente, em 5 de Dezembro de 1954 François Charrière, bispo diocesano, pronunciou em nome do Papa Pio XII a elevação deste santuário ao estatuto de “basílica menor”.

Motivo de grande interesse nesta basílica menor são os seus belíssimos vitrais em Arte Nova que além do sentido confessional relacionado ao culto católico, reservam a mensagem do Sang Greal ou Sangue Real pertinente ao tema do Santo Graal aqui a ver com Clóvis I (466 – 27.11.511) que iluminado pelo Espírito Santo iniciou a Monarquia Sagrada de França como Coração da Europa, motivo este mais que suficiente para o governo helvético repudiar violentamente as pressupostas tentativas encapotadas ou simples simpatias de anexar a Suiça a França.

É assim que aqui aparece retratada num vitral Santa Clotilde (475 – 3.6.545), mulher do rei Clóvis, a quem o Arcanjo São Gabriel terá aparecido e lhe oferecido o lírio (flor-de-lis) como sinal da Providência Divina e da conversão de França ao Cristianismo, motivo para a sua conclamação pela Igreja como modelo da Rainha do Céu na Terra, possuída dos predicatos de Providência e Conversão, ficando reconhecida para sempre como “rainha santa” associada ao Sangue Real de Cristo contido na Taça Sagrada que, aqui, está representada no útero materno da própria rainha de cujo sangue e seiva brotou a dinastia franca dos reis que ao longo das páginas da História a aclamariam Saint Vaisel, ou por outra, o Santo Graal representado nessa mesma Mulher de eleição divina. Por isso, ela aparece neste vitral com o halo da santidade carregando numa mão a cruz da Fé e na outra o ceptro da Realeza, o que se traduz por Realeza Divina e  dando-a como Princesa do Sang Greal, ou por outra, Mãe da geração eleita, portadora do sangue santificado pela Graça do Espírito Santo, que viria a reinar na França desde esse longínquo período merovíngio.

Santa Clotilde - Notre-Dame de Genéve

Se Santa Clotilde é o modelo perfeito da Mãe Divina, esta a Rainha do Sang Greal, Ela aparece num outro vitral onde é coroada pelo Filho, tendo acima a Pomba do Espírito Santo e no topo o Padre Eterno. A Coroação da Virgem equivale à sua proclamação como Rainha dos Céus e da Igreja, a incarnação do Espírito Santo cujo poder manifesta-se pelos sacramentos, sobretudo o da conversão que é o do baptismo, seja pela água da confissão, seja pelo fogo da sabedoria ou entendimento. Neste último sentido, a Coroação da Virgem Maria equivale ao seu reconhecimento como Shekinah, a “Presença Real de Deus na Terra”, tema caríssimo à Cabala judaica incorporado no Cristianismo como “Coroação da Virgem”. A palavra “coroa” é originalmente muito próxima dessa outra “corno”, e exprimem a mesma ideia: a de elevação, poder, iluminação. Uma e outro elevam-se acima da cabeça e são simbólicas do poder e da luz. Este será o significado da coroa crística imposta a Santa Maria pelo seu Divino Filho, pois só se chega a Ele por Ela, tal como só por Ele se chega a Deus Pai. Por esta razão, Maria tinha que ser reconhecida como Rainha do Mundo e do Céu.

A origem do tema “Coroação da Virgem” tem por base o último episódio da vida de Santa Maria, sendo a sequência da Assunção ou Dormição. A sua base bíblica é encontrada no Cântico dos Cânticos (4:8), nos Salmos (44:11-12) e no Apocalipse (12:1-7). O título de “Rainha do Céu” (Regina Coeli) dado a Maria remonta, no mínimo, ao século XII e a São Bernardo de Claraval. O tema foi atraído a partir da ideia da Virgem Maria como o “Trono de Salomão”, que é o Trono de Glória onde a Mãe se senta com o Menino no regaço. Desde então o trono foi assumido cada vez mais como assento da realeza retratando a corte celestial espelhada na corte terrena.

A “Coroação de Maria” é o quinto mistério glorioso do Santo Rosário, cujo fruto é a perseverança, a confiança na intercessão da Mãe de Deus. A Igreja Católica celebra o evento em 22 de Agosto.

Judaísmo macabeu na Catedral de Saint-Pierre

O visitante mais atento da Catedral de São Pedro de Genebra não deixará de ficar surpreendido com a visão geral da capela dos Macabeus repleta de simbolismos e significados ocultos principalmente nas suas pinturas murais, posto estarem em contradição aberta com a religião protestante a que pertence este templo a qual é nada afim ao figurino simbólico característico da religião católica.

Edificada segundo o gosto do gótico flamejante do século XIV quando se a decidiu construir (1397), sendo terminada em 1405-1406, a sua abóbada reparte-se em três corpos com nervuras partindo de medalhões centrais, sendo os seus frescos maravilhosos o que resta do original destinado a capela funerária pelo cardeal Jean de Brogny, que a mandou fazer pondo-a  sob a evocação de Santa Maria, e posteriormente dos Santos Macabeus. Isto quando a catedral era a sede católica do bispado de Genève (Genebra), antes de tornar-se a principal igreja protestante da cidade desde 1535.

Os três corpos da abóbada representam as Três Pessoas da Santíssima Trindade: o Pai é alegorizado no corpo central decorado com Querubins sob um fundo vermelho purpurado, cor indicativa do mais elevado estado de espiritualidade representada por essa Corte celestial a quem se atribui a Sabedoria de Deus, por o seu nome hebraico kerub significar “tesouro” e este ser entendido como o tesouro divino da Sabedoria que dá a potência do entendimento de Deus. O corpo abobadal à direita expressa as qualidades do Filho: sob o fundo azul estrelado em ouro, destacam-se doze Anjos musicais representativos da Harmonia que assiste ao Universo, expressando cada Anjo um signo do Zodíaco simbólico do mesmo Universo. Pelo Som ou Verbo Deus tomou forma, incarnou, como diz logo ao início o Evangelho de São João, “…e o Verbo era o Filho”. É este o significado dos Anjos musicais na abóbada celeste. O terceiro corpo da abóbada, à esquerda, simboliza o Espírito Santo manifestado na Natureza, e por isso o mesmo irradia como Sol Central indo vivificar o Mundo Natural representado por motivos florais multicoloridos sobre fundo azul, esta a cor tradicional da Mãe Divina em quem se manifestou o Espírito Santo, segundo as escrituras sagradas.

Capela dos Macabeus - 1Capela dos Macabeus - 3

O movimento divino impulsionando a actividade terrena está representado abaixo num trabalho em ferro forjado, servindo de grade, onde se vê o circungiração destrocêntrica do Universo tendo ao centro uma flor em cruz representativa da própria Divindade. Tudo isso vem a ser alegoria da cosmogonia cristã desenvolvida pelos padres apostólicos dos primeiros séculos do Cristianismo, ainda muito influenciados pelas ideias metafísicas de Platão e Pitágoras, as principais referências da Antiguidade clássica. Mas também, pelo sentido dominante de movimento, no plano imediato é referência velada a macabeu, isto é, “martelo” (maqqaba), tomando o significado de “acção, movimento”.

Os macabeus eram os “martelos” do Senhor, como alusão à sua força nas batalhas contra aqueles que se opunham ao Deus Único e Verdadeiro de Israel, formando um poderoso núcleo de resistência contra a helenização forçada praticada pelos selêucidas no século II a. C., vindo a fundar a dinastia dos hasmoneus que governou Israel desde o ano 164 a 63 a. C., reimpondo a religião judaica.

A tradição cristã celebra a 1 de Agosto os Sete Santos Macabeus e a sua mãe, cujo martírio é descrito no capítulo 7 do Livro II dos Macabeus, na Bíblia, base da lenda que proveio do Médio Oriente para o Ocidente durante a Idade Média, onde se conta que sete jovens judeus tendo recusado comer carne de porco foram martirizados com a progenitora por ordem do rei selêucida grego Antiochus IV Epiphanio, isto é, recusaram converter-se à helenização preferindo o martírio.

A Bíblia não dá os nomes dos macabeus martirizados nem o de sua mãe, mas as lendas medievais posteriores dão-nos e foi assim que entraram no martiriológio cristão conhecidos como Hanna, a mãe, e Abim, Antoine, Gourias, Eléazar, Eusébon, Akhim (Samonas), Marcel. Esta capela de Saint-Pierre destinou-se originalmente a abrigar as relíquias dos Santos Macabeus, mas a conversão da região helvética ao protestantismo anulou a intenção, ficando só a capela evocativa dos mesmos cujo milagre aqui será o de terem sobrevivido até hoje os maravilhosos frescos que a decoram com magnificência, tornando-a única em Genève.

Os Templários em Genève

O primeiro documento que assinala a implantação da Ordem dos Cavaleiros Pobres de Cristo e do Templo de Salomão em Genève é uma carta de 1196, onde o bispo Anthelme atesta uma transacção entre o convento de Saint-Victor e o templário Nanthelme a respeito de um oratório construído por esse último em Cologny. Sabe-se que o papa havia autorizado os cavaleiros templários a poderem construir livremente oratórios e capelas sem necessidade de as referir às autoridades eclesiásticas. Os terrenos em torno desse oratório ou capela também pertenciam à Ordem do Templo que neles se dedicava à exploração agrícola, e uma outra carta de 1277 cita a presença de um preceptor templário na granja de Bans, dita Cologny, com um capelão ao serviço da Milícia para aí exercer os serviços religiosos.

Com a abolição da Ordem do Templo em 1313 os seus bens imóveis genevenses foram transferidos para a Ordem de São João do Hospital, vulgo dos Hospitalários e depois de Malta, incluindo os da comenda de Cologny, de que ainda sobrevivem alguns edifícios e colunas com gravações da época dos templários, havendo sobre a entrada na granja reconstruída uma cruz de Malta com a data 1636, tendo a desaparecida capela templária desabado em ruínas em 1780. Alguém reconstruiu o portal principal gravando nele a cruz do Templo, em memória do dono original do lugar desde o século XII ao século XIV.

A Casa-Mãe da Ordem do Templo em Genève situava-se nas Eaux-Vives, cujo domínio abrangia a paróquia da Madeleine. Esta importante comandoria templária estava instalada entre a actual Rua de Saint-Laurent e o cruzamento da Rua de Itália e da Rua de Rive. Ela situava-se junto à porta da cidade onde desembocavam os caminhos vindos de Saint-Victor levando a Chêne, e possuía o seu próprio porto privado nas margens junto à colina de Cologny.

Perto da Casa-Mãe do Templo havia a sua Torre-Mãe entretanto demolida em 1864, cuja massa imponente protegia e vigiava todo o espaço entre os portos de Yvoire e de Rive. Haviam canais estreitos entre as casas, os doues, que davam ao lugar um aspecto lacustre. Mais tarde seriam substituídos por ruas pavimentadas : a Rua de la Doue (actual Rua de da Tour-Maîtresse) a Rua du Sange (Rua du Prince) e a Rua du Coq-d´Inde ou do Jeu-de-Paume (Rua du Port). As águas do lago chegavam até à Rua da Croix-d´Or, e da torre templária demolida ficou a memória na palavras esculpidas perto daí: “Genève, cidade de refúgio”.

A igreja de Saint-Gervais, situada na Rua dos Terreaux-du-Temple, terá andado aforada aos bens imóveis religiosos desta Ordem em Genève, facto atestado por várias sepulturas medievais de pressupostos cavaleiros templários que recentemente os arqueólogos desenterraram aí e que podem ser vistas pelo público geral, assim podendo fazer uma viagem desde a História Medieval à Pré-História de Genève.

Templários - Madeleine - GenévePorta com Cruz de Jerusalém - Madeleine - Genéve

A igreja de Santa Maria Madalena também teria sido frequentada pela Ordem do Templo que, inclusive, possivelmente terá colaborado na sua reconstrução prolongada desde século XI aos finais do século XII. Também neste templo genevense pode visitar-se o seu sítio arqueológico onde aparecem sepulcros e restos de construções da época dos templários, além de outras ainda mais antigas. Regista-se ainda numa porta lateral exterior desta igreja a cruz de Jerusalém, por certo evocativa dessa capital da Terra Santa onde a Ordem dos Templários se formou em 1118, com a presença de Hugues de Payens e os seus oito companheiros diante do rei Balduíno II de Jerusalém.

A igreja de Saint-Pierre desta cidade também anda ligada à presença templária, dizendo-se mesmo que terá abrigado nos séculos XII-XIII uma confraria de construtores livres mestres na arte da escultura e da talha, os quais gozariam da protecção da Ordem. Possuindo originalmente a denominação Saint-Pierre-ès-liens, em referência à primitiva basílica romana, a sua cripta data da época dos templários (século XII, quando foi anexada à igreja) e pode ver-se nela vestígios dos mesmos, além de outros da cultura paleocristã da época romano-visigótica. Aliás, na sala do bispo vê-se no chão ladrilhado a cruz pátea igual à do Templo, o que é muito significativo.

Por certo haverão outros vestígios templários nesta cidade que sobreviveram à inclemência do tempo e dos homens, mas descobri-los é aventura que fica ao cargo de quem se perde e se acha no deslumbre único que Genève oferece.

Os bustos misteriosos da Mansão Tavel

Situada no coração da cidade antiga, na Rua do Puits-Saint-Pierre, n.º 6, a Mansão Tavel representa um testemunho único da arquitectura civil medieval na Suiça. É, efectivamente, a habitação privada mais antiga conservada em Genève.

A primeira construção no sítio remonta ao século XII, mas a casa não entrou na posse dos Tavel, família rica da nobreza local, senão no final do século XIII. Em 1334, um grande incêndio consumiu metade da cidade e destruiu a moradia dos Tavel, que a reconstruíram em 1339. A estrutura tomou a feição de casa forte e palácio urbano, e desde então foi considerada a residência mais bela da cidade. Após a extinção desta família no final do século XVI, a mansão passou pelas mãos de diferentes proprietários. Ao nível arquitectónico, as maiores modificações que sofreu deram-se no século XVII e depois no século XVIII, com a demolição de uma das suas duas torres. Classificada como monumento histórico em 1923, a mansão foi adquirida quarenta anos mais tarde pelas autoridades comunais de Genève, transformando-a num museu da história urbana e da vida quotidiana genevense em 1986.

Concebida pelo arquitecto genevense Auguste Magnin, a Mansão Tavel caracteriza-se pelas dez cabeças policrómicas esculpidas na sua fachada dispostas num modelo geométrico (incompleto) que até hoje trazem os estudiosos intrigados. Tais cabeças representarão as dos principais membros da família Tavel  e vêm substituir as tradicionais gárgulas e quimeras que caracterizavam a decoração das fachadas dos edifícios medievais. Assumem aqui, segundo o conceito tradicional, a função de entes protectores do edifício contra as forças do mal e os seus emissários, nomeadamente o Diabo e os seus algozes. Quem era esse Diabo no tempo da família Tavel? Precisamente o Bispado de Genève. Com efeito, na metade do século XIV os Tavel destacaram-se pelo importante papel político-social de oposição à Genève episcopal. Assim, participaram notavelmente de maneira decisiva, por vezes com armas nas mãos, nas lutas de emancipação do Bispado e na constituição da Comuna. Por este motivo, a sua residência era uma casa forte, isto é, um quase castelo.

Mansão Tavel - B

Na fachada destacam-se bustos de figuras masculinas e femininas coroadas, alusivas à nobreza Tavel, e outras não coroadas mas de aspecto distinto e sorridentes, com ar malicioso num trajeito de desdém pelos adversários, no caso as autoridades episcopais, vendo-se também bustos de animais. Do conjunto sobresssai uma expressão de chacota relativa a personagens locais, de crítica social ou dos costumes da época, o que constitui uma maneira de comunicação através de figuras antropomórficas, característica da fase final do período gótico, cujo significado era apreendido pelo povo deduzindo de imediato o conteúdo geral da mensagem assim representada.

As cabeças humanas representam a parte mais elevada e nobre do corpo onde se manifesta a inteligência, e nisto subentende-se  o “encriptado” do seu significado: os Tavel eram mais inteligentes e progressistas que o poder secular episcopal de Genève. Este era denunciado por eles apontando-lhe os seguintes vícios privados tornados públicos pelas expressões escultóricas: luxúria (simbolizada pela cabeça de porco), gula (representada na figura do urso, bastante afectada pelo tempo), orgulho (assinalado na cabeça de leão) e, sobretudo, a ganância (onde a cabeça de cão repete-se duas vezes). Tudo isso sendo uma monstruosidade (representada na cabeça de monstro) psicossocial por parte da Igreja corrupta e corrompida que a família Tavel combateu até finalmente destruir o seu poderio.

O poder Tavel, representado nas três águias armadas do seu brasão, significando a águia a nobreza e o domínio em heráldica, veio a ser a força social mais importante de Genève que a ela deve o impulso vital na marcha avante no caminho do progresso e da emancipação das mentalidades. Nisso tudo reside, afinal, o intrigante significado encriptado dos bustos da Mansão Tavel, até hoje sorrindo desdenhosos da prepotência dos poderosos do mundo que continuam a existir.

Théodore de Mayerne, o alquimista de Genève

Genève foi berço natal de um dos maiores médicos, químicos e alquimistas da Renascença, apóstolo de Paracelso, que deixou a sua marca indelével na Suíça, na França e na Inglaterra: Théodore Turquet de Mayerne.

Nasceu em em Genève no dia 28 de Setembro de 1573 e faleceu em Chelsea, Londres, em 22 de Março de 1654 ou 1655. Nascido numa família protestante genevense, o seu pai Louis, um historiador huguenote francês que fugira de Lyon após o massacre do dia de São Bartolomeu, instigado em 1572 pelos católicos romanos durante as guerras religiososas francesas, promoveu a sua educação nas regras mais estritas do calvismo protestante, encarregando-se disso o seu padrinho que outro não era senão o famoso teólogo Théodore de Bèze, a quem deve o sobrenome. Théodore afirmava que o seu avô chamava-se Jacques de Mayerne, dito Turquet, e que o brasão da sua família remontava ao imperador Frederico Barbarossa (1122-1190).

Mayerne iniciou os seus estudos em Genève, mudando-se depois para a Universidade de Heidelberg, na Alemanha. Mais tarde transferiu-se para Montpellier, no Sul de França, a fim de estudar Medicina, na qual se formou em 1596 recebendo o doutoramento em 1597. Na sua tese, sob a orientação do médico francês Joseph du Chesne (1544-1609), defendeu o uso de medicamentos químicos no tratamento de doentes. Aqui aparece pela primeira vez a aproximação de Mayerne às teorias de Paracelso (1493-1541), o célebre alquimista, de quem Joseph du Chesne era discípulo e terá influenciado decisivamente o notável genevense de quem foi, por sua vez, mestre nos segredos da Farmacopeia, da Química e da Alquimia.

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Como químico e alquimista, Théodore de Mayerne trabalhou com diversos cientistas no desenvolvimento de novos pigmentos extraídos de substâncias minerais coloridas que artificialmente ele desenvolvia, sobretudo a cor púrpura. Nessa época da sua associação com du Chesne e tendo se mudado para Paris em cuja universidade exerceu entre 1600 e 1606, aumentou o círculo de hermetistas e alquimistas em seu redor. Devotos de Paracelso, todos acreditavam estarem reavivando a sabedoria dos antigos filósofos naturais pré-platónico, conhecidos como theologi prisci, onde se incluíam os nomes de Zoroastro e Hermes Trimegisto. A natureza alquímica das suas experiências foi muito criticada pelos seguidores de Galeno que constituíam a maioria e formavam a opinião geral na Faculdade de Medicina de Paris. Mas a eficácia dos remédios químicos descobertos e utilizados por Mayerne, baseado nos escritos de Paracelso, era tamanha que superava as críticas dos opositores, e dentre os seus inúmeros pacientes curados conta-se Armand du Plessis, mais tarde Cardeal Richelieu, a quem tratou de gonorreia em 1605.

Em 1610 mudou-se para Londres e no ano seguinte já era o médico real de James I. Em 1616 foi eleito reitor do Royal College of Physicians, e sem abandonar as suas experiências físicas foi o primeiro a descobrir o “ar inflamável”, mais tarde chamado hidrogénio. Nessa época ainda fortemente dominada pelo senso religioso, considerou-se o “ar inflamável” como o Sopro Ígneo de Deus com que deu início à Criação, conforme as palavras iniciais do Evangelho de São João: “No Princípio era o Verbo…”. Esotericamente isso está correcto, posto que até hoje os alquimistas, nas suas pesquisas sobre os mistérios ocultos da Química, assinalam a presença da Trindade Divina nos três compostos químicos básicos à manutenção da Vida na Terra, como sejam: o Pai manifestando-se como Oxigénio ou Prana, a “Energia Vital” dos orientais; a Mãe expressando-se como Hidrogénio ou Fohat, a “Electricidade Celeste” presidindo à Manifestação Universal; o Filho revelando-se como Nitrogénio ou Kundalini, o “Electromagnetismo Planetário”. Numa escala menor, essas Forças Cósmicas são expressadas pelos três “espíritos alquímicos”, assim chamados por tratar-se da essência dos respectivos elementos: Enxofre para o Espírito; Mercúrio para a Alma; Sal para o Corpo.

Théodore de Mayern faleceu em Chelsea, bairro londrino, e repousa no cemitério de Saint-Martin in the Fields com a maior parte dos membros da sua família. O seu afilhado, Sir Théodore des Vaux, mandou construir-lhe um monumento e publicou as suas notas médicas no livro Praxeos Mayernian, editado em 1690.

Heráldica falante no Monumento Brunswick

Quem chega ao Jardim dos Alpes, em Genève, depara-se com um monumento neogótico junto à Ponte do Monte Branco virado para o Lago Lemano, e poderá estranhar o figurino cenográfico do mesmo parecendo saído dos antigos romances de cavalaria medieval, cujos símbolos e figuras são de heráldica falante, por os temas apresentados remeterem para a condição nobre de quem o mandou fazer ao mesmo tempo que encerram uma mensagem cifrada cujas linhas gerais são agora motivo de análise.

Esse monumento poligonal é o mausoléu do duque de Brunswick, Charles II d´Este-Guelph (Brunswick, 30.11.1804 – Genéve, 18.8.1873), erigido neste jardim em 1879 por vontade testamentária do próprio que doou à cidade uma importante soma de dinheiro, pedindo que em troca lhe construíssem “um mausoléu situado num espaço eminente e digno, executado segundo a concepção prevista recorrendo aos melhores artistas da época, sem consideração pelo preço”. Este monumento fúnebre, da autoria do arquitecto Jean Franel, veio a ser a representação exacta do túmulo da família Scaligeri em Verona, Itália, datado do século XIV.

São muito ricos os materiais utilizados na construção deste mausoléu onde se mistura a pedra e o metal. De formato poligonal com três níveis, estando no do meio o sarcófago do duque visto numa estátua equestre em baixo, que no início estava no topo mas passou para aí por razões de equilíbrio, ameaçando desabar. Como nos túmulos da Idade Média, a estátua jacente do duque tem aos pés o leão heráldico de Brunswick e é rodeada por anjos com asas de ouro. Se o leão representa a força e o domínio como animal representativo do próprio Sol, o astro-rei no Zodíaco, já os anjos de asas douradas expressam a Luz Divina que se pretende ter iluminado a família Brunswick e particularmente o duque Charles II. No geral, o conjunto representa o domínio temporal apoiado pelos poderes invisíveis do espiritual, e o o facto dessa alegoria estar representada aqui justifica-se por Charles II ser o herdeiro legítimo do ducado de Brunswick e de Hanovre, que a Confederação Germânica não lhe reconheceu em 1827.

Monumento Brunswick - 3

Em volta do mausoléu aparecem dentro de nichos vários personagens da família Brunswick como sendo os ancestrais do duque, distinguindo assim a superioridade secular desta estirpe que, nas armas e nas letras, mostrou-se sempre maior que as outras, conforme o entendimento particular de Charles II.

Dois leões heráldicos da Casa dos Guelfos vigiam a entrada da escadaria de acesso ao mausoléu, reforçados por duas quimeras aladas que também montam guarda, cada uma delas tendo diante de si, entre as patas, uma coroa. O conjunto revela a mensagem seguinte: o duque de Brunswick só não alcançou a realeza (simbolizada do leão) porque a ambição dos poderosos não lhe permitiram, ficando a coroa distante de si como uma quimera.

Segundo a mitologia grega, a quimera era um monstro híbrido com cabeça de leão, corpo de cabra, cauda de serpente ou de dragão e que expelia chamas, sendo filha de Tifão e de Equidna e tendo nascido das entranhas da Terra. Foi vencida e exterminada por Belerofonte, herói assimilado ao relâmpago e montado do cavalo alado Pégaso. Esta alegoria representou-se na estátua equestre de Charles II que estava no topo do monumento, expressando que no final era ele o vencedor de todas as quimeras mostruosas nascidas das ambições políticas da sua época que se voltaram contra ele. Foi o que quis dizer e retratar o duque jacente que, por não ter conseguido vencer de frente a quimera, acossou-a e pegou-a de surpresa, ou seja, o que não pôde fazer em vida representou depois da morte, neste seu mausoléu monumental. Originalmente, tanto os sociólogos como os poetas viam na quimera apenas a imagem de torrentes impetuosas, caprichosas como cabras, devastadoras como leões, sinuosas como as serpentes, não podendo ser estancadas por diques e só se conseguindo secar por meio de artifícios: exaurindo as fontes, desviando-lhes o curso. Foi exactamente isso que Charles II de Brunswick acabou fazendo neste monumento concebido por ele: não podendo mudar os acontecimentos históricos, alterou o sentido dos mesmos a  seu favor e da honra heráldica da sua família.

Túmulo maçónico de Georges Favon

O monumento funerário de Georges Favon que está no Cemitério dos Reis de Plainpalais, em Genève, é marcado por uns símbolos estranhos associados à simbologia da Maçonaria e assim mesmo também o próprio jazigo composto por uma pedra erecta em estado bruto, na qual se gravaram os ditos símbolos do esquadro e compasso entrelaçados tendo abaixo a dedicatória dos seus Irmãos da Loja Fidelidade e Prudência.

Com efeito, Georges Favon (Plainpalais, Genève, 2.2.1843 – Plainpalais, 17.5.1902) foi um distinto franco-maçom suiço, inclusive tendo sido Venerável Mestre (ou o que preside) da Loja “Fidelidade e Prudência” desde 1893 a 1895, pertencendo à Grande Loja Suiça Alpina fundada em 1844. Esta Grande Loja representa na Suiça a chamada Maçonaria Regular, exclusivamente masculina, reconhecida pela Grande Loja Unida de Inglaterra (que não reconhece senão uma só Obediência por país). Possui a sua própria constituição, estatutos e regulamentos adoptando o princípio da liberdade absoluta de consciência, “respeitando todas as convicções sinceras e reprovando toda a oposição à liberdade de pensamento”. É assim que “trabalha para a Glória do Grande Arquitecto do Universo”.

A Maçonaria existe na Suiça desde 1736, quando alguns maçons ingleses fundaram em Genève uma Loja chamada Sociedade dos Maçons Livres ou Franco-Maçons do Perfeito Contentamento, indo em seguida fundar em Lausanne A Perfeita União dos Estrangeiros. Em 1769 uma dezena de Lojas reagrupou-se para formar a Grande Loja de Genève, e dez anos depois (1779) o Grande Priorado da Helvética constituiu-se potência maçónica independente. Só em 1844 seria reconhecida “Regular” pela Grande Loja Unida de Inglaterra, e até hoje mantém o sistema de Altos Graus do Rito Escocês Rectificado. Actualmente, a Grande Loja Suiça Alpina conta com 83 Lojas e perto de 4000 membros.

Túmulo de Georges Favon - 2

Sobre o túmulo de Georges Favon ergue-se a pedra bruta do eterno Aprendiz da Maçonaria Iniciática. Ela é a representação das imperfeições humanas que o maçom deve corrigir sobretudo em si mesmo, usando do esquadro da moral superior e do compasso da sabedoria espiritual, ambicionando tornar-se uma “pedra polida”, um ser perfeito capacitado a tornar-se uma “pedra viva” do Templo da Jerusalém Celeste ou o Oriente Eterno, para onde volveu a alma deste distinto suiço que pautou a sua vida política em conformidade com a ideologia social da Maçonaria.

A pedra bruta pode ser comparada à “rocha mãe”, termo que designa a rocha bruta servindo de base para a formação do solo. Ela, por virtude das várias acções naturais, vai-se fragmentando em pedaços toscos que por sua vez se modificam, refinando-se cada vez mais em grãos até poderem constituir um solo fértil onde germinem as sementes.

A pedra bruta é o objecto do trabalho inicial de qualquer construção. Cada pedra é única e liberta-se da sua forma tosca através de um árduo trabalho de aperfeiçoamento, polindo as suas faces, alisando as suas arestas, para finalmente poder ser uma das peças indispensáveis do edifício geral. Este trabalho de aperfeiçoamento não dilui a sua individualidade, pelo contrário, acresce-a, pois consoante a matéria que a constitui terá um papel diferente no edifício construído.

Como há pedras de diferentes materiais, o trabalhar a pedra bruta igualmente significa aprender a conjugar no verbo “construir” os diferentes tipos de matérias, ou seja, as diferentes expressões da actividade física e mental humana.

A superfície da pedra bruta é rugosa e áspera. A Luz ao incidir numa superfície deste tipo é absorvida, tal qual como o Aprendiz que ainda não reflecte a Luz recebida do Espírito da Maçonaria. Apenas quando a pedra bruta é trabalhada, transformando-se em pedra polida, as suas faces lisas passam a reflectir a Luz que nela incide. Assim, a pedra bruta ao ser trabalhada adquire Força por se poder encaixar com outros blocos, Beleza pelo seu equilíbrio de formas, e Sabedoria porque ao reflectir a Luz torna-se ela própria uma forma de Luz transmitida. Tudo isto constitui a mensagem subjacente no singular túmulo de Georges Favon.

Frankenstein nasceu na Villa Diodati

A Villa Diodati de Cologny, junto à margem do Lago Léman, é célebre por ter sido habitada durante o Verão de 1816 por Lord Byron, Mary Shelley, Percy Shelley, John Polidori e muitos outros amigos seus, tendo sido durante essa estadia que foram redigidas as bases dos romances de terror clássicos Frankenstein e The Vampyre.

A mansão era inicialmente conhecida pelo nome de Villa Belle Rive, mas Byron mudou-lhe o nome para aquele da família Diodati proprietária da mesma. Esta família era descendente afastada daquela do tradutor italiano Giovanni Diodati, tio de Charles Diodati e ele mesmo amigo íntimo de John Milton. Se bem que uma placa comemorativa indique um suposta visita de Milton aqui em 1638, a verdade é que a residência não foi construída senão em 1710, muito depois da morte do poeta. No século XX pertenceu a uma família belga de empresários, que a vendeu em 2000 a um homem de negócios americano.

A Villa Diodati também é vedeta no cinema, onde aparece no filme Gothique  com uma versão moderna da mesma. Mas é na literatura que ela se celebriza, sobretudo graças à britânica Mary Shelley, autora do romance Frankenstein que começou a escrever aí, chamando de “Belrive” (Belle Rive) à mansão de Victor Frankenstein. O livro foi editado em Londres em 1818 com o título Frankenstein ou o Prometeu moderno (“Frankenstein or the modern Prometheus”).

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O romance descreve a tentativa de exploração polar por Robert Walton, mas a maior parte da descrição é constituída pela história da vida de Victor Frankenstein, que Walton recolheu morto num banco de gelo, história que não é senão a narrativa pelo próprio Frankenstein transformado em “monstro”, após aquele ter-lhe dado vida artificial por meio de inúmeros tormentos a que o sujeitou, razão do seu grande ódio ao seu criador.

Frankenstein é claramente um romance ocultista. Mary Shelley ter-se-á baseado nas descrições do alquimista e cabalista Cornélio Agrippa (1486-1535), aliás citando-o na sua obra, sobre a antiga lenda judaica do Golem: uma escultura humana feita de argila a quem um sábio conferiu o dom de viver através de um ritual mágico e cabalístico. Porém, a versão mais famosa dessa antiga lenda do Golem, mais conhecido por Rabin Low, atribui a sua criação a uma época muito anterior remontando aos primeiros antecedentes da Génese bíblica, associando-o ao Homem Primordial, Adão, e também ao primeiro dos grandes Patriarcas, Abraão, que o terá construído com um fim benéfico chamando-o terafim, isto é, “ídolo animado artificialmente”, estando assinalado na Bíblia em Génesis, 31,19, em Juízes, 17,5, e em I Samuel, 15,22 e 19,13.

Frankenstein, enquanto criatura artificial, nasce de um desafio a Deus, como um projecto amaldiçoado de um génio que ultrapassa os limites impostos pela condição humana, cujo sentido é a da Ciência pretender substituir-se à Divindade não olhando a meios para alcançar os fins, resultando o desastre da criação artificial de um ser humano repleto de ódio à Humanidade, ou seja, o contrário do terafim que é o títere, “ídolo monstruoso criado artificialmente”, segundo a Cabala judaica.

Enquanto no primeiro caso há Teurgia ou “Obra Divina”, Magia Branca, conformada às Leis da Natureza onde o Homem não se revolta contra a Divindade, antes colabora com o Criador, no segundo caso trata-se abertamente de Goécia ou “Magia Negra”, inimiga da Natureza e da Humanidade. Esse é o “Prometeu moderno”, reflectindo o avanço tecnológico desacompanhado do freio moral, o que leva a desaguar em descobertas precoces que tornam-se inumanas quando aplicadas para fins bélicos, contrários à paz e solidariedade humanas. Foi neste sentido que Koot Hoomi Lal Sing, um dos Mestres Espirituais de Helena Petrovna Blavatsky, fundadora da Sociedade Teosófica, escreveu-lhe em Outubro de 1882 o seguinte: “A Vida enquanto Vida não é somente transformável em outros aspectos ou fases da Força penetrando tudo, mas também pode ser verdadeiramente infundida num homem artificial. Frankenstein não é um mito senão na medida em que é o herói de um conto místico; na Natureza, é uma possibilidade. E os físicos e médicos do futuro longínquo inocularão a Vida e reviverão os cadáveres como hoje se inocula as bexigas e outras doenças mais desagradáveis. O Espírito, a Vida e a Matéria não são princípios naturais existindo independentes uns dos outros, mas os efeitos de combinações produzidas no Espaço pelo Movimento eterno”.

Com tudo isso, merece a visita à bela e agradável Villa Diodati, tendo presente que foi nesse espaço lúdico de Genève que Frankenstein teve o seu berço e onde deu os primeiros passos pesados e trôpegos, saíndo do livro para a celebridade mundial.

Mistério e Tradição no País Basco (Francês) – Por Vitor Manuel Adrião Quinta-feira, Abr 11 2013 

Abbadie - 3

Simbolismo esotérico da cruz basca (lauburu)

Lauburu é o nome que recebe em euskera a cruz suástica de braços curvilíneos que constitui o emblema representativo do País Basco. A sua origem europeia recua aos celtas que através das emigrações dos povos do Oriente para o Ocidente teriam herdado esse símbolo conhecidíssimo em todo o Oriente, particularmente na Índia onde o Hinduísmo e o Budismo faz profuso uso dele.

Foi assim que o lauburu entrou na tradição céltica dos primitivos bascos, mas também asturianos e galegos, chamando ao mesmo de tetrasquel pelos seus quatro braços curvilíneos circum-giratórios. Com efeito, o termo lauburu compõe-se das duas palavras bascas lau, “quatro”, e buru, “cabeça”, portanto, “quatro cabeças”, ou seja, quatro braços dirigidos às “cabeças” ou pontos cardeais do Mundo (Norte, Sul, Este e Oeste) num movimento contínuo. Quando no tempo do imperador Octávio Augusto os romanos invadiram e ocuparam a Bascónia ou País dos Bascos chamaram ao lauburu de labarum, e provém deste etimólogo a denominação popular da estrela cantábrica, de origem celta, chamada lábaro.

Esta suástica basca por seu movimento sinistrocêntrico (da direita para a esquerda) será antes uma sovástica, e se bem que a cultura esotérica hindu e budista desaprecie tal símbolo por representar o movimento oposto ao destrocêntrico (da esquerda para a direita) em que se move a Evolução geral de tudo e todos, ainda assim é representativa do Poder Temporal oposto complementar à Autoridade Espiritual representada pela suástica. Por essa razão a sovástica expressa sobretudo o movimento da Matéria que, por ser limitada, está sujeita à lei da transformação pelo fenómeno natural da Morte. Esta, a Morte, é tradicionalmente representada pela Noite, a Lua, o astro nocturno predilecto dos povos ante-diluvianos ou atlantes que veio a ser regente astral do povo basco, vasco ou “adorador da vaca” que identificavam não como o planeta Vénus mas como a própria Lua cujas hastes do crescente associavam às do cornúpeto. Por este motivo, ainda hoje o País Basco é um grande produtor de gado bovino, herança de um passado longínquo onde se considerava a vaca animal sagrado, tal qual acontece na Índia. Se o basco é povo lunar, já o galego, adorador do galo, a ave do dia, é povo solar, enquanto o asturiano, astur ou assur é povo mercuriano, planeta de natureza andrógina ou bissexual que serve de permeio ao Sol e à Lua, representativos do masculino e do feminino como princípios activo e passivo de que ele, Mercúrio, é o neutro ou equilibrante. Por este motivo de inter-relação esotérica entre as três étnias ibéricas, é que a suástica faz parte da sua cultura espiritual.

Lauburu basco

Como as cores verde e vermelha da bandeira basca são as mesmas que a Tradição Iniciática dá às Energias Celeste e Terrestre chamadas no Oriente de Fohat e Kundalini, será então a suástica expressiva do movimento universal dessa Energia dupla que ao animar a Matéria como electricidade e electromagnetismo vem a ser uma espécie de “incarnação” de Forças invisíveis que se tornam visíveis, alterando-se o movimento giratório dessa cruz celeste tornando-se na Terra sovástica. Por este motivo tornou-se símbolo da Morte, razão pela qual aparece em inúmeros monumentos funerários bascos. Já nas Astúrias e na Galiza (por exemplo, em Grullos, Quirós e Piornedo) ele também aparece, mas com menos frequência predominando a suástica, símbolo da Vida e do Sol. Utilizado como amuleto ou talismã pelos bascos, além das construções funerárias o lauburu também aparece gravado nos frontispícios das casas, para que o mal e a morte não invadam as mesmas. Nisto, é um signo esconjurador mágico de grande poder.

Apesar da sua grande antiguidade, o lauburu só aparece nas bandeiras e outras insígnias bascas desde o final do século XVI ou princípios do XVII. Modernamente é utilizado com profusão como símbolo da cultura basca, com carácter folclórico ou tradicional, e não necessariamente como emblema político, apesar do sentido excessivo que lhe foi imposto e lhe é absolutamente estranho atendendo às suas origens sagradas.

Cruz cíclica de Hendaye

A povoação de Hendaye passaria desapercebida se não fosse indicada como espécie de axis mundi ou “centro axial do mundo” sobretudo graças à misteriosa cruz no adro da sua igreja de São Vicente, edificada em 1598 com duas portas românicas portando as armas reais de França que recordam a assinatura do Tratado dos Pirinéus em 1659. De facto, Hendaye dispõe-se no centro exacto do Golfo de Biscaia, no território ocupado desde há milhares de anos pela etnia basca, e está disposta estrategicamente junto à rota para Santiago de Compostela vinda do Norte de França e atravessando o País Basco.

A chamada “cruz cíclica” de Hendaye, assim encravada estrategicamente dando aso a uma geografia sagrada, parece assinalar tudo isso na profusão dos símbolos que a decoram a ponto de ter levado o alquimista Fulcanelli a dedicar-lhe um capítulo inteiro no seu livro O Mistério das Catedrais. Segundo esse autor, esta cruz também é conhecida por “Monumento ao Fim dos Tempos” e os seus símbolos indicam a passagem da actual Idade do Ferro ou Kali-Yuga, em sânscrito, caracterizada pelo materialismo e o afastamento das leis da Natureza, para a futura Idade do Ouro ou Satya-Yuga, em sânscrito, tipificada pelo espiritualismo e a reintegração do Homem na Natureza por já então cumprir as leis por que a mesma se regula e manifesta. Então, o reinado universal da desarmonia dará lugar ao reinado da Harmonia universal. Trata-se, pois, de uma mensagem apocalíptica mas realçando a esperança num tempo melhor, por certo utópico no presente ciclo profano mas não num ciclo sagrado que é a lógica da mensagem deste cruzeiro.

No travessão horizontal da cruz lê-se a frase latina em letras maiúsculas: OCRUXAVES PESUNICA, anagrama da frase latina O CRUX AVE SPES UNICA, isto é, “Salve, ó Cruz, única Esperança”. A letra S, propositadamente disposta dessa forma que intriga o observador mais atento, é a chave da mensagem ocultada na cristianíssima frase: representa as “lágrimas alquímicas de Cristo”, que é uma expressão usada pelos alquimistas cristãos para definir a destilação ou extracção das virtudes naturais, as da Natureza mas também as da alma humana, durante a fase da Crisopeia ou “Fábrica do Ouro”, esta que em última instância refere-se à Iluminação do Adepto Filosófico, o Alquimista. No alfabeto hebraico o S é a inicial da letra Samekh, com o significado de “serpente de fogo” e associada ao Arcanjo da Luz, que sendo Samael ou Lúcifer exprime astralmente o planeta Vénus, este que os judaico-cristãos associam à manifestação do Messias ou Avatara nos Fim dos Tempos, isto é, na passagem de um Ciclo Planetário para outro. Portanto, a mensagem derradeira desta “cruz cíclica” dirige-se à evocação do Segundo Advento de Cristo sobre a Terra, a Parúsia Universal, com que inaugurará uma Nova Era de Paz e Progresso para o Mundo, e de forma alguma, como querem alguns alheios aos cânones dos Símbolos da Tradição, contendo a mensagem caricata de “2012 – Fim do Mundo” (que verificou-se redundar em absolutamente nada excepto como excelente marketing comercial para muitos que lucraram com os temores supersticiosos alheios de muitíssimos).

As quatro faces do pedestal estão figuradas e igualmente têm dado aso a interpretações fantasistas onde o incongruente é o dominador comum. Numa face, vê-se o Sol antropomórfico cuja boca parece vomitar quatro estrelas postadas nos cantos angulares. Representa a ciclicidade espaço/temporal por que se manifesta a Vida Universal, ou seja, os 4 Ciclos universais assinalados pelas estrelas indicativas dos planetas regentes dos mesmos: a Idade do Ouro (Satya-Yuga) marcada pelo Sol; a Idade da Prata (Tetra-Yuga) assinalada pela Lua; a Idade do Bronze (Dwapara-Yuga) indicada por Vénus; a Idade do Ferro (Kali-Yuga) regida por Marte, cuja beligerância faz-se hoje sentir por toda a Terra. Por isso, o Sol Central, representando a própria Divindade, esboça um esgar de tristeza e repulsa, com o sentido moral de ver a Humanidade sua Criação hoje desavinda entre si e até O renegando. Contudo, a presença do Sol remete ao retorno às origens primordiais, a uma Nova Idade de Luz, à saída do caos intercíclico para a ordem da Harmonia Universal. Donde, o duplo sentido das iniciais INRI também gravadas nesta cruzeiro: se na interpretação teológica imediata significa em latim Ieseus Nazarenus Rex Ieduorum, “Jesus Nazareno Rei dos Judeus”, igualmente significa Ignis Natura Renovatur Integra, “Pelo Fogo se renova a Natureza inteira”. O Fogo de Deus que é o Logos Solar, eterno mantenedor e transformador da Vida Universal, e que é assinalado pelo X no topo da Cruz, inicial grega de Xpõ ou Christus em latim, ou seja, Cristo, “o Verbo que se fez carne”, que se manifestou na Terra.

Cruz cíclica de Hendaye

Noutra face do pedestal, está gravada a Lua crescente com rosto humano. Representa o aspecto feminino da Criação, a fecundidade e a nutrição que mantém e regula os Ciclos de Vida. É algo assim como a “contraparte” do Logos ou Divindade Criadora, que no aspecto mais imediato da religião confessional representa-se em Maria Mãe ao lado do Cristo Filho, incarnação de Deus Pai. Por isso, é aqui representada com rosto antropomórfico. Ademais, volvendo novamente ao sentido de “fecundidade e nutrição”, a Lua postada desta maneira representa tradicionalmente o quinto elemento natural, o Éter ou Akasha, a chamada Quintessência da Natureza e que se associa a Vénus, planeta feminino por excelência segundo os antigos hermetistas que o associavam à própria Virgem Mãe apodada Stella Maris, “Estrela-do-Mar” ou “sobre o Mar”, este figurativo das águas etéricas da Criação. Ainda hoje a ladainha mariana evoca Maria como Stella Maris, que sendo Vénus é considerado tradicionalmente o alter-ego da Terra, tal qual Maria é a Mãe Soberana do Mundo.

Essa prerrogativa é confirmada na terceira face do pedestal, onde se vê uma estrela de oito pontas que é a figuração tradicional dada a Vénus, mas também, aqui, indicadora de ser este um lugar obrigatório de paragem durante a rota compostelana, ou seja, onde todo o peregrino deve reflectir sobre Compostela ou Campus Stellae, o “Campo da Estrela”. Por isto, a estrela de oito pontas também representa a Cavalaria Espiritual, ou por outra, o Companheirismo que caracterizou os antigos monges-construtores e igualmente os peregrinos jacobeos, adoptando o caminho quer como forma de expiação dos seus pecados, quer como via para alcançar a Iluminação marcada pela Estrela do vasto Campo de suas almas peregrinas sedentas de Luz.

Finalmente, na quarta face do pedestal vê-se uma cruz dentro dum oval e em cada quartel uma letra A. Será a inicial da letra grega Alpha, como igualmente da letra hebraica Aleph, ambas com o mesmo significado de “início, começo”, em latim initio, aqui certamente o das quatro Idades tradicionais do Mundo que o oval com a cruz assinalam, pois que é o símbolo tradicional do planeta Terra, como seja, uma cruz dentro de um círculo.

Aliás, da forma mais simples e imediata cada uma das quatro faces do pedestal marca uma Idade do Mundo: a face com o Sol a Satya-Yuga; a face com a Lua a Tetra-Yuga; a face com a Estrela ou Vénus a Dwapara-Yuga; a face com a Terra afligida por Marte a Kali-Yuga. O cruzeiro no topo expressa o retorno da Humanidade à Idade de Ouro, a uma nova Satya ou Kryta-Yuga, a “Arcádia dos Deuses”.

A estranha via crucisde S. Salvador d´Iraty

A capela de São Salvador de Iraty, situada no topo da montanha na comuna de Mendive, é de fácil acesso e constitui uma etapa obrigatória no caminho para Santiago de Compostela que atravessa a vila próxima de São João ao Pé da Porta. Todos os anos, pela festa da Ascensão do Senhor, realiza-se uma importante peregrinação até ao templo de São Salvador. Trata-se de um edifício românico do século XII que no século XIII aparece referido nos documentos com o nome de Sanctus Salvador juxta Sanctum Justum, sendo que a partir de 1460 ficou definitivamente conhecido como Sent-Saubador (São Salvador).

Esta capela pertenceu à comendadoria de Apat Ospitalea (São João o Velho) da Ordem de Malta, que por sua vez dependia da de Irissarry (Iraty). Sobre a chave do arco da porta oeste, acompanhada da inscrição INDART, lê-se a data 1727, que corresponde à da restauração deste templo feita a pedido de Jean Oxoby-Indart, cura de Béhorléguy, quando se fizeram algumas modificações nele. O que não se modificou e permanece envolto em mistério é a sua estranha via crucis e as lendas sobrenaturais que tornam ainda mais misterioso este lugar.

A via crucis dispõe-se em volta da capela num total de 13 cruzes, marcando as estações da subida ao Calvário de Jesus Cristo. Cada estação é representada por uma coluna ou peanha suportando um caixilho de pedra contendo a inscrição Estacionea (“Estação”), o número da mesma e uma cruz basca, tudo encimado por uma cruz de ferro. Começa aqui o mistério: a via crucis ou “caminho da Cruz” é assinalada por 14 cruzes e não por 13. Falta a 14.ª cruz, a do “enterro de Jesus”. Por que ela não figura aqui, tornando a via incompleta? Porque para a devoção basca a São Salvador de Iraty o Senhor não morreu, o seu enterro por curto espaço de tempo foi episódio de somenos importância comparada sua à Ressurreição e Assunção com a promessa de Advento no Final dos Tempos ou do Ciclo de Humanidade. Por isso é que se vê na última estação ao lado da Cruz à direita um Sol estilizado à esquerda. Representa o Triunfo da Cristandade Iluminada sobre a lei da morte ou da fatalidade, já que Cristo é o Sol da Vida.

Além disso, o significado cabalístico do número 13 de cruzes em volta da capela sugere uma função mágica destinada a protegê-la das influências maléficas dos principais 13 espíritos do mal que tentam impedir o Segundo Advento de Cristo sobre a Terra, tendo em mente que o 13.º capítulo do Apocalipse é o do Anticristo e da Besta. Se o número 13 é o da Morte, esta é anulada pelo número 14 representado pela própria capela de São Salvador, o que mata a Morte e impõe o reinado eterno da Vida. Nisto, Cristo é o próprio 13.º Sol Espiritual tendo em sua volta os 12 signos zodiacais assinalados pelos 12 Apóstolos. Assim, também, o sentido maléfico do número 13 é fatalmente sobreposto pelo seu significado mais elevado de protecção e alento das almas na fé no retorno do Senhor.

S. Salvador de Iraty - 3

Ao significado da batalha apocalíptica entre Cristo e o Anticristo relaciona-se a lenda do candelabro do génio sobrenatural Basa Juan, que está no interior desta capela. Trata-se de uma peça de ferro e cobre enegrecidos que, segundo a lenda, originalmente era de ouro puro e brilhante. Certo dia, estando o génio distraído na sua caverna, um pastor audacioso entrou nela e roubou o candelabro de ouro. Basa Juan perseguiu-o de imediato e só se deteve à porta desta capela de São Salvador onde o pastor procurou refúgio, sabendo que os génios e outros espíritos são detidos pelos símbolos sagrados dos lugares religiosos. Aqui, o círculo protector da capela foi o próprio circuito de cruzes. Basa Juan vem a representar a Besta apocalíptica e o pastor aquele Pastor de Almas, o próprio Cristo, que no Final dos Tempos, diz a lenda, devolverá a Luz áurea ao candelabro encantado. O povo basco francês, com as suas rivalidades com o povo basco espanhol, também conta que esse candelabro está enegrecido porque certa ocasião os espanhóis atacaram Mendive e incendiaram este lugar de culto, o que não está absolutamente provado senão na lenda.

Tudo isso é representado pela imagem de São Miguel esmagando o Dragão do Mal ou o próprio Diabo que se vê dentro da capela. Representa igualmente o domínio pelas forças celestes das energias terrestres ou telúricas, servindo o templo de pólo de atracção e encadeação de ambas as forças, neutralizando-as, ou melhor, equilibrando-as entre si através dos cruzeiros plantados no solo, com a função de reguladores e distribuidores das energias atraídas.

Essa interpretação geo-celeste é corroborada pela Xaindia, isto é, a Santa, uma pequena estatueta de madeira policromada muito antiga representando uma jovem com o braço esquerdo levantado ao céu e o direito dirigido à terra tendo mão uma enxada. Encontra-se numa pequena construção quadrada, espécie de nicho, junto à capela. A sua postura sugere que está evocando tanto as forças de cima como as de baixo, assim representando a Santa o próprio “Espírito” desta Montanha de São Salvador, o chamado Genius Loci, “Génio do Lugar”. A lenda conta que ela, certa noite em que saiu de casa para procurar a enxada, foi agarrada por génios do ar e levada pelo espaço, mas ao sobrevoar esta capela, proferiu uma prece a São Salvador e os génios depuseram-na docilmente no chão, onde hoje está a sua imagem.

Salveterre-de-Béarn: a ponte da lenda

Desde a ocupação romana que a ponte de Salvaterre-de-Béarn, situada na margem direita do rio do Oloron, é uma das principais vias de acesso do País Basco Francês a Espanha, e durante muitos séculos foi pomo de discórdias e disputas entre as duas regiões francesa e espanhola. Quando as armas e a política falhavam ficando empatadas ambas as partes, os nobres recorriam à magia e feitiçaria contratando os bruxos de ambas as margens do Oleron que lançavam feitiços uns sobre os outros, os bascos franceses amaldiçoando os bascos espanhóis e vice-versa, tudo por causa da soberania política de uma parte sobre a outra, ficando a ponte encantada por tantas maldições enviadas através dela por ambos os lados.

Foi nesse ambiente mágico de rivalidade geopolítica que nasceu no século XII o nome por que até hoje é conhecida esta edificação fluvial: ponte da lenda. Uma velha crónica escrita pelo Abade Menjoulet conta o milagre de Sancie, soberana de Béarn, que sofreu no Oleron “o Julgamento de Deus pela água”: em 1170 a viscondessa Sancie vivia no castelo de Sauveterre-de-Béarn e estava de esperanças, grávida da sua primeira criança que garantiria a continuidade desta linhagem basca francesa, facto que trazia o povo contente aguardando ansioso o momento feliz do parto. Entretanto, o seu esposo, o jovem visconde Gaston V, havia partido para o outro lado dos Pirinéus para participar na cruzada contra os mouros na Península Ibérica. Sancie deu à luz um rapaz, mas o recém-nascido, disforme em todo o corpo, morreu no momento preciso em que se deu a morte de Gaston V em terra espanhola. A morte da criança provocou então uma viva reacção das gentes de Sauveterre-de-Béarn, e começou a correr o boato de que Sancie praticava a feitiçaria. A morte da criança seria, pois, uma punição divina! O tumulto foi tão grande que os barões béarnais e os notáveis da cidade, desamparados, remeteram-se ao rei Sancho de Navarra, irmão de Sancie. Este veio a Sauveterre e, perante a situação, tomou a decisão brutal de subtmeter a sua irmã ao “Julgamento de Deus”. Assim, numa manhã fria de Fevereiro, vestida só com um robe branco e com os braços e as pernas amarrados, Sancie é levada até ao meio da ponte onde a esperavam o rei, o bispo, os nobres e apopulação, num total de mais de 3000 pessoas. Após ter sido interrogada pelo bispo, a infeliz foi violentamente agarradas pelos soldados e precipitada nas águas tumultuosas da ribeira do Oleron: se sobrevivesse à prova era inocente, mas se perecesse era culpada.

Sancie desapareceu sob as águas, arrastada pela corrente violenta. Mas subitamente, sobre um banco de areia, a três tiros de flechas da sua queda, ela reapareceu, inconsciente mas viva. Então, a notícia do milagre percorreu a povoação: Sancie estava viva! Sancie era inocente! Conduzida de novo diante do bispo, este deu-lhe a bênção e declarou-a oficialmente inocente. Foram organizadas grandes festividades na cidade e em agradecimento à Virgem Maria, Sancie ofereceu a Nossa Senhora de Rocamadour um rico manto coberto de pedrarias bordado com fios de ouro. Sancie reinou longo tempo em Béarn, honrada e amada por todos os béarnais.

ponte de Béarn - 3

Essa lenda explica-se à luz das rivalidades geopolíticas da época que opunha a nobreza francesa à espanhola, com esta acabando por respeitar a autonomia e independência daquela representada na própria viscondessa Sancie. Aos poucos as rivalidades foram serenando e aumentando a fama da ponte como ponto de passagem de França para Espanha dos peregrinos de Santiago de Compostela. Chegou mesmo a construir-se, no século XIV e sob a regência de Gaston III de Foix-Béarn (dito Gaston Fébus), um hospital para socorrer aos peregrinos, junto à ponte que passou a chamar-se ponte do hospital, sendo melhorada com uma escadaria de acesso a uma ponte levadiça e uma pequena torre onde se cobrava portagem aos transeuntes, excepto peregrinos.

De 1525 a 1725, a ponte recebeu ainda vários melhoramentos (já antes, no século XIII, ela recebera consideráveis melhoramentos sendo fortificada sob a governação de Gaston VII de Moncade, senhor de Béarn, quando ficou conhecida como ponte maior), mas em 1732 um violento caudal da ribeira do Oleron derribou boa parte da sua estrutura que nunca mais foi reconstruída ficando tal como hoje se vê, revelando os últimos vestígios desse aspecto da arquitectura militar medieval.

O javali da fonte encantada (Salies-de-Béarn)

Salies-de-Béarn foi fundada por um javali, diz a voz popular apontando o lugar onde foi encurralado e morto e lá está se esculpiu a sua cabeça que se tornou símbolo da cidade: a fonte do javali (fontaine du sanglier).

Segundo a antiga lenda de fundação de Salies-de-Béarn, cerca do ano 1000 uns caçadores perseguiram um grande javali que vivia na floresta que era toda esta região. O animal refugiou-se num atoleiro onde foi emboscado e morto por uma lança atirada à distância. Chegando junto dele, viram que o javali estava coberto por uma película branca de cristais produzidos pela evaporação da água cristalina que brotava de uma nascente no solo. Havendo água que se verificou ser medicinal, e sendo o terreno propício para a agricultura e o pastoreio, em breve as pessoas começaram a ir viver junto desse manancial líquido e foi assim que a cidade nasceu e cresceu, tudo graças ao javali da lenda.

Essa água é pura de origem marinha. Ela brota em Salies há mais de 200 milhões de anos estando a sua origem a 5000 metros de profundidade. É duas vezes mais salgada que a água do mar estando carregada de numerosos sais minerais e oligo-elementos, notadamente o magnesium (anti-fadiga) e o lithium (anti-depressivo). É um dos raros sais do mundo a ter tantas boas bactérias halófilas extremas, vivas, os famosos BHEV que dão o seu sabor particular ao sal e que têm uma acção benéfica sobre o corpo humano.

Por isso, lê-se em gascão (béarnais) as significativas palavras inscritas na fonte do javali, obra de 1927 postada num ângulo da Praça do Bayaà de Salies-de-Béarn: Se you nou y eri mourt, arres n´y bibere, “se eu não fosse morto, ninguém viveria”.

javali de Salies-de-Béarn - 2

Essa frase dispõe o sacrifício do sanglier como indispensável à sobrevivência dos homens, e de facto o nome francês do animal decompõe-se dois termos afins a este tema: sang, “sangue”, e glier ou glider, “suporte”, ou seja, “sangue que suporta”, que dá a vida. Por outro lado, se palavra francesa bourbier significa “nascente”, já a semelhante a essa, bourbelier, traduz-se exactamente como “peito do javali”, o que remete, mais uma vez, para a disposição sacrificial do animal, este que na cultura religiosa hindu é identificado a Vahara (javali) como incarnação do Deus Vishnu (equivalente ao Filho na teologia cristã) e o qual é montado por todos os Bodhisattvas ou “Budas de Compaixão” que se deixam sacrificar pelo Bem da Humanidade, algo assim semelhante ao Cristo ou Chrestus da religião do Ocidente.

Por esse motivo o javali era considerado animal sagrado pelas mais antigas religiões, sendo que entre os celtas que viveram nas imensas florestas do Béarn era o símbolo da Autoridade Espiritual detida pela sua casta sacerdotal, a druida, encarregue da instrução e manutenção espiritual do povo. A perseguição e morte do javali pelos caçadores, certamente será a alegoria da religião celta perseguida e exterminada pelos cristãos que vieram a simbolizar o demónio na figura do javali e até do porco, por expressar a cultura ancestral antagónica à sua muito recente, pois a colonização cristã só se torna eficaz praticamente após o século V d. C. com a queda do império romano, enquanto os celtas recuavam ao período da Proto-Histórica cuja cultura já existia nas Idades do Bronze e do Ferro.

Confundido com o porco, do qual, aliás, pouco se distingue (os celtas tinham varas de porcos que viviam praticamente em estado selvagem), o javali constituiu o alimento sacrificial da festa céltica de Samhain, correspondendo à festa das colheitas realizada em 31 Outubro – 1 de Novembro, e era o animal consagrado a Lug, deus supremo do panteão lígure e celta. No grande banquete de Samhain o alimento principal era a carne de porco, e em vários relatos místicos fala-se de um porco mágico que nos festins do Outro Mundo permanece sempre assado e nunca acaba. O pai de Lug, o deus Cian, transforma-se no porco druídico, o javali, para escapar aos seus perseguidores, porém, morre sob forma humana. Isto significa a passagem dos valores da religião celta à religião cristã, facto figurado localmente por Saint Théodore de l´Alliance (São Teodoro da Aliança) e também por Saint Martin (São Martinho), corruptela do galo-romano Moccus, “porco”, um dos epítetos dados ao deus Mercúrio cuja função principal é servir de intermediário entre Deus e o Homem, tal qual o sacerdote hindu, celta ou cristão, onde o javali é o símbolo da sua autoridade recebida após a reclusão na floresta, o retiro espiritual em alguma caverna ou eremitério, para que depois, possuído do saber adquirido na fonte da espiritualidade, possa nutrir, alimentar a todos, corpos e almas, com a água da vida física sustida pela da vida eterna.

Simbolismo hermético no Hôpital Saint-Blaise

A igreja do Hôpital Saint-Blaise (São Brás) situa-se no limite do País Basco e do Béarn, junto ao caminho de Santiago de Compostela, e a sua origem recua ao século XII quando aqui havia o “Hôpital de la Miséricorde” (Ospitále Pía, em basco, “casa grande”, possível referência à primitiva abadia beneditina de Sainte-Christine) entretanto desaparecido, só sobrevivendo este templo classificado como monumento histórico desde 3 de Março de 1888 e entrado no património mundial pela UNESCO em 1998.

Fundada em 1120, esta magnífica igreja românico-bizantina que recebeu melhoramentos no século XIII e foi restaurada nos séculos XVII e XVIII, quando se a enriqueceu com o retábulo barroco e outros ornamentos, conserva ainda vestígios dos conhecimentos herméticos dos primitivos mestres construtores que deixaram os sinais da sua ciência secreta nas formas geométricas com que delinearam e alindaram este templo de São Brás, como se vê, por exemplo, na sua cúpula octogonal cujas nervuras configuram uma estrela de oito pontas tendo ao centro a lanterna, obra românica possivelmente inspirada na cúpula da mesquita de Córdova. Sendo a representação tradicional da “estrela” Vénus (a guia dos peregrinos, dos pastores e dos povos nómadas da antiguidade que por ela se norteavam nos seus trajectos), retém sobretudo a sua qualidade de luminária, de fonte de luz. A sua representação na abóbada desta igreja diz respeito, especificamente, ao seu significado e carácter celeste, fazendo com que seja símbolo do Espírito rompendo a obscuridade da Matéria e iluminando a esta, tornando-se motivo da manifestação central da Luz Divina que iluminando o espaço sagrado, numa epifânia que os místicos islâmicos e judeus chamam de Shekinah ou “Manifestação Real de Deus”,  faz deste lugar um centro místico incontornável para quem peregrina na busca da Sabedoria de Deus, perscrutando os sinais da Natureza que os antigos arquitectos iluminados deixaram gravados na pedra muda.

O tema dos conhecimentos herméticos expressos através da geometria sagrada repete-se nos motivos decorativos da janela românica num dos lados exteriores do templo, que está tripartida a guisa de expressar os Mundos Divino, Celeste e Terreno. No cimo, vê-se um trevo em triângulo representativo das Pessoas da Santíssima Trindade (Pai, Filho, Espírito Santo), e abaixo uma corrente em X alusiva ao nome grego de Cristo, Xristós, o “Ungido”, como intermediário entre Deus e a Humanidade. Finalmente, na base têm-se dois pentagramas erectos lado a lado. Representa o microcosmo ou “pequeno universo” humano no estado de perfeição humana e espiritual (por isto apresentam-se em duplos), representando assim a Humanidade regenerada, radiosa com a Luz Divina em meio às trevas do mundo profano, pronta a receber o Messias que também é assinalado pela Estrela Luminosa, como consta na Bíblia no Livro de Números (24, 17). Explica-se assim a presença de uma estrela pentalfa nas moedas cunhadas por Simão Bar Kobba (“Filho da Estrela”), chefe político-religioso da segunda revolta judaica em 132-135 da nossa Era, considerando a mesma como imagem do Messias aguardado.

Saint Blaise - 1Saint-Blaise - 4

Se o tema da Luz predomina no simbolismo geométrico desta igreja, assim também o seu Orago São Brás é considerado um “santo ígneo”. Associado à protecção das guildas profissionais dos fabricantes de velas ou cirieiros, a celebração da sua festa instituída a 3 de Fevereiro é imediata à das Candelárias ou de Nossa Senhora das Candeias, da especial predilecção dos antigos cavaleiros templários que parece terem andado por aqui na sua época. Talvez por esse motivo, se apresente no exterior do lado norte da igreja uma pedra de efígie com a cruz templária repetida duas vezes, utensílios de ferreiro (a arte metalúrgica da forja incandescente) e o nome do autor: Ramon Casanave – 1615. Seria, possivelmente, um adepto conhecedor dos segredos da metalurgia hermética e do significado oculto do Orago local, todo ele ligado ao elemento fogo, facto que o povo local festeja num ritual estranho: nas noites de 3, 4 e 5 de Fevereiro os agricultores e pastores da região lançam os pêlos do seu gado num braseiro aceso ao cair da noite, e dançam em torno da fogueira, evocando o fogo de São Brás para que purifique a eles e ao seu gado de todos os males. Este costume será possivelmente uma reminiscência pré-cristã de algum rito celta também ele ligado à luz e ao fogo mas na pessoa do seu deus Lug, cujos predicados luminosos são os mesmos de Saint-Blaise du Hôpital.

Ao mesmo tempo, não será demais ter em conta que, por mais de uma ocasião, os festejos em honra de São Brás implicam a presença de irmandades devotas (como a de Saint-Blaise du Hôpital que vem em peregrinação a esta igreja todos os anos na data do seu padroeiro), que apesar de já terem perdido o seu carácter original, as suas tradições revelam ainda que teriam se correspondido com antigos colégios iniciáticos, mais ou menos secretos e sempre discretos, entregues à conservação mistérica de certos rituais cujo sentido real seguramente escapava ao povo, ainda assim cumprindo-os em datas predeterminadas, mas que corresponderiam a celebrações perfeitamente estabelecidas num contexto de carácter gnóstico, de conhecimento transcendente possuído, com toda a probabilidade, pelos mestres construtores medievais e por alguns templários e peregrinos de Santiago de Compostela que até hoje continuam a passar por esta igreja basca plantada à beira do caminho.

Saint Marie de Bayonne, Hermetismo e Tradição

A catedral de Santa Maria de Bayonne está situada em pleno coração desta cidade, no centro histórico sobre a colina que domina os rios Adour e Nive. Erguida sobre um antigo templo românico entretanto destruído pelos incêndios de 1258 e 1310, esta catedral foi construída em gótico flamejante nos séculos XIII e XIV, sendo os seus belíssimos vitrais, datados de 1531, já do período da Renascença.

Paragem obrigatória para os peregrinos a Santiago de Compostela, esta catedral caracteriza-se pelas figuras escultóricas que a decoram alusivas aos primitivos maçons operativos ou mestres construtores medievais, tendo deixado aqui os sinais herméticos da sua passagem dando a Arte Real da construção livre, nos moldes da arquitectura sagrada, como inspirada a eles directamente por Deus Soberano do Mundo e do Universo.

A primeira referência à Maçonaria Operativa está num dos lados da entrada da catedral, onde se vê um mestre canteiro com o maço e o cinzel em pleno exercício de esculpir uma coluna. O maço representa o poder, a força, é a acção do obreiro cuja energia, força e decisão são necessárias para que perserve no seu trabalho. O cinzel, que recebe a força dirigida de forma útil e ordenada, simboliza o discernimento, a a inteligência que dirige a vontade. O nome correcto do cinzel, considerando a sua função, será escopro, do latim scalprum, donde deriva a palavra esculpir. O termo cinzel é a raiz de cinzelado, que significa “trabalhado ou executado com delicadeza”. Por este motivo, representa a “coluna” ou princípio da Beleza, que o maçom cria através da pedra modelando-a em formas finas de perfeição artística assim embelezando a construção do templo, e essa coluna esculpida por ele representa, na perspectiva espiritual, o desenvolvimento das suas faculdades morais e intelectuais subordinadas à prudência e à sabedoria, esta simbolizada pela maço, e aquela (prudência) pelo cinzel.

A correlação dos instrumentos de ofício e das suas várias fases de desenvolvimento a princípios espirituais e morais do próprio construtor livre, foi imposta pelos monges beneditinos e cistercienses, que originalmente eram eles próprios monges construtores plantando capelas, igrejas e catedrais como esta de Bayonne no caminho compostelano, para que os peregrinos de Santiago Maior tivessem espaço condigno à prática da meditação sobre o seu aperfeiçoamento interior. Por isto, aparece próxima à escultura do canteiro uma outra de um monge com o cajado e a cabaça de peregrino.

Saint Marie de Bayonne - 2Saint Marie de Bayonne - 1

Herdeiros das ciências herméticas e pitagóricas relativas à geometria e matemática aplicadas à arquitectura com finalidade sagrada, os monges construtores e os mestres canteiros eram considerados pela gente vulgar, despossuída de tais conhecimentos, verdadeiros génios que mais pareciam os anjos de Deus a fazer a “cantar a pedra” para relevar nela a Beleza Divina. Essa ideia dos maçons incarnando os anjos está representada nos inúmeros escultóricos desses com instrumentos musicais, que são as “alfaias celestes” metamorfoseadas, nas mãos dos canteiros, nos instrumentos da sua arte.

Tal como Deus Espírito Santo criou o Mundo da Matéria, representada pela Virgem Maria, também os mestres construtores elevam o Mundo da Matéria à Perfeição de Deus através da sua Arte Real. A posse desta ciência representava-se na barca soprada pela Pomba do Espírito Santo, assim iluminando as mentes dos seus ocupantes infundindo-lhes o conhecimento que fazia deles anjos criadores aos olhos do mundo. É este o significado hermético da barca com os marinheiros santos e a Pomba empurrando a mesma, vista no medalhão colorido na abóbada do transepto da catedral. Essa barca é igualmente a primeira representação do chamado cogue pelos bascos, que ainda em 1304 circulava no Mar Mediterrâneo segundo o cronista toscano Giovanni Villani, mas cujo significado sagrado é o deste mesmo templo ter sido feito segundo o modelo da barca de Deus que iluminou os seus obreiros à feitura de obra tão maravilhosa.

Château d´Abbadie, a Mansão Filosofal

O Château d´Abbadie é sem dúvida a mais estranha, insólita e até bizarra construção arquitectónica que existe no País Basco Francês. Os símbolos, figuras e estátuas que o decoram repletem-se de significados ocultos sob a aparência que já de si também é assombrosa. Desde estátuas de animais africanos e sul-americanos dispostos estrategicamente neste espaço hoje museológico, até ornamentações de natureza esotérica, tudo aqui pauta pela raridade e singularidade.

O estilo neogótico do Château d´Abbadie destaca-se na paisagem de Hendaye (Pirinéus Atlânticos), na província do Labourd, e compreende as seguintes partes principais: a biblioteca e o observatório, a capela e finalmente a habitação. Foi construído entre 1864 e 1879 segundo os planos dos arquitectos e paisagistas Clément Parent, Edmond Duthoit e sobretudo Eugène Viollet-le-Duc, a pedido do proprietário Antoine Thomson d´Abbadie (Dublin, 1810 – Paris, 1897), o famoso explorador dos sertões do Brasil e dos desertos do Egipto e Etiópia (Abissínia) de 1847 a 1858, o que lhe valeu ser eleito membro da Academia das Ciências Francesa em 1867, tendo escrito uma obra importante relatando os resultados das suas investigações no território africano, Geodesia da Alta Etiópia. Além de explorador, foi também astrónomo, antropólogo e linguísta.

Muitas das figuras zoomórficas que decoram este castelo de Abbadie são efectivamente da fauna etíope e egípcia, mas sugerindo um significado diverso do aparente como se repara, por exemplo, no jacaré ou crocodilo do Nilo postado ao lado da escadaria de acesso ao edifício como se fosse o guardião do mesmo. Usando da Cabala Fonética ou Gematria, a palavra jacaré deixa o subentendido de um outro significado além do simplesmente decorativo da escultura: jacaré em latim é jaccare que se relaciona foneticamente ao outro termo latino jocari, “jogar”, ou seja, interpretar a linguagem ou mensagem cifrada que esta e outras esculturas bem parecem velar. Posto assim, o crocodilo simboliza o cosmóforo ou “portador do mundo”, expressando o construtor e transformador permanente da Terra saído do Caos Primordial para a gerar, e assim se mantém, como divindade ctónica e lunar, como aquele que “devora” diariamente o Sol, simbolismo reportando à sua natureza cosmogónica caracterizando-o como o que disseca os ciclos de existência ao mesmo tempo que inicia outros novos, garantindo assim a solução da marcha avante da Evolução Universal. Por isto, é o símbolo fundamental das forças que dominam a morte e o renascimento. Sob o nome Leviatã o crocodilo é descrito no Livro de Jó, na Bíblia, como saído do Caos original, pela razão já apontada. Na teologia do Antigo Egipto, o crocodilo expressava o deus Sobek, devorador das almas impuras indignas de adentrar o Amenti, a região subterrânea dos deuses do panteão egípcio. E aqui, postado à entrada do castelo de Abbadie, por certo figurando o sentido de guardião dos mistérios subentendidos no figurino desta casa, que é exactamente o significado dado pela religião hindu ao temível sáurio a quem chama Makara.

Abbadie - 2 (1)

Nos lados da entrada no átrio deste castelo, imediatamente a seguir ao crocodilo, estão esculpidos dois caracóis que são prolongamento do simbolismo daquele. Devido à sua casca espiralada e por ser considerado universalmente um símbolo lunar, o caracol indica a regeneração periódica: tal como a Lua que aparece e desaparece, ele mostra e esconde os seus chifres, simbolismo esse remetendo para a morte e o renascimento que são o tema do eterno retorno. Significa também a fertilidade devido à espiral que carrega em sua casca, tornando-o representação da teofania lunar, ou seja, da Natureza inteira regulada pelos ciclos da Lua. Nos hieróglifos egípcios, a espiral é representada por um caracol, simbolizando essa figura geométrica tão difundida na Natureza a evolução da Vida Universal. A própria Via Láctea é em forma de espiral, e foi assim que Antoine d´Abbadie quis representar a escadaria espiralóide de acesso ao seu observatório astronómico em cujo topo está desenhado em formas geométricas arabizantes o Universo, tendo inscrito na sua luneta meridiana, feita na Alemanha e que é única, a significativa frase em língua basca: Ez ikuzi ez ikazi, “não vejo, não aprendo”. Mas ele quis ver, quis aprender os mistérios do Universo, e para isso “cavalgou” o caracol, simbolicamente falando de acordo com a frase enigmática dos antigos hermetistas: “Só cavalgando o caracol é que se pode entender o Universo”.

Na balaustrada por cima da entrada no átrio e sob o escudo com o monograma de Antoine Thomson d´Abbadie, desce uma serpente enrolada num obelisco. Domina a paisagem geral e parece destinar-se a incutir o temor de engolir aos “curiosos e profanos” que ousam acercar-se e adentrar, como “almas indignas ou impuras”, o “espaço sagrado” desta notável Mansão Filosofal. À primeira vista, atendendo ao aparente zelo católico do proprietário, poderá tão-só alegorizar a serpente que se enrolou no bastão de Moisés segundo o relato bíblico. Mas atendendo também aos seus outros interesses multivariados, incluindo a hipótese do seu interesse pelo hermetismo tradicional perante o figurino desta escultura que faz parte da arte simbólica hermética, segundo esta a serpente descendo o obelisco representa o encadeamento da energia do constelado celeste à energia telúrica da Terra, representando assim o pólo central das energias geocelestes concentradas neste castelo. Aliás, Antoine d´Abbadie foi um estudioso e investigador das correntes magnéticas da Terra, inclusive estando o seu observatório equipado para detectar tremores telúricos. Por outro lado, atendendo ao carácter místico deste homem singular, a serpente descendo do obelisco pode muito bem igualmente assinalá-lo como um Iluminado pelo Céu, pela Divindade, pois que a serpente na cultura árabe é representativa de Deus Vivificador, Hel-Hay, e é chamada El-Hayyah, a que transmite a Vida, El-Hayat, e isto tanto física como espiritualmente. O Hinduísmo atribui o mesmo significado à serpente, chamando-a Ananta, dizendo que por ela o Fogo Criador de Deus, chamado Kundalini, se manifesta tanto na Natureza quanto no Homem que se purifica e fica apto a recebê-lo e assim ficar Iluminado.

Se Antoine d´Abbadie acaso adoptou secretamente alguma afiliação esotérica aparte do seu postulado católico romano, não será de estranhar por não ser raro muitos Iniciados adoptarem publicamente uma religião confessional e no privado seguirem uma corrente sapiencial, de acordo com as palavras de Cristo destinando “o leite para as crianças (conhecimento exotérico, público) e a carne (saber esotérico, privado) para os adultos”, para que se possa “ler o espírito que vivifica por debaixo da letra morta”.

Levanta-se uma questão: a que Ordem Iniciática pertenceria o proprietário deste castelo? Seria membro da Maçonaria? Não há dados disponíveis sobre isso, tampouco sobre o arquitecto Eugène Viollet-le-Duc, que foi quem deu o gosto neogótico ao imóvel, mas à entrada deste está gravado numa lanterna um A e um V entrecruzados que sugerem o símbolo maçónico do esquadro e do compasso, havendo uma estrela na base da peça que se iluminava quando esta era acesa. Será, pois, a Estrela da Iluminação caríssima à Maçonaria por representar a própria Luz maçónica conferida aquando da Iniciação simbólica, onde o Iniciado renasce como um homem novo, tal qual a Estrela do Natal assinala o nascimento do Novo Messias que foi Cristo. Mas não passa de mera hipótese a eventual afliação secreta de Antoine d´Abbadie na Maçonaria, mesmo não sendo de a descartar completamente. Assim, na leitura imediata o A é inicial de Antoine e o V da sua esposa Virgine, sendo a estrela aquela que ilumina a visão e o entendimento de quem transpõe a entrada, para que não tropece e caia nos degraus do alpendre ainda antes de entrar, coisa que também não é incomum, sobretudo nos dias d´hoje de grande cegueira humana.

Este castelo e o seu proprietário identificam-se à mais bela Obra de Deus feita no País Basco. Daí, conter a legenda basca gravada repetidamente: Jainkoa bera langile on izanagatik, nahi du lankide, ou seja, “Deus sendo bom Obreiro, viu um companheiro de trabalho”. O castelo vem a ser símbolo de protecção, e no seu sentido metafísico o que ele protege é a transcendência do espiritual. Por isto, o castelo branco da iluminação é sinónimo de realização, de um destino transcendente perfeitamente cumprido, após se ter logrado a perfeição divina. É o lugar onde a alma e o seu Deus estarão eternamente unidos e gozarão, em pleno, da sua recíproca e imarcescível presença.